O Fiagro se consolidou como uma das formas mais eficazes de investir no agronegócio brasileiro, permitindo que investidores acessem esse setor robusto por meio da bolsa de valores, com praticidade e diversificação.
Neste guia, você encontrará desde os conceitos básicos até análises de riscos, estratégias e tendências, em um mercado que já apresenta maturidade regulatória e crescente sofisticação.
Este conteúdo é voltado para investidores que buscam renda passiva, diversificação de portfólio e exposição à economia real, por meio de ativos descorrelacionados da volatilidade típica do mercado acionário.
Em 2025, os Fiagros passam por um novo momento de expansão regulatória. Com a entrada em vigor da Resolução CVM 214, os fundos ganham mais flexibilidade para investir em ativos estratégicos, como créditos de carbono e participações diretas em empresas agroindustriais, ampliando as oportunidades tanto para os investidores quanto para o setor rural.
Definição
O Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) é uma estrutura coletiva que investe em ativos ligados ao agronegócio, como títulos de crédito, imóveis rurais ou participação em empresas do setor.
O ecossistema
Funciona como uma ponte entre o produtor rural, que precisa de financiamento, e o investidor pessoa física, que busca retorno. Por meio da B3, o capital flui do mercado financeiro para a atividade produtiva agrícola.
Os 3 tipos (e qual importa para você)
Os Fiagros foram concebidos para atender diferentes perfis de investimento e estruturas jurídicas, e por isso são regulamentados sob três formatos distintos: Fiagro-FII, Fiagro-FIDC e Fiagro-FIP. Cada um desses modelos possui características específicas em termos de ativos permitidos, governança, transparência, riscos e acesso ao investidor.
Fiagro-FII
É o formato mais comum e acessível para o investidor pessoa física. Adota a mesma estrutura regulatória dos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), com cotas negociadas na B3, liquidez diária, distribuição periódica de dividendos e isenção de imposto de renda para pessoa física sobre os rendimentos, desde que atendidos os critérios da legislação. Esses fundos podem investir tanto em ativos financeiros do agronegócio, como CRAs, quanto em ativos reais, como propriedades rurais, armazéns ou estruturas logísticas.
A popularidade dos Fiagros-FII se deve à sua transparência, acessibilidade (valores mínimos baixos) e à possibilidade de montagem de carteiras diversificadas via home broker. A ampla divulgação de informações e a presença em plataformas de análise também facilitam o acompanhamento para o investidor não profissional.
Fiagro-FIDC
O Fiagro-FIDC adota a estrutura de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), sendo voltado primordialmente à aquisição de recebíveis oriundos da cadeia do agronegócio — como duplicatas, contratos de fornecimento, financiamentos e outros créditos comerciais. Trata-se de um modelo com caráter mais técnico e institucional, frequentemente restrito a investidores qualificados. A negociação não ocorre em bolsa e o nível de transparência e liquidez costuma ser mais limitado.
Apesar de permitir maior exposição a instrumentos de crédito do agro, o Fiagro-FIDC não é o veículo ideal para o investidor de varejo, por conta da menor liquidez, maior complexidade regulatória e ausência de isenção fiscal para pessoas físicas.
Fiagro-FIP
O formato de Fiagro estruturado como Fundo de Investimento em Participações (FIP) permite investir em empresas do agronegócio, seja por meio da aquisição de participações societárias, seja via instrumentos conversíveis. Esse modelo é voltado ao capital de risco e à geração de valor via governança e crescimento empresarial, sendo comumente utilizado por gestoras especializadas e fundos de private equity.
Os Fiagros-FIP também são restritos a investidores qualificados, com maior apetite a risco e horizonte de investimento mais longo. Em função disso, raramente são oferecidos em plataformas voltadas ao investidor de varejo, e o seu funcionamento difere bastante dos Fiagros listados em bolsa.
O que importa para o investidor de varejo?
Na prática, o investidor pessoa física encontrará majoritariamente o Fiagro-FII disponível para negociação em plataformas abertas, com código de negociação na B3, liquidez secundária, cotas fracionadas e estrutura compatível com os demais fundos imobiliários. Esse é o tipo que permite maior acesso, transparência e facilidade de acompanhamento, sendo ideal para compor carteiras diversificadas com foco em renda passiva e exposição ao agronegócio brasileiro.
