Grana na conta

Americanas (AMER3): capitalização gera impasse sobre valores propostos por acionistas

As conversas entre representantes da Americanas (AMER3) e dos bancos credores chegaram a um impasse após o trio de investidores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas de referência da empresa, indicarem uma injeção de R$ 6 bilhões na empresa. A medida foi anunciada na sexta-feira, 13, mesmo dia em que o juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, atendeu pedido da companhia e concedeu liminar para suspender a cobrança antecipada de débitos.

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A cifra foi considerada insuficiente pelos bancos para sanar os problemas de caixa decorrentes da descoberta de “inconsistências” no valor de R$ 20 bilhões no balanço da varejista. A existência do rombo foi comunicada durante a semana por Sergio Rial, que estava no comando da Americanas havia menos de 15 dias. Os bancos avaliam que o trio precisaria colocar algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões para viabilizar uma capitalização que a varejista precisa fazer – e de forma urgente.

Criadores da gestora 3G Capital, Lemann, Telles e Sicupira estão por trás de outros grandes lances empresariais, como a Anheuser-Busch InBev, criada em 2004 a partir da fusão da belga Interbrew e da brasileira Ambev (ABEV3). O investimento na Americanas foi o primeiro fora do segmento financeiro feito pelo trio – que ficou na empresa por décadas, até sair do seu controle no fim de 2021.

Rial, que agora participa como assessor da 3G, participou das conversas de sexta-feira e ouviu a demanda dos bancos. Eles colocam a capitalização como condição para suspender a cobrança das dívidas e ainda manter os créditos a fornecedores da varejista.

Recuperação judicial

A decisão do juiz da 4.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, no entanto, impede a cobrança antecipada de débitos. No pedido encaminhado à Justiça, a Americanas afirmou que alguns credores já estavam notificando a empresa sobre o vencimento antecipado das dívidas. A empresa apontou “constrição de recursos” em valor “superior a R$ 1,2 bilhão, promovida pelo Banco BTG Pactual”.

Paulo Assed determinou a restituição de valores que credores da Americanas tenham compensado ou retido. Após essa decisão, o Tribunal deu 30 dias corridos para a Americanas entrar com pedido de recuperação judicial.

O TJRJ se disse competente para processar e julgar eventual pedido de recuperação judicial da Americanas porque a sede da empresa fica no Rio de Janeiro. Além disso, ressalta que o mecanismo visa preservar a função social das companhias.

Americanas (AMER3): Solução rápida para rombo bilionário pode estar nas mãos de Lemann

A Americanas (AMER3) estuda uma solução rápida para conseguir cobrir o rombo de R$ 20 bilhões. Uma das possibilidades no radar da empresa é uma oferta subsequente de ações (follow-on) com a garantia de compra de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, do 3G Capital.

A expectativa é de que seja necessário o aporte de “alguns bilhões”, como o ex-CEO Sergio Rial evidenciou na apresentação ao mercado realizada na quinta (12).

Caso o follow-on da Americanas seja realizado, será a segunda operação dessa espécie em menos de três anos. Em 2020, no auge da pandemia da Covid-19, a companhia recorreu a essa alternativa e levantou R$ 7,9 bilhões.

Na ocasião, Lemann, Telles e Sicupira acompanharam esse follow-on para não serem diluídos — o trio conta com cerca de 40% da empresa.

Porém, com o atual rombo da Americanas, essa situação torna-se bem mais difícil. No pregão de quinta, a empresa viu R$ 8,37 bilhões do seu valor de mercado virarem pó e encolheu 77,33% na bolsa de valores.

Após “arrumar” a casa com os acertos na estrutura do capital, a Americanas terá que passar por um pente fino de auditorias. E, no futuro, as fontes projetam a possibilidade do negócio enfrentar uma operação de fusão e aquisição (M&A, sigla em inglês).

Com Estadão Conteúdo

Redação Suno Notícias

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