Por que não compensa complicar os investimentos?

Charlie Munger é um dos investidores mais sábios, na minha opinião. Ele é conhecido por ser sócio de longa data de Warren Buffett na Berkshire Hathaway, empresa na qual é vice chairman. Para os que já o viram discursando, é clara a sua intelectualidade, bem como sua forte personalidade.

Dentre as várias frases interessantes de Charlie Munger, hoje darei destaque a uma em particular: “Temos uma paixão por manter as coisas de maneira simples”.

Ao lado de Buffett, durante todo o tempo de Berkshire, Munger proferiu este e muitos outros conselhos valiosos aos investidores.

Cabe ressaltar que existem horas e horas de entrevistas e discussões excelentes de Munger e Buffett que foram registradas e que devem ser utilizadas como fonte de aprendizado.

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Mantenha a simplicidade

A dupla de bilionários sempre transmitiu conhecimentos excepcionais às pessoas. Acredito que os melhores conselhos da dupla são justamente as ideias que remetem às visões simplificadas de vários âmbitos, sobretudo a respeito dos investimentos.

Eles acreditam fortemente que os investidores não precisam complicar demais o raciocínio, introduzindo coisas como planilhas e cálculos complexos para a análise dos investimentos.

Munger e Buffett têm uma vida inteira de experiências e, portanto, sabem como as coisas são incertas. Este é um dos motivos pelos quais gostam de mantê-las simplificadas. Eles não usam planilhas, pois sabem que tentar prever com precisão os números de uma empresa, para um horizonte de vários anos, é impossível.

Deste modo, a ideia central é dividir um problema complicado em problemas mais simples. É necessário dividi-lo em suas componentes, mas ainda ser capaz de olhá-lo como um todo.

A grande lição por trás disso é explicitada por Munger e Buffett: “Simplicidade é uma maneira de melhorar o desempenho, permitindo entender melhor o que estamos fazendo”.

Ao focar em encontrar decisões e apostas que são mais fáceis, Munger acredita que o investidor pode tomar decisões melhores, uma vez que passa a ter pleno entendimento do que se passa.

Simplicidade é saber filtrar

O filósofo americano William James é dono da seguinte frase: “A arte de ser sábio é a arte de saber o que ignorar”.

Neste sentido, parte do processo de filtragem consiste em entender o que o investidor sabe e o que ele não sabe. Desta forma, é possível conhecer o próprio círculo de competência.

Na função de investidores, os indivíduos tendem a pensar que ganharão vantagem sobre o mercado ao empregar análises complicadas. Em algumas ocasiões, acredito que isso possa ser verdade. Contudo, na maioria das vezes, aumentar a complexidade só aumenta o número de coisas que podem dar errado.

Assim, é com frequência que tentamos coletar o máximo possível de informação, incluindo informações que não serão utilizadas.

Também é um hábito comum do ser humano focar em detalhes irrelevantes ou desconhecidos, ao mesmo tempo em que as verdades óbvias são ignoradas.

Neste sentido, destaco que mais informação não é equivalente a mais conhecimento ou melhores decisões. Isso é verdade, principalmente nos tempos atuais, em que temos acesso não somente a mais informação, como mais “desinformação”.

É preciso direcionar o foco para as informações essenciais. O que queremos alcançar pode ser feito com poucas etapas, quando simplificado. Ao longo do processo, existem poucas decisões que terão real importância.

ACESSO RÁPIDO
    Tiago Reis
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    1 comentário

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    • Rodolfo Mendonça 2 de outubro de 2019
      Belo texto! Obrigado!! Fiquei com uma dúvida: quando fala em complicações e em planilhas, não inclui uma planilha para rebalanceamento com base nas % de alocações pré-estalecidas, certo? Não sei quem conhece, mas uso a do Pit Money com algumas modificações. Está falando de planilhas com diversos dados fundamentalistas para se tentar encontrar as melhores ações, é Isso? Obrigado novamente.Responder