Principais ativos
A composição da carteira de um Fiagro varia conforme a estratégia do fundo, mas há uma base recorrente de ativos agroindustriais que refletem o vínculo direto com a economia do campo. Conhecer os instrumentos mais comuns é essencial para entender o perfil de risco e retorno de cada fundo.
CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio)
Os CRAs são títulos de crédito lastreados em recebíveis originados na cadeia produtiva do agronegócio, como contratos de fornecimento, financiamentos ou vendas a prazo. Emitidos por securitizadoras e isentos de imposto de renda para pessoas físicas, os CRAs são amplamente utilizados pelos Fiagros de Papel. Eles oferecem rentabilidade atrelada a indicadores como CDI + spread ou IPCA + prêmio, sendo instrumentos-chave para geração de renda mensal. O risco principal está no inadimplemento do emissor ou devedor final, o que exige análise da qualidade e diversificação da carteira de crédito.
LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio)
Embora menos frequentes que os CRAs, algumas carteiras também podem conter LCAs, que são títulos emitidos por instituições financeiras com lastro em operações agropecuárias. Assim como os CRAs, também são isentos de IR para pessoa física, mas têm liquidez e estrutura de risco diferentes, pois contam com a solidez do emissor bancário. A presença de LCAs é mais comum em fundos com foco conservador ou de perfil híbrido.
Imóveis rurais e instalações logísticas
Nos Fiagros de tijolo, os ativos físicos ganham protagonismo. O portfólio pode incluir propriedades rurais produtivas, fazendas de alta escala, terras para arrendamento ou infraestruturas logísticas, como silos, armazéns, galpões agrícolas e centros de distribuição. A renda desses ativos vem da locação, parceria agrícola ou arrendamento e costuma estar vinculada a contratos de longo prazo. A valorização do ativo no tempo também pode gerar ganho de capital.
Outros ativos permitidos
Com as atualizações regulatórias, o leque de ativos elegíveis para Fiagros foi ampliado. Alguns fundos já começam a incluir:
- Direitos reais sobre imóveis rurais;
- CBIOs (Créditos de Descarbonização) e créditos de carbono do agronegócio;
- Cotas de outros fundos (como FIDC ou FII do setor agro);
- Derivativos para proteção de carteira (hedge).
A depender da política de investimento, o fundo pode operar de forma mais conservadora ou incorporar estratégias mais complexas de alocação.
O funcionamento de um Fiagro envolve uma cadeia estruturada de agentes especializados, cada um com responsabilidades bem definidas. Entender o papel de cada participante é fundamental para avaliar a governança do fundo, a segurança da operação e a qualidade da gestão.
Gestora: responsável pela seleção e gestão dos ativos.
Administradora: cuida da parte regulatória, contábil e de compliance.
Securitizadora: emite os CRAs a partir de recebíveis originados no agro.
Investidor: o cotista que participa dos resultados por meio de dividendos e valorização das cotas.
Ao longo dos últimos anos, o mercado de Fiagros evoluiu significativamente, ganhando diversidade e complexidade. Atualmente, os fundos são classificados com base no tipo de ativo predominante na carteira, o que influencia diretamente no perfil de risco e retorno do investimento. Com isso, surgem três grandes categorias: os Fiagros de papel, os Fiagros de tijolo e os híbridos.
Fiagro de papel
Investem em títulos de dívida como CRAs. Sua rentabilidade está atrelada a indexadores como CDI + spread ou IPCA + prêmio. Têm perfil semelhante a fundos de crédito, atuando como financiadores do agro.
Fiagro de tijolo
Compram e administram ativos reais como fazendas, silos e centros de armazenagem. A receita vem do arrendamento e valorização imobiliária. Embora menos numerosos, vêm ganhando espaço.
Fiagro híbrido
Mesclam ativos financeiros e reais, oferecendo uma estratégia mista com potencial de maior diversificação.
O Fiagro combina elementos de renda fixa, renda variável e ativos reais, o que o torna uma alternativa atrativa para diferentes perfis de investidor. As vantagens vão além da exposição ao agronegócio: envolvem benefícios fiscais, acessibilidade e diversificação estratégica.
- Acesso facilitado: investimento mínimo acessível e negociação via B3.
- Isenção de IR sobre dividendos: para pessoas físicas, mesmo com a Reforma Tributária em 2024.
- Renda mensal recorrente: com pagamento de dividendos.
- Diversificação setorial: exposição a um setor com baixa correlação com ações e câmbio.
