Ibovespa perde fôlego após recorde histórico, mas mantém alta com euforia global

Ibovespa não conseguiu segurar o nível dos 149 mil pontos, recorde histórico atingido pela manhã desta quarta-feira (29), e perdeu ritmo ao longo da tarde em sintonia com as bolsas de Nova York. A virada veio após o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmar que a decisão sobre um novo corte de juros em dezembro “está longe de ser algo certo”.

Apesar da desaceleração, o índice renovou o recorde de fechamento pelo terceiro pregão consecutivo, sustentado pela redução dos juros nos Estados Unidos e pela expectativa de encontro entre Donald Trump e Xi Jinping. O movimento de alta também foi reforçado pela temporada de balanços, com destaque para o avanço de Santander (+1,60%) após lucro trimestral de R$ 4 bilhões e pela valorização de Vale (+1,82%) com o minério de ferro em alta.

Efeito Powell e cautela em Nova York

Ibovespa encerrou o pregão com ganho de 0,82%, aos 148.632,93 pontos, após oscilar entre a mínima de 147.429,63 e a máxima de 149.067,16 pontos. O giro financeiro somou R$ 23,5 bilhões.
A máxima histórica foi conquistada por volta das 14h, pouco antes da decisão do Fed, que cortou as taxas dos Fed funds em 25 pontos-base, para o intervalo entre 3,75% e 4,0% ao ano. A decisão, no entanto, não foi unânime: Stephen Miran defendeu um corte maior, de 50 pontos-base, enquanto Jeffrey Schmid, da distrital de Kansas City, votou pela manutenção dos juros.

O discurso de Powell esfriou o ânimo dos investidores ao afirmar que “há forte sentimento de que é hora de pausar”, reduzindo as apostas de novo corte em dezembro — a probabilidade caiu de 85,4% para 84,3%, segundo o CME Group.
Para Rafael Passos, analista da Ajax Asset, “foi uma grande surpresa Powell indicar que o corte de dezembro ainda não está dado; as bolsas sentiram, porque o mercado já precificava essa queda”.

Análise: euforia global e riscos à frente

Na avaliação de Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, o cenário segue otimista:

“Temos mais um dia de recorde de alta. A bolsa vem em sequência positiva desde a segunda quinzena de outubro. As questões internacionais se arrumaram e há boa expectativa em torno da resolução das tarifas de Trump em relação ao Brasil. Esse tom mais tranquilo faz os investidores tomarem mais risco.”

Ele destaca ainda o ambiente de inflação menor nos EUA, que favorece os cortes de juros, e cita a alta generalizada nas bolsas globais. “O fluxo internacional está favorecendo essa euforia — está difícil achar algum ativo que se desvalorize. Mas o investidor precisa ter cuidado: nada sobe para sempre, e a correção deve vir no início do próximo ano”, afirma.

Entre as maiores altas do dia, Hypera (HYPE3) ganhou destaque após divulgar resultados acima das expectativas e anunciar juros sobre capital próprio de R$ 185 milhões. Já Pão de Açúcar (PCAR3) seguiu em alta, ainda repercutindo a visita do presidente do grupo Casino, Philippe Palazzi, ao Brasil, com expectativa de avanço nas conversas com potenciais compradores de participação na companhia.

Última cotação do Ibovespa

Ibovespa fechou em alta de 0,31%, aos 147.428,90 pontos, na última terça-feira (28).

Maíra Telles

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