Selic a 15%: Copom aumenta juros pela sétima vez consecutiva 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, para 15% ao ano. É o maior patamar desde julho de 2006.

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A decisão foi unânime entre os nove membros do comitê — o presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, e os oito diretores. “A decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, apontou o Copom.

O texto repetiu o tom de declarações recentes de Galípolo, citando que aproximar novamente a inflação da meta exige “uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”. 

O Copom diz ainda que acompanha de perto os desenvolvimentos da política fiscal e seus impactos no mercado. “O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, diz o comunicado.

Selic: ciclo de alta deve ser interrompido

O texto usa uma condicional para falar sobre um possível encerramento do ciclo de alta da Selic, iniciado no ano passado, dizendo que, “em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”.

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O comunicado informa que alguns efeitos do aperto monetário já vêm sendo verificados, como desaceleração na atividade econômica e no mercado de trabalho, mas ainda em níveis abaixo do necessário para ancorar as pressões inflacionárias.

O Copom cita “maior maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo” e “uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”.

O texto diz ainda que “o Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.

Ambiente externo desafiador

Os diretores do BC citaram ainda a dificuldade de monitorar o ambiente externo, citado como “adverso”, diante da necessidade de acompanhar o impacto das políticas econômica, comercial e fiscal dos Estados Unidos, num cenário de intrincadas negociações sobre tarifas de comércio exterior e diante do aumento das tensões no Oriente Médio.
“Além disso, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos também têm sido afetados, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de acirramento da tensão geopolítica”, diz o texto do Copom sobre a nova elevação da Selic.

Fernando Cesarotti

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