Assim como qualquer investimento, os Fiagros apresentam riscos que precisam ser compreendidos antes da alocação de capital. Identificar os principais fatores de risco — e saber como avaliá-los — é essencial para tomar decisões mais conscientes e alinhadas ao seu perfil.
- Risco de crédito (Papel): depende da saúde financeira dos devedores dos CRAs. Analisar a diversificação da carteira e rating dos emissores é essencial.
- Risco climático e geográfico: secas, enchentes ou geadas impactam o desempenho de ativos concentrados em certas regiões.
- Risco de mercado: a alta da Selic pode reduzir a atratividade dos dividendos.
- Risco de liquidez: alguns Fiagros ainda negociam volumes baixos no secundário.
A segurança jurídica dos Fiagros foi significativamente fortalecida com a publicação da Resolução CVM 175, em vigor desde 2023. Essa norma estabeleceu uma base regulatória unificada para os fundos de investimento no Brasil, exigindo padrões mais elevados de governança, controle de riscos e transparência.
Entre os avanços promovidos pela CVM 175, destacam-se:
- Segregação patrimonial: os ativos dos fundos permanecem separados do patrimônio da gestora, administradora e outros prestadores de serviço, protegendo os cotistas em casos de insolvência;
- Gestão de riscos: as gestoras devem adotar políticas estruturadas e documentadas para monitoramento e mitigação de riscos;
- Política de liquidez: os fundos precisam prever cenários adversos e manter mecanismos para preservar a liquidez;
- Transparência obrigatória: relatórios mensais, demonstrações financeiras auditadas e dados atualizados na B3 e no site da gestora são requisitos mínimos.
Além da supervisão direta da CVM, os Fiagros contam com auditorias externas independentes, que revisam periodicamente as demonstrações contábeis e operacionais, reforçando a integridade das informações prestadas ao mercado.
As novas regras de 2025: Resolução CVM 214
Em 30 de setembro de 2024, a CVM publicou a Resolução 214, criando o Anexo Normativo VI da CVM 175, com regras específicas para os Fiagros. A nova norma entra em vigor em 3 de março de 2025 e os fundos existentes têm até 30 de setembro de 2025 para se adequar.
As principais mudanças incluem:
- Maior flexibilidade de alocação: Fiagros passam a ter escopo mais amplo, podendo investir em ativos como CBIOs, créditos de carbono do agro, direitos reais sobre imóveis rurais e até direitos creditórios imobiliários;
- Política de enquadramento regulatório: se mais de 50% do patrimônio líquido for investido em uma determinada classe de ativos (ex: FIDC, FII, FIP), o fundo deverá seguir as normas adicionais aplicáveis àquela classe;
- Transparência aprimorada: os fundos deverão reportar suas informações ao Fundos.Net e ao sistema SGF da CVM, de forma padronizada e digital;
- Melhoria na prestação de contas: os relatórios gerenciais deverão detalhar com maior clareza a política de investimento, os ativos alocados e os riscos associados;
- Governança ambiental: Fiagros que investirem em ativos sustentáveis — como créditos de carbono — deverão seguir critérios específicos de certificação e governança ESG.
Essas mudanças visam aumentar a sofisticação e segurança da indústria de Fiagros, alinhando os fundos brasileiros às melhores práticas globais. Para o investidor, isso representa mais clareza regulatória, proteção estrutural e robustez informacional.
Contudo, é importante lembrar: o arcabouço regulatório protege a integridade do fundo, mas não elimina riscos financeiros. A análise criteriosa da carteira, da gestão e dos indicadores de risco continua sendo responsabilidade do cotista.
Os Fiagros competem diretamente com outras alternativas de investimento ligadas ao agronegócio, como fundos imobiliários, ações do setor agroindustrial e aplicações diretas em títulos como CRA e LCA. Cada um desses instrumentos possui características distintas em termos de estrutura, riscos e perfil de retorno.
A comparação mais direta se dá entre os Fiagros e os Fundos Imobiliários (FIIs). Ambos compartilham a mesma estrutura jurídica (especialmente os do tipo Fiagro-FII), são negociados na bolsa, oferecem isenção de imposto de renda sobre os dividendos para pessoa física e distribuem rendimentos regularmente. No entanto, os riscos envolvidos são distintos: enquanto os FIIs estão expostos à vacância, inadimplência e renegociação de aluguéis em imóveis urbanos, os Fiagros carregam predominantemente risco de crédito agrícola, relacionado à capacidade de pagamento dos emissores de CRAs, que são produtores ou empresas da cadeia do agro.
