Campos Neto: apesar do furo no teto de gastos com o Auxílio Brasil, panorama fiscal do Brasil “já está melhor”

Em evento realizado nesta sexta (19), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o Brasil tem enorme dificuldade de reduzir gastos, mas, segundo ele, a situação fiscal “já está melhor”. O economista disse que o desvio fiscal provocado pelas ações recentes do governo não foi tão grande.

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“O teto de gastos quase permite gastar mais. Se tenho credibilidade do teto, posso gastar mais hoje e voltar para o teto. O resultado primário em 2022 ainda será bastante bom”, disse Campos Neto, em participação no evento Meeting News, organizado pelo Grupo Parlatório.

Campos Neto reconheceu que é preciso indicar qual é o arcabouço fiscal para frente. “No mercado se pagou um preço muito caro para um desvio (fiscal) que não foi tão grande”, ponderou.

O presidente do Banco Central afirmou também que, apesar da “polêmica” envolvendo o Auxílio Brasil, o panorama fiscal do país melhoro. Campos Neto mencionou, por sua vez, que o Brasil tem se deslocado de seus pares na taxa de juros de 10 anos. “Acho que é um pouco de falta de entendimento do que é o arcabouço fiscal, mesmo com números melhores”, comentou.

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Analisando a curva de juros futuros do País, o presidente do BC disse que os agentes econômicos entendem que é preciso maior aperto monetário neste momento, mas acreditam que será suficiente para conter a inflação. Ele lembrou que o mundo emergente foi mais rápido na elevação de juros, especialmente no Brasil, onde inflação global foi ampliada por elementos internos e tem se disseminado.

Campos Neto ainda repetiu que a desconexão entre a melhora dos termos de troca e o câmbio não ocorreu só no Brasil, mas em outros países exportadores de commodities. “O que explica câmbio descolado é o nível mais elevado de dívida”, reafirmou.

O presidente do BC também destacou o aumento de investimentos de brasileiros no exterior, mas que ainda tem nível baixo. Segundo Campos Neto, há avaliações sobre o que aconteceria com maior internacionalização de investimentos.

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Expectativas de inflação estão desviando da meta, reconhece Campos Neto

Campos Neto afirmou que a projeção atual da autarquia para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, de 2,1%, deve ser revisada para baixo. Ao mesmo tempo, reconheceu que as expectativas de inflação de 2022 estão se desviando da meta, cujo centro é 3,50% e teto, 5,0%. No último Boletim Focus, a expectativa mediana foi de 4,79%. “Pela primeira vez, temos inflação alta importando também inflação mundial. Antes o Brasil importava deflação, é uma dinâmica muito diferente”, afirmou.

Em relação à redução nas projeções de crescimento, o presidente do BC considerou que uma parte tem a ver com o aperto monetário necessário para combater a inflação e outra parte está relacionada às dúvidas em relação ao arcabouço fiscal e ao avanço da agenda de reformas.

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Campos Neto também voltou a defender que o controle inflacionário é um instrumento fundamental para o cenário de melhor crescimento, emprego e renda. “Inflação alta significa falta de funding de longo prazo.”

O presidente do Banco Central destacou que o ajuste monetário global já está em curso e deve continuar, o que torna o ambiente mais desafiador do ponto de vista de fluxos de recursos e o trabalho do BC. “Alta de juros mundiais leva a alguma redução de fluxos. Temos que fazer nosso dever de casa dobrado”, disse.

No evento, Campos também disse que as possibilidades do Pix estão apenas no começo. Segundo ele, foram feitas até agora 30% das funcionalidades. “Quem acha que o Pix acabou, está só começando”, comentou.

Entre as novas funcionalidades, Campos Neto citou a possibilidade de fazer Pix internacional, novidades em relação a pagamentos programados, além da integração com o Open Finance. “O Pix pode ser uma identidade digital.”

(Com informações da Agência Estado)

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Bruno Galvão

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