Por que o dólar está caindo? Saiba se a moeda norte-americana deve continuar em queda
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O dólar atingiu nesta semana o menor patamar em 14 meses, cotado a R$ 5,39, após encerrar as negociações da última terça-feira (12) em queda. No acumulado do ano, a divisa apresenta queda de mais de 13% frente ao real, após ter avançado mais de 27% no ano passado.

Nesta semana, a baixa do dólar foi impulsionada por expectativas de corte de juros nos Estados Unidos e por um cenário interno mais atrativo para investidores estrangeiros. O indicador de inflação ao consumidor norte-americano (CPI) veio em linha com as projeções do mercado.
Além do cenário externo, alguns fatores domésticos têm atraído capital estrangeiro. Entre eles, juros elevados e uma bolsa considerada barata em termos históricos estão impulsionando o real e pressionando a cotação do dólar para baixo.
Por que o dólar está caindo?
Segundo Danilo Coelho, economista e especialista em investimentos, a conjuntura no Brasil é favorável para a queda da moeda norte-americana.
“Temos uma taxa de juros muito alta, a economia com potencial de recuperação e uma bolsa que é uma das mais baratas do mundo. Isso atrai bastante capital de fora, principalmente por causa dos juros elevados e do patamar da nossa bolsa”, diz ele.
A combinação desses elementos aumenta o fluxo de recursos para o país, valorizando o real. O movimento é reforçado pelo enfraquecimento do dólar globalmente, já que a perspectiva de juros mais baixos nos EUA reduz o rendimento dos títulos americanos, tornando outros mercados mais atrativos.
Coelho também cita o impacto recente do chamado tarifaço anunciado pelo governo norte-americano. No primeiro momento, a moeda subiu, mas recuou após sinais de que as tarifas seriam suavizadas.
“O mercado esperava um impacto maior, mas houve alívio para setores estratégicos como celulose e produção de laranja, e as tarifas acabaram vindo em um patamar menor. Isso reduziu a pressão sobre o câmbio”, explicou.
O dólar deve continuar em baixa?
Para o curto prazo, Coelho avalia que o movimento de queda pode se prolongar. “Esse cenário pode se manter por alguns meses, mas é improvável que o dólar continue nesse patamar ao longo do próximo ano”, disse.
Ele aponta que a proximidade do período eleitoral tende a gerar volatilidade. A possibilidade de mudanças no governo, associada à queda na aprovação presidencial, está no radar dos investidores. “Se o governo aumentar os gastos e não houver elevação suficiente dos juros para compensar o risco, o capital estrangeiro pode começar a sair, pressionando o dólar para cima”, afirmou.
Outro fator é que, apesar do bom momento, o dólar é sensível a mudanças no apetite por risco no mercado global. Além disso, tensões comerciais ou mudanças na política monetária de grandes economias podem inverter rapidamente a direção dos fluxos.