Já ao comparar Fiagros com ações de empresas do agronegócio, como SLCE3 (SLC Agrícola), AGRO3 (BrasilAgro), BEEF3 (Minerva) ou RAIZ4 (Raízen), observa-se uma diferença estrutural fundamental. Ao investir em ações, o investidor torna-se sócio de uma empresa, assumindo riscos operacionais, de mercado e de gestão — além de lidar com a volatilidade típica da renda variável. Os Fiagros, por outro lado, funcionam como veículos de crédito ou imobiliários, com foco em renda previsível e gestão profissionalizada, sendo mais adequados para investidores que priorizam distribuição de dividendos e menor exposição a oscilações de mercado.
Por fim, em relação ao investimento direto em CRAs ou LCAs, os Fiagros oferecem uma solução mais acessível e eficiente. Ao comprar diretamente esses títulos, o investidor precisa realizar uma análise criteriosa e individual de risco de crédito, além de ter, em geral, um tíquete mínimo elevado para diversificação. Já nos Fiagros, o cotista acessa uma carteira pulverizada de ativos, com gestão ativa, acompanhamento profissional e diversificação instantânea, o que mitiga os riscos específicos de concentração.
Assim, o Fiagro se posiciona como uma alternativa intermediária entre o conservadorismo da renda fixa agro e a volatilidade da renda variável, combinando características de segurança, diversificação e geração de renda em um único instrumento.
Avaliar um Fiagro exige mais do que observar a rentabilidade passada. É preciso compreender a composição da carteira, o perfil de risco, a qualidade da gestão e os fundamentos do fundo. A análise prática começa por uma leitura criteriosa dos documentos disponíveis ao público, com destaque para o Relatório Gerencial, publicado mensalmente pela gestora. Esse documento traz informações essenciais sobre alocação de ativos, movimentações recentes, inadimplências (se houver), distribuição de dividendos e a estratégia da gestão.
Como analisar Fiagros de papel
No caso dos Fiagros de papel, o foco da análise deve recair sobre os ativos de crédito — geralmente CRAs — que compõem a carteira. O investidor deve investigar quem são os devedores (origem do crédito), avaliando o setor em que atuam, sua saúde financeira e histórico de pagamentos. A diversificação da carteira também é crucial: fundos muito concentrados em poucos emissores ou setores ficam mais vulneráveis a eventos adversos. Além disso, é importante verificar os indexadores dos títulos — se a remuneração está atrelada ao CDI (pós-fixado) ou ao IPCA (inflação), pois isso impacta a previsibilidade e o comportamento do rendimento em diferentes cenários econômicos. O Dividend Yield histórico deve ser analisado com atenção, mas sempre em conjunto com a consistência da carteira e o risco assumido.
Como analisar Fiagros de tijolo
Nos Fiagros de tijolo, a análise muda de foco e passa a envolver os ativos reais, como fazendas, armazéns e propriedades rurais. Nesse caso, o investidor deve verificar a localização dos imóveis, buscando fundos com ativos bem distribuídos geograficamente e situados em regiões consolidadas do agronegócio. A qualidade dos arrendatários é outro fator relevante: produtores com histórico sólido de operação e capacidade de pagamento reforçam a segurança do fluxo de renda. Também é essencial entender os prazos e condições dos contratos de arrendamento — contratos longos, reajustados por índices confiáveis, e com cláusulas de renovação ou garantias fortalecem a previsibilidade dos dividendos.
Indicadores de mercado
Por fim, é importante considerar os indicadores de mercado. O P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial) mostra se o fundo está sendo negociado com ágio ou desconto em relação ao seu valor contábil — o que pode indicar oportunidades (ou riscos) de compra. Já a liquidez diária, medida pelo volume médio de negociações na B3, sinaliza a facilidade com que o investidor poderá comprar ou vender cotas no mercado secundário.
Ao reunir essas informações, o investidor estará mais preparado para avaliar se o Fiagro é adequado ao seu perfil de risco, seus objetivos financeiros e seu horizonte de investimento.
As subscrições são o principal instrumento utilizado pelos Fiagros para captar novos recursos junto ao mercado. Trata-se de um processo no qual o fundo realiza uma emissão de novas cotas, com o objetivo de ampliar seu patrimônio, adquirir novos ativos ou reforçar sua liquidez. Essa prática é comum em fundos listados e representa uma etapa natural de crescimento e renovação da carteira.
