Rodovias de 15 estados têm 146 pontos de interdições e bloqueios; cresce risco de desabastecimento

Cerca de 146 rodovias brasileiras estavam parcial ou totalmente bloqueadas por volta das 16h30, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Pela manhã desta quarta-feira (2), às 9h20, os registros apontavam 156 bloqueios e interdições em estradas.

Além dos bloqueios com solicitações de intervenção federal, parte dos bolsonaristas também estão realizando manifestações nos quartéis de pelo menos 9 estados e DF, pedindo por intervenção militar.

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Os bloqueios em estradas totalizavam 26, frente a 110 que eram registrados pela manhã. Já o número de interdições de estradas de forma parcial chegou a 115.

As manifestações nas rodovias se espalharam por 15 estados brasileiros, dentre eles:

  • Santa Catarina
  • Mato Grosso
  • Paraná
  • Pará
  • Minas Gerais
  • Rondônia
  • Espírito Santo
  • Pernambuco
  • Amazonas
  • Mato Grosso do Sul
  • São Paulo
  • Acre
  • Goiás
  • Maranhão
  • Rio Grande do Sul

Enquanto isso, as manifestações em quartéis ocorrem nos seguintes estados:

  • Bahia
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio, Rio Grande do Sul
  • Santa Catarina
  • São Paulo

O estado com o maior número de bloqueios e interdições em rodovias é Santa Catarina, com 36 no total. Já Mato Grosso registra 31 ocorrências, e no Paraná, 18.

Na atualização das 16h30, apenas três estados tinham bloqueios totais de estradas, sendo 3 nas rodovias do Rio Grande do Sul, 3 no Paraná e 20 em Santa Catarina.

De acordo com os dados da PRF, foram 688 manifestações desfeitas desde o começo das mobilizações, que se iniciaram na noite de domingo (30).

Bloqueios aumentam riscos de desabastecimento

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) manifestou grande preocupação com a situação da produção e distribuição de alimentos em todo o país, frente a permanência dos bloqueios em centenas de estradas brasileiras, gerando risco de desabastecimento.

“As operações de produção, distribuição, comercialização e entrega de alimentos e bebidas configuram atividade essencial, reconhecida pelo governo federal, e é imprescindível que as manifestações não prejudiquem o livre trânsito de alimentos”, disse a ABIA em nota.

Os bloqueios nas estradas acabam comprometendo de forma severa o acesso das indústrias às matérias-primas e insumos que são essenciais à produção, o que aumenta o risco de desabastecimento.

Além disso, os bloqueios nas estradas impedem a distribuição de alimentos em todas as categorias, o que inclui leite em pó e fórmulas infantis.

De acordo com o monitoramento da ABIA são mais de 30 linhas de produção que se encontram paradas ou com risco alto de paralisação nas próximas horas, caso a situação persista.

“Se os bloqueios forem mantidos, a partir de amanhã há risco de descarte de, no mínimo, 500 mil litros de leite por dia pelos principais fornecedores de apenas uma indústria associada”, diz a ABIA.

A associação também destaca a possibilidade de perda de milhares de produtos. A consequência disso seria prejuízos à economia da casa dos milhões de reais.

Outro fator a ser destacado em caso de desabastecimento ou de perda de produtos seriam impactos na inflação, assim como “um desserviço aos esforços empreendidos pela sociedade no combate à insegurança alimentar”, diz a nota.

Desse modo, a ABIA destaca como urgente que sejam adotadas ações rápidas e efetivas de governos para tirar o bloqueio de estradas, além de criar corredores logísticos que garantam a circulação de alimentos, o abastecimento, e evitem o desperdício.

70% de pequenos supermercados em 5 Estados têm problema para receber perecíveis

Setenta por cento dos pequenos supermercados em Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal, registram problemas parciais de abastecimentos de frutas, legumes, verduras, carnes e laticínios devido aos bloqueios em rodovias pelo País, segundo Marcio Milan, vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

De acordo com ele, algumas regiões do interior de São Paulo e do Rio de Janeiro também apresentam dificuldades.

