Acusado por Sasha, filha da Xuxa, de golpe, “Sheik” das criptmoedas foi sócio do pastor Malafaia, diz jornal

No início do mês, Sasha Meneghel, filha a apresentadora Xuxa, revelou ter entrado, junto com o marido João Figueiredo, com uma ação na Justiça. O processo tinha como alvo a empresa paranaense Rental Coins, acusada de golpe de pirâmide financeira. Nesta terça (28) o jornal O Globo deu mais detalhes sobre o processo judicial e sobre o dono da firma, Francisley Valdevino da Silva, conhecido como Francis da Silva ou “Sheik da Criptomoedas”. Ele vem sendo investigado pela Polícia Federal depois de lançar uma operação que prometia lucros com “aluguel de criptomoedas”. Outros investidores — alguns com queixas de terem recebido calote de até R$ 600 mil – foram lesados. A suspeita é de crime contra o sistema financeiro nacional.

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Silva frequentava templos evangélicos, locais em que atraía vítimas. Segundo reportagem do jornal do Rio, o “Sheik” abriu uma empresa chamada Alvo X, de tecnologia, com o pastor Silas Malafaia, que ele conheceu em cultos religiosos.

Enquanto no Rio de Janeiro ficou famoso o Faraó dos Bitcoins — Glaidson Acácio dos Santos –, envolvido e preso por golpes de pirâmide financeira, Silva atuava e fazia vítimas no Paraná — entre as quais Sasha e o marido. Francis é proprietário da Rental Coins, que começou a funcionar em janeiro de 2019. Seu negócio consistia em “alugar criptomoedas”. Prometia aos clientes lucros com juros de até 5% ou 13,5% ao mês e, após um ano, a entrega do ativo. Francis ampliou o número de investidores apostando nessa intrigante proposta. Segundo o Globo, ficou rico.

Mas por que o apelido “Sheik”? De acordo com o jornal, nas redes sociais ostentava helicópteros, aparecia em restaurantes chiques e passou a viajar para os Emirados Árabes — e por isso passou a ser chamado de “Sheik.”

“Sheik”: discurso religioso e investimentos em criptmoedas

Foi com o discurso evangélico que ele conheceu líderes e fiéis em Curitiba, onde comandava a Rental Coin. Integrantes de templos acabaram virando investidores. Foi o que aconteceu com Sasha e o marido João, que frequentavam uma igreja na cidade.

O processo do casal, acompanhado pelo juiz Erick Antônio Gomes da 14ª Vara Cível de Curitiba do Tribunal de Justiça do Paraná, aponta que o investimento inicial do teria sido de R$ 50 mil. Sasha Meneghel e o marido também teriam assinado outros dois contratos com o aporte de mais de R$ 1,2 milhão, alimentando ainda mais a pirâmide financeira.

A companhia de Curitiba oferecia rendimentos fixos ao mês baseados em uma suposta alocação de criptomoedas. Quando o casal não conseguiu reaver os aportes, decidiu entrar com o processo.

Conforme apuração feita pelo site Metrópoles, o Sasha e João tenta reparação por danos materiais e morais sobre a Rental Coins, que, de acordo com o documento legal, teria utilizado de uma “sofisticada cadeia de subterfúgios para constituir pirâmide financeira e aplicar golpe nos autores”, diz trecho da ação.

Sasha Meneghel e o marido também acusam Davi Zocal dos Santos, um dos agentes de investimentos da Rental Coins, de “abuso da confiança e da fé religiosa”. Segundo o processo contra a companhia, eles teriam conhecido o agente dentro da igreja cristã evangélica na qual o casal congrega.

Já com algum nível de amizade, Zocal teria oferecido a oportunidade de Sasha e o marido investirem em criptomoedas, apresentando depois o casal ao dono da empresa, Francisley Valdevino da Silva.

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Francis, o “Sheik”, afirmou em entrevista à TV Record em março deste ano que a empresa estava passando por uma reestruturação e auditoria desde o final de 2021.

Esse seria o principal motivo sobre os problemas com saques, segundo o empresário, e Francisley disse que deu garantias de que todos iriam receber o dinheiro de volta.

Sasha Meneghel não foi a única a acionar a Justiça contra a Rental Coins. A empresa responde a cerca de 300 processos em todo o Brasil. Em um caso recente, um dos autores conseguiu bloquear R$ 200 mil da firma do Paraná.

Centenas de processos

Segundo a reportagem de O Globo, Francis, o Sheik, é de São Paulo e já trabalhou em um pet shop e comercializou roupas, com uma empresa própria. Sem sucesso foi morar em Curitiba. Abriu na capital do Paraná outra empresa, esta de marketing e vendas. A matéria do jornal do Rio diz que ele foi acusado, seis meses depois, de aplicar golpes de pirâmide financeira ao tentar recrutar vendedores. Mudou-se em 2016 para a Flórida (EUA).

Trabalhou em uma empresa depois de conhecer um homem que mostrou como funcionava o mercado de bitcoins. No ano seguinte, Francis voltou para Curitiba, abriu uma outra empresa, chamada Intergalaxy.

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Antes da Rental Coins, com a aval de uma portaria da Receita Federal que permitia aluguel de criptomoedas, teve outra empresa, a InterAG. A reportagem de O Globo mostra que Francis passou a operar com contrato de aluguel dos ativos em 16 de janeiro de 2019.

Sheik do Paraná. Foto: Arquivo pessoal
Sheik do Paraná. Foto: Arquivo pessoal

Ganhou dinheiro com o negócio e conheceu o pastor Silas Malafaia, com quem abriu a AlvoX. Ficou rico, chegou a lançar moedas em 2020. Foi dono de gravadora gospel e fechou contrato com artistas do gênero. Abriu outras empresas.

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Em abril de 2021, uma delas, a Compralo, teve um diretor, Guilherme Grabaski, vítima de um atentado, que o deixou ferido em estado grave e com sequelas.

Em novembro de 2021, parou de pagar os contratos de aluguéis. Já tinha então cerca de 40 mil clientes. Sofreu ações na Justiça e fechou o site da empresa.

Virou alvo de processos de investidores – em centenas de ações civis, segundo O Globo — e passou a ser investigado pela Polícia Federal do Paraná. Os processos continuam correndo na Justiça, e Sheik, segundo o Globo, mantém a Rental Coins aberta.

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Marco Antônio Lopes

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