Bolsonaro sobre manifestações em rodovias: “São pacíficas, espontâneas e mostram indignação”

Em pronunciamento nesta terça-feira (1º) à tarde, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que ‘manifestações pacíficas são bem-vindas’, se referindo aos movimentos de bloqueios de rodovias federais. Acrescentou que os métodos usados pelos caminhoneiros “não podem ser como os da esquerda” .

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Bolsonaro sofre pressão de diversos empresários e setores da economia para se pronunciar sobre as manifestações que bloqueiam as rodovias. Os manifestantes, segundo balanço divulgado PRF, protestam em 227 rodovias federais na tarde desta terça (1º). Os caminhoneiros começaram a protestar desde a madrugada de domingo. Lideranças dizem que o movimento teve início depois das eleições e contestam o resultado das urnas, que deram vitória ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As polícias, atualmente, atuam para desmobilizar os manifestantes. Em alguns estados, tiveram que ser tomadas medidas judiciais por governantes para que ações fossem tomadas.

“Quero agradecer os 58 milhões de votos. As manifestações são espontâneas e mostram indignação com o modo que o processo eleitoral foi conduzido. Mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, como invasão de propriedade e cerceamento do direito de ir e vir”, disse. o presidente Jair Bolsonaro, em Brasília.

Em despacho nesta terça-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, reforçou a autorização, pelos governadores de Estados, à utilização de tropas militares.

Antes das ações, mais de 400 pontos em rodovias estavam sob bloqueios.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, nesta terça-feira (1º), os supermercados passaram a enfrentar dificuldades de abastecimento.

Galassi solicitou apoio a Bolsonaro sobre as “dificuldades de abastecimento que já começam a enfrentar os supermercadistas em função da paralisação dos caminhoneiros nas estradas do país”.

Os setores de combustíveis, saúde e proteína animal devem sentir os impactos das paralisações nas rodovias.

De acordo com uma fonte do setor consultada pelo Estadão/Broadcast, poderá haver redução no ritmo de abates por conta da dificuldade da chegada de lotes de animais nas plantas frigoríficas.

Conforme indicado pela rádio CBN, o Sindicato dos Postos de Combustíveis do Distrito Federal alertou para os reflexos das manifestações. A entidade cita que alguns postos de combustíveis reajustaram os preços. Ainda há outros postos que podem enfrentar desabastecimento.

Em meio a este cenário, existe a preocupação de que as entregas de remédios sejam afetadas.

Inicialmente, ocorreram protestos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, Pará e no Distrito Federal.

Em Santa Catarina, por exemplo, a administradora das rodovias tem feito atualizações com sobre os bloqueios nas redes sociais. No Twitter, aponta mais de 14km de fila em algumas regiões “devido à manifestação popular”.

Vídeos que circulam na internet mostram pneus pegando fogo na via. Em um deles, é possível ouvir o hino nacional ao fundo.

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Bloqueio de estradas já causa falta pontual de combustível no Sul e Centro-Oeste

Um dos itens mais sensíveis ao bloqueio de rodovias federais, os combustíveis, já começaram a faltar em postos de cidades do Sul e Centro-Oeste do País, segundo entidades que representam varejistas do setor. A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) diz se tratar de focos de desabastecimento pontuais e nega o risco iminente de uma crise de nível nacional.

Desde domingo à noite, bolsonaristas protestam contra o resultado das eleições e fecharam centenas de rodovias federais, travando a livre circulação de pessoas, bens e serviços.

“Até aqui, são casos pontuais de falta de combustíveis. O que está nos chamando atenção é uma parte do estado de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. Essas regiões concentram os bloqueios que estão afetando o transporte rodoviário de combustível”, diz o presidente da Fecombustíveis, James Thorp.

Segundo o executivo, ainda não há desabastecimento, situação em que nenhum posto de uma cidade tem combustível para venda, mas há preocupação crescente. Ele avalia que, embora haja movimentações de bloqueios desde domingo à noite, na segunda-feira foi o primeiro dia efetivo de dificuldades ao transporte de cargas de combustíveis nas estradas.

