Selic e fundos imobiliários: a decisão desta semana vai impactar o mercado?

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciará na quarta-feira (30), após o fechamento dos mercados, se haverá mudanças na Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. A tendência é de manutenção do patamar atual, de 15% ao ano, o mais alto desde 2006.

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Os olhos de agentes e analistas estarão atentos também ao comunicado que acompanhará a decisão. O texto deve mostrar a visão da autoridade monetária a respeito dos dados mais recentes de inflação e mercado de trabalho, além da forma como a diretoria do BC encara o risco inflacionário causado pela tarifa de importação a ser imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.

Caso não haja recuo do governo Trump ou um acordo durante as negociações que estão sendo realizadas, os produtos serão taxados em 50%, o que deve impactar os preços no mercado norte-americano e, ao mesmo tempo, o volume de negócios. Mais do que a variação da Selic, é essa incerteza que vem impactando o mercado de fundos imobiliários nos últimos dias, na avaliação do economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.

“É um impacto indireto, porque há um cenário de ruído e aumento da percepção de risco. O aumento da entrada de fluxo estrangeiro foi muito importante para a Bolsa nos últimos meses, mas nos últimos dias houve um aumento do fluxo de saída devido à incerteza sobre como a economia brasileira reagirá às tarifas”, explica o especialista.

Quanto à Selic, ele destaca que existe um movimento natural de queda do mercado de FIIs em momentos como agora, em que deve predominar uma visão conservadora no Copom a respeito da manutenção do patamar dos juros. “Nosso cenário é de manutenção da Selic em 15% até o fim de 2025, com início de cortes apenas nos primeiros meses de 2026. Quando essa discussão começar a acontecer, teremos um gatilho forte na Bolsa”, projeta Sung.

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Selic a 15%: pressão inflacionária continua, diz Sung

Para Gustavo Sung, há sinais positivos de desaceleração das pressões sobre a inflação, com queda no ritmo da atividade econômica e auxílio de um cenário de câmbio mais favorável ao real. “Mas são ajustes ainda na margem e inflação segue ainda muito acima da meta”, aponta o economista.

Por isso, é cedo ainda para discutir o início de um processo de corte da Selic. “Essas conversas devem vir mais para o fim do ano, quando esses sinais de moderação na atividade econômica se intensificarem, assim como a convergência de inflação para a meta”, projeta Sung.

Quando isso acontecer, ele projeta um novo gatilho de recuperação para os mercados de renda variável, como foi registrado ao longo do primeiro semestre. Por enquanto, o IFIX deve continuar andando de lado, assim como os preços dos ativos — em sua maioria descontados em relação ao valor patrimonial.

Assim, ele acredita que pode ser uma boa hora para começar a investir, de olho em ganho de capital no médio e longo prazo, a partir de uma recuperação de preços na hora em que a Selic começar a recuar. “Quem se posicionar bem agora vai ter chance de obter boa rentabilidade na Bolsa depois”, avisa Sung. Mas ele alerta que “nem todo preço baixo é uma oportunidade” e que o investidor deve escolher seus investimentos com cuidado, de olho nos fundamentos e seguindo recomendações de analistas especializados.

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Fernando Cesarotti

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