Quando um Fiagro anuncia uma nova emissão, os cotistas atuais têm prioridade na compra das novas cotas por meio do chamado direito de preferência. Esse direito garante ao investidor a possibilidade de manter sua participação proporcional no fundo, evitando a diluição do seu investimento. Após essa etapa, se houver sobras, elas podem ser oferecidas ao público em geral — o que também abre oportunidades para novos investidores entrarem no fundo.
Do ponto de vista estratégico, uma subscrição bem planejada e bem precificada pode ser altamente benéfica. Com o aumento do capital, o fundo pode adquirir ativos mais rentáveis ou diversificar ainda mais sua carteira, o que tende a aumentar o potencial de geração de dividendos no longo prazo. Além disso, fundos que crescem de forma equilibrada ganham escala, reduzem custos operacionais e fortalecem sua posição no mercado.
Investir em Fiagro exige acompanhamento constante e uso de fontes confiáveis para embasar decisões. A boa notícia é que o investidor conta com uma série de ferramentas acessíveis e especializadas para fazer análises fundamentadas, comparar fundos e entender a evolução do mercado.
Relatórios gerenciais
O ponto de partida para qualquer análise aprofundada é o Relatório Gerencial, publicado mensalmente pela gestora do fundo. Nele estão informações cruciais sobre a composição da carteira, movimentações realizadas, inadimplência (no caso de Fiagros de Papel), ocupação e contratos (em Fiagros de Tijolo), política de alocação, eventos relevantes e comentários da equipe de gestão. Os relatórios ficam disponíveis no site da gestora e também podem ser acessados por meio da plataforma da B3 (via o canal de fundos listados).
Plataformas de análise
Ferramentas como o Status Invest e o Funds Explorer são valiosas para o investidor que busca informações consolidadas e indicadores comparativos. Nessas plataformas, é possível visualizar o dividend yield histórico, o P/VP, a liquidez diária, o volume de cotistas, além de acessar gráficos interativos e rankings atualizados dos principais Fiagros listados na bolsa. São recursos úteis tanto para investidores iniciantes quanto para os mais experientes que acompanham uma carteira diversificada.
Índice IFIAGRO
O Índice IFIAGRO, lançado pela B3, é o benchmark oficial do setor e representa uma média ponderada dos principais Fiagros listados na bolsa. Ele serve como referência para avaliar o desempenho do seu fundo em relação ao mercado, assim como o IFIX faz para os Fundos Imobiliários. Monitorar esse índice ajuda a entender se determinado fundo está performando acima ou abaixo da média do setor, o que pode indicar eficiência da gestão ou problemas pontuais.
Casas de análise e cobertura especializada
Publicações e relatórios de casas de análise independentes, como a Suno Research, também são fontes relevantes. Muitas dessas instituições oferecem cobertura especializada de Fiagros, com recomendações fundamentadas, entrevistas com gestores, alertas de subscrição e análise de risco setorial. Esse tipo de conteúdo pode ajudar o investidor a formar uma visão crítica sobre o mercado e tomar decisões mais estratégicas.
Após a consolidação regulatória e o amadurecimento do mercado, os Fiagros entram em uma nova fase marcada por sofisticação temática, inovação estrutural e crescente interesse institucional. A tendência é que essa classe de ativos, que inicialmente se concentrou em operações de crédito agrícola, passe a abranger uma gama mais ampla de teses e segmentos dentro da cadeia agroindustrial.
Sofisticação temática
A primeira tendência é a segmentação dos fundos por temas específicos do agronegócio. Já estão surgindo Fiagros especializados em logística agrícola, voltados à aquisição de armazéns, silos, centros de distribuição e ativos estratégicos no escoamento da produção. Outros fundos começam a explorar nichos como infraestrutura de irrigação, bioenergia e tecnologias aplicadas ao campo (AgTechs), com foco em ganho de produtividade e eficiência. Esse movimento de especialização tende a atrair investidores com perfil mais técnico, que desejam se expor a subsegmentos específicos da cadeia produtiva.