O primeiro Estado a registrar falta pontual de produto foi Santa Catarina. No fim da tarde de segunda-feira, 31, postos do município de Joinville (SC) já não tinham mais produto para vender, informou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Santa Catarina (Sindipetro). Houve corrida para encher os tanques, com filas de carros pelas ruas e aumento de preço onde ainda havia insumo.

No Centro-Oeste, há problemas no Distrito Federal e Goiânia. Segundo o presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares, o bloqueio total ou parcial das vias de acesso à Brasília, já prejudica caminhões que transportam para a região o etanol anidro, insumo que responde por 27% da mistura da gasolina comum. Por essa razão, as distribuidoras impuseram, desde segunda-feira à noite, quotas diárias para entrega de combustível por revendedores.

“Cremos que os estoques possam durar por até 7 dias, mas é preciso confirmar com as distribuidoras. Postos do entorno (do DF), que recebem combustível de Goiânia, já estão sem produto devido aos bloqueios”, informou Tavares por meio de nota.

Durante a greve dos caminhoneiros de 2018, que tinha como foco o aumento do preço do diesel e mudanças na tabela de frete, começou a faltar combustível em postos de todo o país a partir do quarto dia efetivo de bloqueios, em 24 de maio. Um dia depois, passou a faltar combustível de aviação em 11 aeroportos, incluindo o de Brasília, e outros dois, Confins (MG) e Rio Grande do Sul entraram em estado crítico. Dois dias depois, em 27 de maio, o então governo Michel Temer (MDB) fechou um acordo com os caminhoneiros que, além de outras concessões, incluiu redução no preço do diesel de R$ 0,46 por litro. Desta vez, lideranças de movimentos de caminhoneiros já descartaram envolvimento com as mobilizações.

Em nota, a Fecombustíveis afirma que “o direito à manifestação não pode estar à frente do bom senso, podendo causar prejuízos à economia do país e à liberdade de ir e vir dos cidadãos que estão em trânsito”. O Sindicombustíveis-DF diz esperar que “manifestações de cunho político provocadas por uma minoria”, possam terminar com brevidade para evitar transtornos a toda população.

Líderes dos caminhoneiros negam movimento organizado e repudiam bloqueios

O deputado Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, disse em nota que a categoria não deve paralisar oficialmente.

Segundo o parlamentar, o caminhoneiro “não participa e nem participará de nenhum movimento de paralisação ou bloqueio de rodovias para protestar e questionar o resultado das eleições que elegeu o candidato Luiz Inácio Lula da Silva como novo Presidente do Brasil”.

Outros líderes de entidades também apontam que as manifestações dos caminhoneiros são espontâneas e não foram encabeçadas por associações.

À Folha de S. Paulo, o diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), Carlos Alberto Litti Dahmer, disse que “A pauta que está sendo discutida agora não é uma pauta dos trabalhadores do transporte, não é uma pauta econômica. A pauta econômica que deve ser mantida e levada, independente do governo”.

O Presidente da ANTB (Associação Nacional de Transportes do Brasil), José Roberto Stringasci, por sua vez, disse que não se trata de um movimento organizado.

“Não necessariamente é o caminheiro que está parando. Eles estão parados por causa dos bloqueios. Existe alguns caminhoneiros que estão apoiando. Mas não é a categoria no geral que está fazendo. É um ou outro motorista que está participando”, disse Stringasci, que é vinculado aos caminhoneiros.

Veja o pronunciamento de Bolsonaro na íntegra

“Quero agradecer os 58 milhões de votos. As manifestações são espontâneas e mostram indignação com o modo que o processo eleitoral foi conduzido. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, como invasão de propriedade e cerceamento do direito de ir e vir. Sempre fui acusado de antidemocrático, e ao contrário dos meus opositores, sempre joguei nas quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da república e cidadão, seguirei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”, disse.

“Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, Pátria, Família e Liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nosso sonho segue mais vivo do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso. Mesmo enfrentando todo o sistema, enfrentamos a pandemia e as consequência de uma guerra. É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarelo da nossa bandeira. Muito Obrigado”, conclui Bolsonaro, em sua curta fala.

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Com informações do Estadão Conteúdo

Eduardo Vargas

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