Caso Americanas (AMER3): Jorge Paulo Lemann e sócios afirmam que ‘desconheciam manobras contábeis’

Desde a descoberta do rombo bilionário nos balanços contábeis, a consequente desvalorização de mais de 90% e o pedido de recuperação judicial da Americanas (AMER3), os seus acionistas de referência não haviam falado sequer uma palavra.

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A situação mudou neste domingo (22), quando Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira resolveram quebrar o silêncio sobre a crise da Americanas – um dos maiores escândalos do capitalismo brasileiro.

Em nota pública, conjunta e que veio de uma assessoria de crise, o trio da 3G Capital disse que desconhecia as manobras contábeis que foram reveladas posteriormente pelo então CEO, Sergio Rial.

“Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal”, diz o trio de bilionários que detém uma participação societária na casa dos 40% na Americanas.

Os empresários também ressaltaram sua confiança na auditoria contábil e no fato de que os balanços passaram com erros por diversos especialistas em finanças e pelo próprio crivo do mercado por anos.

Veja a nota dos donos da Americanas na íntegra

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No dia 11 de janeiro de 2023, por meio de “fato relevante”, a Americanas S.A. tornou pública a existência de significativas inconsistências em sua contabilidade. Desde então, sempre com transparência e imediatismo, vários esforços vêm sendo feitos para o correto tratamento dos desafios que hoje se colocam à empresa.

Usamos dessa mesma clareza para esclarecer de modo categórico e a bem da verdade que:

1) Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país.

2) A Americanas é uma empresa centenária e nos últimos 20 anos foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada.

3) Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade.

4) Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto.

5) O comitê independente da companhia terá todas as condições de apurar os fatos que redundaram nas inconsistências contábeis, bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras.

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6) Manifestamos mais uma vez nosso compromisso de integral transparência e de total colaboração em tudo que estiver ao nosso alcance para esclarecer todos os fatos e suas circunstâncias.

7) Lamentamos profundamente as perdas sofridas pelos investidores e credores, lembrando que, como acionistas, fomos alcançados por prejuízos.

8) Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores.

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira

Desempenho de AMER3

Desde a descoberta do rombo de R$ 20 bilhões, as ações da Americanas se desvalorizaram sucessivamente e fizeram com que o valor de mercado da varejista fosse reduzido a R$ 640 milhões.

Antes da queda, os papéis AMER3 mostravam que a companhia valia R$ 10,8 bilhões.

A queda nas ações da Americanas foi de 94% desde a descoberta dos problemas contábeis. somente no primeiro pregão após a revelação, foram mais de 77% de retração na cotação.

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Eduardo Vargas

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