Popó devolve dinheiro e diz que se arrepende de fazer publicidade de golpe financeiro

O boxeador Acelino Popó Freitas, que protagonizou um dos eventos de luta mais comentados dos últimos tempos ao enfrentar o influenciador digital e youtuber Whindersson Nunes, anunciou que devolveu o dinheiro que lhe foi pago em troca de estrelar peça publicitária por um suposto golpe financeiro.

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O boxeador divulgou o ‘Robô do Pix‘ nas suas redes recentemente, depois de ganhar seguidores com a luta. Ele soma hoje uma base de 3 milhões de pessoas que o acompanham no Instagram. O golpe financeiro, postado por Popó, contudo, não é recente – outros influenciadores têm bombado o esquema via stories.

“Você quer uma renda extra sem precisar vender nada na internet? Receber no mínimo três Pix por semana de até R$ 500? O robozão do pix está pagando para várias pessoas R$ 3 mil ao mês. Basta configurar o robô e pronto”, escreveu o boxeador no seu Instagram.

O link inserido nos stories remetia a uma página de divulgação de um golpe financeiro, fraude que entra para o rol de esquemas que causam danos ao pequeno investidor – como robôs traders e que operam criptomoedas, populares nos últimos meses em anúncios nas mídias sociais.

Após receber diversas reclamações de usuários e ser criticado por internautas, Popó reconheceu que fez propaganda de um esquema fraudulento. Alertou seguidores e afirmou der devolvido a remuneração que lhe foi dada.

“Entraram R$ 100 mil na minha conta de fazer um arroba [publicidade]. Mas eu devolvi. Ainda somos novos nisso, né? Fui ver que era algo do ‘robozinho’. Falei ‘poxa, vamo devolver’. Não vou fazer roubo. Dias atrás mandavam ‘trancaram meu dinheiro’, ‘não pagam tudo aquilo’, ‘fui tentar sacar e não deu'”, relata o atleta em entrevista ao Flow Podcast.

“O culpado é quem transmitiu a informação, ou seja, sou eu”, destacou.

Após ter recebido nova oferta de publicidade informada pelo seu filho, Popó disse que a recusou – admitiu que o esquema era fraudulento.

Os golpes, assim como uma pirâmide financeira, geralmente prometem dinheiro fácil e (ou) rápido, com eventuais ganhos de “renda extra” ou “dinheiro em casa”. Desde o início da pandemia esse tipo de prática se intensificou nas mídias sociais, em período de queda do poder de compra do brasileiro.

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Como identificar pirâmides e golpes como a divulgada pelo Popó

A alta rentabilidade ou a facilidade dos ganhos são as primeiras coisas que chamam atenção. Quanto mais fácil for o dinheiro, maior a suspeita de se tratar de um esquema de fraude. Contudo, algumas propagandas têm prometido ganhos fáceis e periódicos.

Em algumas propagandas, por exemplo, é dito que o investidor terá ganhos de cerca de 7% ao mês. Se um investidor fizer um aporte de US$ 100 mil, em pouco mais de 25 anos acumularia quase US$ 147 trilhões – cifra que é maior do que o Produto interno Bruto (PIB) global.

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“A primeira coisa é ver a promessa de rentabilidade. Muitas vezes, eles colocam um número, em termos absolutos, baixo. Por exemplo, falam que o cliente terá 1% de ganho ao dia, e aí o cliente acha possível, por parecer um rendimento pequeno. Mas, quando você compõe isso ao longo do ano, ou ao mês, isso dá uma taxa absurda, totalmente irreal. Existe uma fraude por trás, não é sustentável”, explicou o especialista em mercado financeiro da Suno Research, João Arthur, em entrevista ao Suno Notícias.

Atuar no modelo de pirâmide ou golpe financeiro é um crime contra a economia popular, previsto na lei nº 1.521/1951, uma vez que se enquadra em “obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos (‘bola de neve’, ‘cadeias’, ‘pichardismo’ e quaisquer outros equivalentes)”.

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Os modelos variam de pirâmides, em que os primeiros que aportam o dinheiro conseguem a rentabilidade prometida, de cerca 1% ou 2% ao dia – que ocorre depois que os investidores que colocaram dinheiro na sequência pagam os primeiros e serão remunerados pelos terceiros. Esses golpes fraudulentos ficam fora das regulações das autoridades.

No caso da pirâmide, como a divulgada por Popó, o esquema pode ‘colapsar’ quando a base se reduz e os “donos” não conseguem fazer mais os pagamentos a todos que estão nela.

Nos golpes, o dinheiro do investidor pode ficar preso em uma conta fraudulenta, especialmente quando os criminosos pedem depósitos diretos via pix ou TED para uma conta de pessoa física.

Para evitar esquemas financeiros como pirâmides e ‘robôs’, a recomendação é sempre procurar colocar seu dinheiro em instituições confiáveis e com credibilidade, devidamente regulada por órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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Eduardo Vargas

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