Burger King Brasil: Três maiores acionistas venderão fatia de R$ 794 mi

Três dos maiores acionistas do Burger King Brasil (BKBR3) vão realizar uma oferta secundária de ações. Segundo um comunicado da própria empresa, a operação pode movimentar cerca de R$ 794 milhões.

Após a divulgação da nota, as ações do Burger King Brasil registraram forte queda na última terça-feira (12). Os papéis da rede de fast-food recuaram 5,08%, avaliados em R$ 22,59.

De acordo com o comunicado, serão vendidos um total de 33.373.621 papéis que pertenciam à:

  • Vinci Capital Partners;
  • Sommerville Investments;
  • Montjuic Fundo de Investimento.

Juntas as empresas possuem 34% do capital da companhia.

De acordo com o cronograma do Burger King, o valor da oferta será fixado no dia 21 de março. No entanto, a negociação só irá acontecer depois do segundo dia útil, contando a data da divulgação do preço por ação. Já a liquidação irá acontecer no quarto dia útil após o comunicado.

Os bancos Itaú BBA (líder), Merril Lynch e BTG Pactual, serão os coordenadores das ofertas.

IPO do Burger King

Burger King Brasil, que opera as lanchonetes do Burger King no País, passou a disponibilizar suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo em dezembro de 2017.

No dia da operação, as ações trabalharam em baixa durante toda a sessão, após a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), ser colocado no teto da faixa indicativa.

A rede de fast-food havia anunciado a pretensão de precificar a oferta entre R$ 14,50 e R$ 18,00. Dessa forma, a marca teria um valor de mercado entre R$ 3,2 bilhões e R$ 4 bilhões.

No entanto, sem o sucesso esperado no pregão, a rede acabou levantando apenas R$ 2,2 bilhões.

Oferta acima do esperado

O valor alto do IPO tinha como objetivo buscar, em primeiro lugar, os investidores internacionais que já conhecem a rede.

Enquanto o McDonald’s, principal concorrente do Burger King, negociava com um múltiplo do EV/Ebitda em 8,4 vezes para 2018, o BK indicava um valor entre 10,5 e 13 vezes.

Embora o BK tenha se tornado o maior concorrente do McDonald’s em apenas seis anos, no comparativo entre as redes de fast-food o McDonald’s ainda matinha a liderança no setor.

Desde que chegou ao Brasil até a realização de seu IPO, o BK abriu 542 lojas e faturava R$ 1,4 bilhão. A receita das lojas abertas cresceu em um ritmo de dois dígitos por mais de um ano.

Mesmo assim, a empresa continua tendo um faturamento por loja muito menor que o do concorrente. Na época do IPO, as lojas de rua da BK obtinham apenas 65% da venda por metro quadrado dos estabelecimentos do McDonald’s.

Dessa forma, a proposta apresentada ao mercado indicava que o crescimento teria vindo em particular da venda de sobremesas. Produtos que possuem o dobro da margem de lucro dos hambúrgueres e combos tradicionais. Todavia, enquanto o McDonald’s tinha 1400 quiosques de sobremesa em todo o Brasil, o Burger King não chegava aos 200.

O BK apresentou um plano de um app próprio de delivery, que já funcionava como piloto em algumas lojas. Segundo os planos, essa função de entrega em domicílios ganharia mais força nos meses seguintes.

No entanto, parte do crescimento da rede BK aconteceu devido a falta de investimento da Arcos Dorados, fraqueadora-master do McDonald’s na América Latina. Algo que gerou dúvidas em muitos analistas do setor.

Além disso, no momento do IPO, muitos analistas apontavam a pouca clareza das contas da BK. Um problema que, por exemplo, deixava o retorno sobre o capital investido (ROIC) como uma incógnita.

No IPO o Burger King Brasil adotou o “cash ROIC”, uma métrica que apontava uma taxa de 25% de retorno. Entretanto, segundo os especialistas, naquele momento o retorno estaria entre 10% e 15%.

Renan Bandeira

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