Sustentabilidade e ESG
Outra tendência irreversível é a valorização de Fiagros que incorporam práticas de sustentabilidade ambiental, social e de governança (ESG). Fundos que direcionam capital para produções certificadas, com menor impacto ambiental, rastreabilidade e práticas agrícolas regenerativas, vêm ganhando espaço nas carteiras institucionais. Além disso, a nova regulamentação de 2025 passou a permitir a alocação em créditos de carbono do agronegócio e CBIOs, instrumentos que monetizam externalidades ambientais positivas. Esse tipo de Fiagro — informalmente chamado de “Fiagro Verde” — tem potencial para atrair investidores comprometidos com critérios ESG e que buscam retornos ajustados ao risco reputacional e ambiental.
Aumento da liquidez
Com o aumento no número de fundos listados, entrada de novos investidores e ampliação do leque de teses, o mercado tende a ganhar liquidez no mercado secundário. Fundos com bom histórico de governança e pagamento de dividendos recorrentes devem atrair maior volume de negociações diárias, reduzindo o spread entre compra e venda e facilitando a entrada e saída de cotistas. Além disso, a inclusão de Fiagros em índices de mercado, como o IFIAGRO, contribui para o aumento da visibilidade e captação via ETFs ou fundos passivos.
Em resumo, os Fiagros caminham para se tornar uma classe cada vez mais plural e sofisticada, com maior alinhamento às demandas contemporâneas do investidor — seja pela busca de renda previsível, seja pelo interesse em setores sustentáveis e de impacto real na economia brasileira.
Conclusão
O Fiagro deixou de ser uma promessa e hoje ocupa um lugar consolidado entre os ativos de renda variável focados na economia real.
Entender a diferença entre Fiagros de papel e de tijolo é crucial para alinhar sua carteira ao seu perfil de risco e objetivo financeiro.
Investir em Fiagro é apostar na força do campo brasileiro. Antes de aplicar, dedique tempo à leitura do relatório gerencial. Entender a estratégia do gestor e a qualidade dos ativos é o segredo para uma colheita farta de dividendos no futuro.
Foi possível entender o que é o Fiagro? Então deixe nos comentários suas dúvidas e sugestões.
O que é Fiagro?
Fiagro significa: Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais. Por meio do Fiagro o investidor pessoa física, ou jurídica (inclusive estrangeiros) têm a oportunidade de investir em empresas ou ativos relacionados ao agronegócio.
Ao invés do investidor levantar um grande volume financeiro para entrar de sócio em uma empresa, comprar um terrenos, ou financiar créditos na área do agronegócio, através do Fiagro, tudo se torna mais prático, menos burocrático e com liquidez.
Quais os Fiagro?
Segundo a pagina oficial da B3, existem 37 Fiagro listados na bolsa de valores. Grande parte desses fundos, são Fiagro-FII (Imobiliários). Mas há também os Fiagro-FIDC (Direito Creditórios) e Fiagro-FIP (Participações).
O que é FIP fundo?
O fundo de investimento em participação é um fundo que tem por objetivo oferecer ao cotista a possibilidade de entrar como sócio em uma empresa de um determinado segmento.
Normalmente as empresas que “abrem a sociedade para o fundo” são de capital fechado e vem no fundo a oportunidade de ganhar um parceiro e dinheiro com a entrada de um novo sócio.
Depois de um tempo em operação, o FIP pode deixar de existir e as cotas serem vendidas ocorrendo a amortização das cotas para o investidor.
Os ganhos através do FIP podem vir da valorização e consequente venda das cotas ou por meio de rendimentos distribuídos.
Quem pode investir no FIP?
Tanto investidores pessoa física quanto jurídica, qualificados, podem investir em FIP. A avaliação de qualificados vem daqueles que possuem mais de um milhão investidos no mercado.
Portanto, o pequeno investidor terá dificuldades em entrar em tal mercado.
Como montar um FIP?
Para estruturar um FIP, a instituição precisa realizar um aviso prévio referente ao fundo junto a B3, CVM e demais órgãos competentes.
O valor mínimo do fundo deverá ser de 100 milhões de reais, sendo que o FIP deve permanecer aplicado com 90% do patrimônio em debêntures, ações ou títulos vinculados à firma alvo.
A forma de entrar na empresa alvo do FIP pode ser das seguintes formas:
– Pela detenção de ações que integrem o respectivo bloco de controle;
– Celebração de acordo de acionistas;
– Adoção de procedimento que assegure ao fundo efetiva influência na definição de sua política estratégica e na sua gestão.
Vale destacar que mais do que um investimento, o FIP terá influência sobre as decisões da empresa invertida.