Selic: Após Copom, analistas antecipam expectativas para início do ciclo de alta de juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, após a reunião da última quarta-feira (20), manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 2%, como era esperado pelos investidores. O mercado, no entanto, ainda digere as informações passadas pelo colegiado do Banco Central (BC) após o corte do forward guidance.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240-Banner-Home-2-1.png

O forward guidance é uma prescrição para o que os players do mercado podem esperar para o futuro no que tange a atuação do BC. Segundo a autarquia, a retirada da ferramenta ocorre com base “expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico”, embora o estímulo monetária através da Selic permaneça “extraordinariamente elevado”.

Em relatório, o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, disse que o agravamento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil traz novos panoramas para o BC. Segundo ele, o avanço do vírus “intensifica tanto o risco de ociosidade quanto de deterioração fiscal”, o que deve ser trazido para a análise do grau de estímulo monetário.

Suno One: acesse gratuitamente eBooks, Minicursos, Artigos e Video Aulas sobre investimentos com um único cadastro. Clique para saber mais!

A corretora, que agora prevê a Selic em 3,5% no fim deste ano e de 4,50% em 2022, pontuou que, baseado nos dados econômicos recentes (melhora da atividade no fim de 2020 e ampliação do choque inflacionário), o Copom deverá antecipar o ciclo de alta dos juros de agosto (previsão anterior) para maio. Esse ritmo de alta deve se estender até meados do ano que vem.

A visão é compartilhada pelo Banco Inter (BIDI11). Para a economista-chefe da instituição, Rafaela Vitória, o ciclo de alta poderá entrar em vigor em maio, e não mais em junho como esperavam.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/03/Ebook-Acoes-Desktop.jpg

O banco também prevê que a taxa de juros termine o ano na casa de 3,5%, visto que o “cenário de inflação do BC para 2021 e 2022 está bem próximo do centro da meta”. Um prolongamento das políticas fiscais poderia representar “um risco de alta da inflação ainda maior”.

Tom para a Selic é de cautela, diz Itaú

Em atenção à reunião do Copom, o Itaú (ITUB4), que já previa a antecipação do ciclo de alta antes mesmo do encontro, entendeu que o tom do Copom para a Selic foi hawkish.

Uma postura hawkish representa a manutenção de uma política austera, com taxas de juros mais elevadas e, dessa forma, com maior controle da inflação.

O Copom “observou que o recente aumento da inflação, embora provavelmente transitório, está se mostrando persistente”, disse a instituição. Para o maior banco da América Latina, o que vai determinar os próximos passos do Comitê será o balanço de riscos em torno do cenário central e o andamento da inflação até a próxima reunião, daqui 45 dias.

O BTG Pactual (BPAC11) lembra que, na ata da reunião em dezembro, a indicação era de que o forward guidance não poderia ser prolongado, o que se cumpriu. “Segundo o comitê, o guidance implementado no ano passado indicava que o Copom não reduziria o estímulo monetário se as condições especificadas fossem atendidas. E, com base em novas informações, ocomissão considerou que essas condições já não se aplicam”.

O UBS também espera que o ciclo de alta se inicie em maio, e não na próxima reunião, no início de março. Contudo, a previsão do banco é que a Selic termine 2021 em 4%, após quatro elevações consecutivas de 0,50%.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

Jader Lazarini

Compartilhe sua opinião