Dólar tem queda de 0,39% em meio a envolvimento dos EUA no conflito Israel-Irã
O dólar encerrou a sessão desta segunda-feira, 23, a R$ 5,5032, em uma queda de 0,39%,, passando a acumular desvalorização de 3,78% em junho. O real se beneficiou da onda de enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior, em meio à diminuição da percepção de risco nos mercados globais.

Ataques do Irã a bases dos Estados Unidos no Catar e no Iraque, no início da tarde, provocaram certo desconforto em um primeiro momento. Logo em seguida, contudo, os ativos de risco se recuperaram diante da avaliação de que a ofensiva iraniana foi limitada, sinal de que Teerã não deseja um confronto maior com os EUA. Também houve redução dos temores de bloqueio do estreito de Ormuz, por onde são escoados cerca de 20% da produção global de petróleo.
Para o estrategista-chefe da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, sem um evento que provoque um “aumento mais sustentado da aversão ao risco“, o real pode continuar amparado pelo aumento do diferencial de juros interno e externo, que “favorece a entrada” de investidores estrangeiros na renda fixa local. “Além disso, temos no exterior um enfraquecimento do dólar, com a política bastante errática do governo Donald Trump. Se o cenário global não se mostrar mais adverso, a taxa de câmbio tende a se manter pelo menos nos níveis atuais”, afirma.
Para o economista Vladimir Caramaschi, sócio-fundador da +Ideas Consultoria Econômica, os mercados iniciaram a semana reagindo com relativo “sangue frio” aos ataques dos EUA ao Irã e a seus possíveis impactos nas cotações do petróleo. “O motivo para isso é o fato de que o fechamento do estreito traria uma série de consequências indesejáveis para o próprio Irã. O país atrairia a hostilidade de vários países na região. Ainda mais relevante, a medida atingiria de forma drástica a economia da China”, afirma Caramaschi.
Dólar fecha em baixa no mercado internacional
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em queda de 0,29%, a 98,416 pontos. Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o dólar subia a 146,13 ienes, o euro se apreciava a US$ 1,1577 e a libra tinha alta a US$ 1,3524.
Após os ataques dos EUA no sábado, Teerã revidou com o lançamento de mísseis a uma base americana no Catar. A mobilização iraniana foi vista como simbólica, gerando algum alívio por não ter afetado o fluxo de transporte pelo Estreito de Ormuz. O shekel, a moeda israelense, subiu na comparação com o dólar. Perto das 16h46 (de Brasília), o dólar era negociado em baixa, a 3,4514 shekels, em meio à confiança renovada dos investidores na posição e estratégia de Israel.
A moeda norte-americana foi pressionada ainda por comentários da vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Michelle Bowman, sinalizando abertura para um corte de juros já na próxima reunião do banco central em julho.
Com Estadão Conteúdo