“Os grandes supermercados têm centros de distribuição e possuem estoque que conseguem suprir estas mercadorias de perecíveis a seus clientes”, afirm Milan.

Para o vice-presidente da Abras, a redução dos pontos de paralisação de rodovias pelo País deve fazer com que o fluxo de caminhões para os Estados mais prejudicados seja retornado em breve. “Em 2 dias, os pequenos supermercados terão situação normalizada com fim dos bloqueios.”

Brasilcom alerta sobre risco de desabastecimento de combustíveis com bloqueios

Representantes do setor logístico já estão alertando para o aumento no risco de desabastecimento, em virtude dos bloqueios parciais e totais nas estradas brasileiras.

Segundo o CEO da BBM Logística e diretor da Abralog (Associação Brasileira de Logística), a situação se encontra bastante crítica. Ele alerta para o fato de que se a liberação das estradas não tivesse um avanço, o risco de desabastecimento em grandes centros urbanos cresce.

Já a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Biocombustíveis e Gás Natural (Brasilcom) alertou, por meio de nota, para o risco de desabastecimento de combustíveis em consequência das manifestações contra Lula.

“A Brasilcom recomenda ações coordenadas das autoridades responsáveis para o urgente desbloqueio das estradas e, onde necessário, proteger e acompanhar o deslocamento do transporte de combustíveis, visando assegurar o abastecimento de postos revendedores, supermercados e de hospitais, principais prejudicados pelas interrupções de fornecimento”, disse a federação, no comunicado.

Ainda conforme a Brasilcom, as associadas participam com informações em tempo real sobre os bloqueios nas rodovias e ações contínuas para auxiliar as autoridades do governo “na solução para este grave problema que afeta toda a população”.

O comunicado aponta ainda que a diretoria da federação vem trabalhando, juntamente com o Ministério das Minas e Energia (MME) e com a Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP), na criação de medidas para “resolver ou mitigar os problemas que vêm sendo enfrentados”.

O que está sendo reivindicado nas manifestações?

As manifestações vieram pela insatisfação com o resultado das eleições presidenciais no 2º turno, quando Luiz Inácio Lula da Silva levou a melhor com mais de 60 milhões de votos.

As manifestações contra eleição de Lula estão sendo realizadas por apoiadores de Jair Bolsonaro, que ficou na segunda colocação na disputa, com mais de 58 milhões de votos.

O feriado de Finados foi marcado por atos em diversas cidades, entre elas Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Os manifestantes protestavam contra o resultado da eleição para a Presidência da República. Eles pediam intervenção federal.

No Rio de Janeiro, as manifestações de bolsonaristas começaram no início da manhã, em frente ao Comando Militar do Leste (CML), sede regional do Exército, no centro. Vestidas de verde e amarelo, carregando bandeiras do Brasil e cartazes, as pessoas ocuparam toda a frente do prédio do CML e a maior parte da Avenida Presidente Vargas. Os militares formaram um cordão de isolamento em frente ao portão principal do CML.

Em São Paulo, o ponto de encontro foi em frente ao Comando Militar do Sudeste, na região do Parque do Ibirapuera, na zona sul paulistana. A Polícia Militar informou que monitora o local com reforço e desvio do trânsito no entorno.

Em Brasília, o ato ocorre em frente ao Quartel-General do Exército, no SMU (Setor Militar Urbano). As pessoas começaram a chegar na noite de ontem (1º). A Polícia Militar disse que deve divulgar um boletim sobre as ocorrências por volta das 19h.

Assim, além de bloqueios parciais e totais em centenas de estradas, o feriado desta quarta foi marcado por protestos e manifestações em 15 estados do país.

(Com informações de Estadão Conteúdo e Agência Brasil)

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João Vitor Jacintho

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