Alibaba (BABA34) é estrela dos BDRs, mas governança preocupa

O crescimento da economia da China faz com que a atenção dos investidores internacionais se volte às empresas lá sediadas. Uma delas, o Alibaba (BABA34), chama a atenção por ser uma companhia que atua de forma online, com alto crescimento, diversas fontes de receita, e um preço atrativo em Bolsa.

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Analistas ouvidos pelo SUNO Notícias são unânimes ao afirmar que o Alibaba é um negócio extremamente dominante em seu core business a um preço descontado.

“Se você fizer qualquer conta de Alibaba, você vê um negócio extremamente dominante negociando a um preço que pode ser uma potencial oportunidade”, disse Rafael Cattley, sócio e co-gestor da IP Capital.

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A companhia, que atua principalmente como marketplace no Alibaba (destinado ao atacado) e o AliExpress (voltado ao varejo), possui também atuações em setores como meio de pagamento, food service, inteligência artificial, nuvem, entre outros.

Alberto Amparo, analista da Suno Research, afirma que o preço atual das ações da companhia reflete apenas a atuação mais conhecida do grupo. “Hoje, você está pagando só pelo marketplace e está levando muito mais”, disse.

O problema é que, segundo os analistas, a forte interferência estatal na China, principal mercado do Alibaba, traz dúvidas quanto à liberdade do negócio. Não à toa, o fundador do grupo, Jack Ma, não apareceu em público por três meses após pressões do governo chinês acerca das atuações da empresa.

“O diretor-presidente (CEO) faz parte do Partido Comunista Chinês e pelo que entendemos está sendo colocado de castigo porque os interesses são conflitantes”, afirmou Cattley.

Desde o início da comercialização no Brasil, em 2019, o BDR da Alibaba (BABA34) acumula alta de 56%, enquanto que, nos últimos 12 meses,  a valorização é de 12,48%. Já nesta quinta-feira (22), por volta das 13h30 (de Brasília), o papel era cotado a R$ 45,82, em uma alta de 0,48%.

Alibaba tem atuação diversificada e preço é bom

A empresa de Jack Ma ficou conhecida mundialmente com seus marketplaces. Mas além de vender produtos de terceiros na internet, o Alibaba vem se tornando um verdadeiro império online, com atuações em ramos distintos e de futuro.

De acordo com Amparo, a companhia se tornou um ecossistema, mas ainda possui a maior parte da receita vinda da China – um caminho aberto para crescimento conforme ganhar market share mundial.

“O Alibaba é um ecossistema bastante completo na China, mais parecendo um império de plataformas relevantes na vida do chinês. A maior parte da receita do Alibaba vem mesmo de dentro da China. Apesar do AliExpress, um site de varejo global, e o Alibaba, um site de atacado, serem globais”, disse.

Além dos marketplaces mais conhecidos por aqui, a empresa ainda possui os seguintes negócios:

  • Taobao, uma plataforma de venda de peças difíceis de serem encontradas.
  • Alipay, um sistema de pagamentos online.
  • Tmall, um site B2C
  • Freshippo, uma cadeia de supermercados.
  • Cainiao, uma empresa de logística.
  • Fliggy, com foco em viagens.
  • Alibaba Health, que atua nas indústrias farmacêutica e de saúde na China, entre outras.

Para Amparo, isso faz com que o Alibaba seja negociado a preços bastante descontados no mercado atualmente.

“A empresa, hoje, vale cerca de US$ 600 bilhões. Só no último trimestre de 2020, ela gerou uns US$ 15 bilhões de fluxo de caixa livre, então hoje ela pode gerar US$ 30 bilhões”, disse.

“Ela cresce mais de 30% ao ano. Se ela for negociada a 20 vezes o fluxo, já é um yield de 5% A empresa não tem dívida, tem US$ 60 bilhões de caixa no balanço É um império, quase que uma ‘too big too fail’ (grande demais para falhar)”, definiu Amparo.

Governança e China podem ser problemas

Apesar do brilhantismo do Alibaba, alguns fatores ainda podem preocupar os investidores. Segundo Cattley, da IP, o mercado ainda encontra dificuldade em validar as informações disponibilizadas pela companhia.

“O problema é que, se você pegar os relatórios anuais de Alibaba, é difícil ter certeza absoluta de contabilidade. É de uma complexidade que nunca vimos”, disse.

“No braço financeiro da companhia, houve quase que uma expropriação de valor. Acho que Alibaba é um ótimo resumo da situação da China. Adoraríamos estar errados, mas ainda não chegamos a essa conclusão”, afirmou. A gestora continua fora do papel.

Alberto Amparo, da Suno, concorda. Mas, para o analista, a parte positiva ainda supera as negativas.

“O governo chinês manda eles fazerem algumas coisas, eles tiveram que vender participação na mídia que possuíam. O Google já pagou diversas multas, mas nem por isso as pessoas pararam de usar”, disse. “Você não sabe o que o governo pode fazer com o Alibaba, mas achamos bastante improvável ocorrer algo para destruir a empresa”, completou.

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Vinicius Pereira

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