Vale (VALE3): Bolsa de Londres retoma negociação de níquel nesta quarta (16)

A Bolsa de Metais de Londres (LME) anunciou que irá retomar amanhã (16) a negociação dos contratos de níquel, após suspensão de mais de uma semana. A Vale (VALE3), maior empresa aberta brasileira, é a segunda maior produtora da commodity. Apesar do anúncio, os papéis da companhia cedem 2,96%, no pregão desta terça-feira (15), acompanhando a retração do preço do minério de ferro.

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Na terça-feira da semana passada (8), a LME havia comunicado a suspensão da negociação dos futuros da commodity após os contratos de níquel superarem o teto de US$ 100 mil por tonelada, em valorização de mais de 100%.

O principal motivo que fez a cotação disparar foram as especulações sobre o impacto que as sanções do Ocidente à Rússia – em resposta à invasão da Ucrânia – teriam na produção do metal, uma vez que o país de Vladimir Putin é o maior produtor mundial de níquel.

Segundo o comunicado divulgado no início desta semana (14), a negociação dos contratos de níquel deve ser retomada nesta quarta-feira (16) às 5h do horário de Brasília, ou 8h no horário local, com algumas restrições. A principal delas é a adoção de limites máximos e mínimos para a publicação de ofertas de compra e venda, a fim de reduzir a volatilidade do mercado.

A medida é válida não só para os contratos de níquel, mas também para todos os outros metais básicos (categoria de metais não-preciosos) negociados, como alumínio, cobre, zinco, chumbo e estanho.

Segundo a bolsa, com exceção do níquel, que terá limites mais rígidos, o valor de negociação dos outros metais terá a margem de 15% em relação ao valor de fechamento do dia anterior. Já o níquel terá gatilhos graduais de 5% e 10%.

“Contra o pano de fundo de grandes posições ‘short[ou venda a descoberto] originadas no mercado de balcão e em combinação com o grande volume de notícias geopolíticas e cenário de baixos estoques de metais, a LME concluiu que condições desordeiras de mercado surgiram no mercado de níquel na última terça-feira, 8″, informou a bolsa.

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“Desde então, a LME tem agido proativamente com as partes interessadas para analisar as condições do mercado e para a volta das negociações”, completa. Segundo a bolsa, um grande cliente do mercado divulgou detalhes que apontam para a mitigação de “condições desordeiras” do mercado.

Segundo a LME, apesar dos comentários recebidos apontarem para um baixo estoque de níquel à pronta entrega – o que poderia exacerbar as condições adversas -, a bolsa pretende reforçar os limites de posição e ampliar a transparência do detentores de posições.

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Entre as brasileiras, Vale é a principal afetada

No Brasil, a principal empresa aberta afetada pelas condições de negociação da commodity é a Vale.

Em 2020, a gigante brasileira da mineração foi a segunda maior produtora de níquel, com 167,6 mil toneladas. A gigante da mineração ficou atrás apenas da russa Norilsk Nickel, ou Nornickel, com uma produção de 178,2 mil toneladas do minério.

Grande parte da produção de níquel da Vale está concentrada no exterior, no Canadá e na Indonésia. Em 2021, das 168 mil toneladas de níquel produzidas, 76,2 mil toneladas, ou 45,4%, vieram da república anglo-francófona, enquanto 66,7 mil toneladas, ou 39,7%, partiram do sudeste asiático.

A produção do Brasil respondeu por 19,1 mil toneladas, ou 11,3%, do total que a empresa extraiu.

Segundo o Anuário Mineral Brasileiro (AMB), no Brasil, a Vale é a segunda maior produtora de níquel do País. Em 2020, respondeu por cerca de 18,06% da produção nacional, com a extração concentrada no Pará. Em primeiro lugar, a Anglo American Niquel Brasil responde por 81,92%, com minas em Goiás.

Às 13h00, os papéis da Vale recuavam 2,96%, cotados a R$ 88,89, em linha com o recuo no preço no minério de ferro, em trajetória de queda e desvalorização de 9,5% nos últimos cinco pregões da bolsa de Dalian.

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Pedro Caramuru

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