Empresas da bolsa tiveram 3º trimestre positivo, mas futuro é incerto
Os resultados das empresas da bolsa no terceiro trimestre vieram acima do esperado pelos analistas, apesar de o mercado ter sido negativo no período, com queda de 12% do Ibovespa de julho a setembro. A fraca base de comparação no terceiro trimestre de 2020 ajudou as empresas na comparação anual, já que o terceiro trimestre deste ano teve um impacto muito menor da pandemia, graças ao avanço da vacinação.
No terceiro trimestre de 2021, o Lucro por Ação (LPA) das empresas do Ibovespa cresceu mais de duas vezes em relação ao mesmo período do ano passado, segundo relatório da XP Investimentos. Além disso, 64% das empresas reportaram um lucro operacional (Ebitda) acima do esperado pela XP. Outros 11% foram em linha, enquanto 26% ficaram abaixo das expectativas.
Quanto à receita, 55% das empresas superaram as expectativas, 26% foram em linha e 19% vieram abaixo.
Já para o Banco Safra, quase 41% dos resultados veio acima das expectativas e uma proporção similar esteve abaixo das projeções, enquanto mais de 18% veio em linha com o esperado.
Balanços de empresas de commodities foram mais positivos
Segundo os especialistas consultados pelo Suno Notícias, os balanços mais fortes do terceiro trimestre foram de empresas da bolsa ligadas ao cenário internacional, enquanto o mercado doméstico trouxe mais desafios.
Isso ocorreu porque os preços das commodities estão favoráveis para as empresas, que tiveram mais facilidade na hora de repassar a alta dos custos.
Gabriela Joubert, head de Research do Inter, destacou como positivos os resultados das empresas da bolsa de papel e celulose, como a Klabin (KLBN11), que conseguiram compensar as menores vendas na China com maiores embarques para Europa e América do Norte. Os frigoríficos mais expostos ao mercado externo, como a JBS (JBSS3), também se saíram bem, com a demanda global positiva.
Dentre as commodities, apenas a Vale (VALE3) acendeu maiores preocupações devido aos volumes mais baixos que o esperado. “Já se esperava um preço mais baixo, mas a surpresa negativa da Vale foi o volume de vendas”, afirmou a especialista do Inter.
Os bancos foram outro destaque positivo da temporada de balanços do terceiro trimestre, com a inadimplência sob controle e a redução da sinistralidade dos braços seguradores.
Empresas da bolsa focadas em consumo tiveram mais desafios
As empresas da bolsa mais expostas ao consumo interno sofreram mais no terceiro trimestre, como as varejistas Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3). “Os setores mais impactados pelos juros em alta e pela atividade econômica mais fraca sofrem mais”, afirma Fred Nobre, analista da Warren.
O setor de saúde, que era apontado como um dos favoritos para a temporada de resultados, também veio abaixo do esperado. O aumento dos custos e a dificuldade em repassar este aumento tendem a pressionar as margens das empresas, e este desafio veio para ficar.
Segundo Nobre, a grande preocupação agora é sobre a capacidade das empresas manterem os resultados atuais dentro de um ou dois anos, com taxas de juros mais altas, economia menos aquecida e inflação crescente. Ele destaca que o custo de capital das empresas da B3 tende a crescer com a alta dos juros, já que todas têm dívidas em sua composição de capital.
Para os resultados das empresas da bolsa no quarto trimestre de 2021 e em 2022, os analistas estão bem menos otimistas, já que os desafios só aumentam.