Vale (VALE3): analistas veem números ‘decepcionantes’ em relatório de produção; ações caem

Após examinar os dados da produção e vendas da Vale (VALE3), divulgados nesta terça (19), analistas destacam cautela e conferem recomendação neutra para os papéis.

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O Goldman Sachs, que reforçou sua recomendação neutra para as ações da Vale, mira US$ 87 por tonelada do minério.

“A produção reportada de minério de ferro da Vale de 74 mi t no 2T22 foi 5% ficou acima das expectativas. No entanto, a empresa rebaixou o guidance de produção de minério de ferro para o ano inteiro para 310-320mtpa (de 320-335mtpa) e o guidance de produção de cobre para 270-285ktpa (de 330-355mtpa). Esperamos uma reação negativa do mercado”, dizem os analistas da casa.

No fechamento, as ações VALE3 caíram 2,16% a R$ 67,39.

“Os dados de minério de ferro da Vale não implicam em crescimento de produção em relação a 2021, o que é decepcionante e provavelmente alimentará as preocupações dos investidores sobre a capacidade da empresa de retomar a produção para os níveis de acidentes anteriores a Brumadinho, de 385 milhões de toneladas”, segue o GS.

A expectativa para a casa é de um EBITDA de US$ 6,2 bilhões no 2T22, “uma vez que as vendas mais fortes de minério de ferro são compensadas por metais básicos mais fracos e prêmios mais baixos”.

O Bank of America (BofA) também concluiu por uma recomendação neutra e fala sobre “valor acima do volume”.

“Os números parecem relativamente em linha com o consenso e nossas projeções, mas a produção e as vendas de minério de ferro são um pouco decepcionantes”, dizem os analistas.

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“Mantemos nossa recomendação neutra sobre a Vale com a perspectiva mais cautelosa de minério de ferro, equilibrada pelos robustos retornos de caixa da Vale por meio de recompras e dividendos. Acreditamos que o corte de guidance pode dar algum alívio aos preços do minério de ferro, mas no final das contas esse corte apenas formaliza os volumes mais baixos já na maioria dos investidores e em nossos modelos”, diz o BofA.

Há alguns dias os analistas do banco publicaram relatório revisando suas perspectivas para a Vale, citando um cenário turbulento por conta da China.

O Itaú BBA, da mesma forma, mantém recomendação neutra e mira US$ 20 para a ADR, ante US$ 12,70 atuais. A projeção é de um EBITDA de US$ 5,95 bilhões para o 2T22.

“Estamos confortáveis ​​com nossa estimativa de EBITDA de US$ 5,95 bilhões para o 2T22 (-7% no comparativo trimestral), já que a perda de 2,3 mton (-3%) ante a previsão de vendas de minério de ferro provavelmente será compensada pelo prêmio de qualidade um pouco mais alto. Nós esperamos realização mais fraca do preço do minério de ferro no trimestre (queda de US$ 27/t no trimestre), devido aos preços mais baixos e devido ao impacto negativo do mecanismo de preços”, anotam os analistas.

Segundo a casa, a venda de um total de 73,1 milhões de toneladas de minério de ferro (até 23% no comparativo anual) foi auxiliada por:

  • Melhor sazonalidade climática em junho na parte Norte, parcialmente compensada pela menor disponibilidade de ROM (minério bruto que é retirado da mina) devido a atrasos no licenciamento e restrições específicas no cadeia de mantimentos;
  • Melhoria da produção em Brucutu, Complexo Itabira, Timbopeba, Vargem Grande e Mutuca

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“Dito isso, o prêmio de qualidade da Vale caiu para US$ 7,3/ton no 2T22, de US$ 9,1/ton no 1T22, uma vez que maiores prêmios de pelotas foram parcialmente compensados ​​pelas vendas de alto teor de sílica volumes. Após números fracos no 1S22, a Vale reduz guidance de produção de minério de ferro para 2022 para 310-320 mts (de 320-335 mts), o que sinaliza as dificuldades enfrentadas para atingir sua meta de produção de longo prazo de 400 mtpa, mas pode ajudar a sustentar os preços do minério de ferro”, concluem os analistas do BBA.

Veja os dados de produção da Vale

A produção de minério de ferro da Vale (VALE3) totalizou 74,1 milhões de toneladas no segundo trimestre de 2022, o equivalente a uma queda de 1,2% na comparação anual e alta de 17,4% ante o 1T22, de acordo com relatório divulgado nesta terça (19).

A Vale também informou que a comercialização do minério foi de 64,3 milhões de toneladas no 2T22, diminuição de 2,3% ante o mesmo período de 2021 – porém, com aumento de 22,9% sobre o trimestre imediatamente anterior.

De acordo com o relatório da Vale, os resultados da produção vieram “pelo sólido desempenho dos Sistemas Sudeste e Sul no período seco”. Além disso, ressaltou que a produção do Sistema Norte aumentou 4% contra o primeiro trimestre deste ano, “beneficiando-se da sazonalidade climática usual, que foi parcialmente compensada por atividades pontuais de homogeneização de estoques em Ponta da Madeira para ajustar níveis de umidade.”

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Devido ao efeito pontual e a venda do Sistema Centro-Oeste, a Vale revisou o guidance para baixo para 2022, com expectativa de produção de 310 a 320 milhões de toneladas de minério de ferro. Originalmente, a projeção era de 320-335 milhões de toneladas. “A estimativa revisada está em linha com nossa filosofia de ‘value over volume'”, diz o texto.

As vendas de finos de minério de ferro e pelotas totalizaram 73,2 Mt, queda de 0,5% contra a base anual e alta de 23,3% sobre o trimestre imediatamente anterior.

Segundo a Vale, o prêmio foi de US$ 7,3 por tonelada, abaixo dos US$ 9,1 vistos no primeiro trimestre de 2022.

“Os maiores prêmios de pelotas foram compensados pelas vendas de minérios de alta sílica. Minérios de alta sílica podem ser blendados ao BRBF, concentrados na China ou vendidos separadamente. A Vale vendeu um percentual maior de minérios de alta sílica separadamente para antecipar vendas e se beneficiar dos preços de mercado mais altos no 2T22 para esses produtos. A flexibilidade do supply chain nos permite ajustar a estratégia de vendas de acordo com as condições de mercado”, aponta o relatório da companhia.

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Eduardo Vargas

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