Ibovespa fecha semana no verde mas questão orçamentária trava avanço
O Ibovespa fechou a última semana, entre o final de março e o começo de abril, em alta de 0,41%, ficando nos 115.253 pontos. Apesar do avanço, o principal índice da bolsa brasileira ficou aquém do desempenho dos os pares americanos, com o S&P 500 terminando a semana avançando 1,28% e a Nasdaq, 2,80%, principalmente por conta da questão do Orçamento 2021.
A bolsa brasileira começou a semana em alta, subindo 0,56% na segunda, impulsionada pelas commodities – principalmente pelo petróleo e pelo minério – que avançaram no dia.
Nem mesmo a reforma ministerial que estourou em Brasília na segunda conseguiu aplacar a alta do índice. A saída de nomes como o ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva e como o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo não fizeram peso no desempenho da bolsa brasileira.
Segundo Marcio Loréga, analista técnico da Ativa Investimentos, a atenção do mercado, na ocasião, estava concentrada em outras questões. “Os olhos do mercado estavam mais voltados à questão de pandemia e propriamente aos desdobramento com relação à vacinação. A questão da maquiagem do Orçamento também recebe atenção do mercado” disse, no dia, ao SUNO Notícias.
Na terça, o Ibovespa voltou a subir, avançando 1,24% e operando descolado do exterior. No dia, passaram a aparecer comentários de que a reforma ministerial provavelmente auxiliaria o governo a avançar com algumas pautas.
“Com as mudanças, o governo passa a ter um pouco mais de chance de aprovar as reformas e avançar com as privatizações”, afirmou Karoline Borges, analista da Planner. A entrada da deputada Flávia Arruda (PL-DF) como ministra-chefe da Secretaria de Governo passou a ser visto como um alinhamento entre o executivo e o centrão.
O que também ajudou a empurrar o Ibovespa na terça foram os dados do Caged de fevereiro, com o país criando 401,6 mil empregos no mês, número maior do que o esperado pelo mercado.
Além disso, o índice surfou em certo otimismo em relação à vacina: o Brasil conseguiu, nesta semana, acelerar a sua campanha de imunização, com o número de vacinados chegando próximo, em alguns dias, a um milhão. Com isso, o destaque do Ibovespa na terça foram, inclusive, as empresas ligadas ao setor aéreo, que dependem bastante do enfraquecimento da pandemia para avançarem.
A partir de quarta, Orçamento 2021 pesou no Ibovespa
Na quarta, o índice interrompeu sua sequência de altas, que já acumulava quatro pregões consecutivos, e caiu 0,18%, sofrendo por conta das tensões causadas pela discussão do Orçamento 2021.
Jornais começaram a anunciar, então, uma possível nova debandada de integrantes do Ministério da Economia se a lei fosse sancionada na forma em que foi aprovada no Congresso: com o corte de despesas obrigatórias, exigidas pela Constituição, para dar mais espaço a emendas parlamentares, o que provavelmente causaria furos no teto de gastos.
Na quinta, a questão orçamentária voltou a travar o desempenho do Ibovespa, contando ainda com o auxílio dos dados mais fracos da indústria, que recuou 0,70% em fevereiro, impactado pela pandemia. Na análise da Ativa Investimentos os resultados “podem significar uma desaceleração na recuperação econômica”.
O índice ainda foi impactado na quinta pelo mau desempenho dos bancões, que retrocederam bastante após a notícia de que o Banco Central aprovou a transferência monetária via WhatsApp, o que é visto como uma ameaça a essas instituições. Itaú (ITUB4), com 6,1% da carteira do Ibovespa, e Bradesco (BBDC4), com 5,2%, recuaram ambos mais de 3%.
Na quinta, a B3 divulgou também, a primeira prévia do Ibovespa para o período de maio a agosto deste ano. Entre as novidades, a entrada da Locaweb (LWSA3), sem nenhuma exclusão, como o índice passando, com isso, a contar com 83 ações.