BC: Campos Neto reforça manutenção da Selic, mas acompanha piora fiscal

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, falou nesta terça-feira (3), durante apresentação exibida em encontro por videoconferência com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), sobre “notícias fiscais” enquanto abordava o tema da inclinação recente na curva de juros.

Diante disso, o BC ressaltou na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) estar acompanhando à piora do quadro fiscal e suas implicações para a política monetária. A autoridade monetária também informou que alterações de política fiscal que interfiram na dívida pública ou comprometam a âncora fiscal poderiam levar a uma reavaliação da orientação futura (forward guidance), mesmo que o teto dos gastos ainda esteja nominalmente mantido.

Campos Neto reforçou ainda que o forward guidance continua vigente, explicando que as previsões para a inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estão abaixo da meta para o horizonte relevante de política monetária, enquanto o regime fiscal não sofreu alterações e as expectativas de inflação de longo prazo seguem ancoradas.

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O presidente do BC também citou a recomendação de cautela na política monetária ao falar do espaço para atuação convencional no caso brasileiro, ressaltando que “devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.

BC avalia inflação acima do esperado, mas diz que “choque” é temporário

As últimas leituras de inflação foram acima do esperado mas esse “choque é temporário”, segundo a análise do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na ata divulgada nesta terça-feira (3).

Os especialistas justificaram que o aumento progressivo observado na inflação é devido à alta nos preços dos alimentos e de bens industriais, consequência da depreciação persistente do real, da elevação de preços das commodities e dos programas de transferência de renda.

“Apesar de a pressão inflacionária ter sido mais forte que a esperada, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”, informou o documento.

Nesta terça-feira (3) o Boletim Focus voltou a elevar a expectativa pela inflação deste ano, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De acordo com a publicação do BC, os especialistas do mercado esperam que a inflação de 2020 seja de 3,02%. Essa é a 12ª semana consecutiva de aumento nas expectativas.

O cenário básico do Copom para a inflação envolve fatores de risco em ambas direções. Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado, notadamente quando essa ociosidade está concentrada no setor de serviços.

“Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional”.

Por outro lado, o prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco, informou o BC.

Com informações do Estadão Conteúdo.

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Rafaela La Regina

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