Petrobras (PETR4): maior reajuste em 2 décadas impacta em cheio a inflação; analistas reiteram compra

A Petrobras (PETR4) anunciou nesta quinta-feira (10) um aumento nos valores de gasolina e diesel em função da alta intensa do petróleo. A alta foi de 19% na gasolina e de 25% no diesel. Foi o maior reajuste dos combustíveis em duas décadas.

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Os analistas do Goldman Sachs acreditam que os preços de diesel e de gasolina estão 6% e 12% abaixo da paridade de importação, respectivamente, na comparação internacional.

Enxergam o reajuste da Petrobras como positivo para a companhia: “A partir de conversas recentes com investidores, entendemos que os ajustes de preços de combustível não eram esperados por todo o mercado participante, em meio ao ambiente macro desafiador no Brasil”.

O banco afirma que já esperava a alta nos preços, mas, dada a magnitude dos ajustes, isso pode levar a mais ruído negativo do governo em torno da política de preços de combustível e paridade internacional e aumento do risco de interferência política na empresa.

“Vemos um risco/recompensa atraente, mas reconhecemos os riscos de uma mudança na política de preços de combustível e na estratégia de alocação de capital principalmente após a eleição presidencial deste ano no Brasil”, diz o relatório assinado por Bruno Amorim e João Frizo.

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Por fim, o Goldman Sachs reitera a recomendação de compra das ações da Petrobras, no preço alvo de R$ 39,20 para as ações ordinárias e de R$ 35,80 para as ações preferenciais para os próximos 12 meses. O banco também estima um rendimento de dividendos de 31% em 2022.

Ativa Investimentos analisa impactos da alta no IPCA

O diesel subirá 90 centavos na refinaria (24,9%), a gasolina em 60 centavos (18,7%) e o GLP em 62 centavos (16%). A Ativa Investimentos avalia que, em termos diretos, o mais relevante atualmente é a elevação da gasolina, com alta de cerca de 19%.

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“Como no preço da bomba o combustível representa cerca de 33%, avaliamos que a bomba terá alta de cerca de 6,2%, um impacto de cerca de 40bps no headline do IPCA”, afirma Étore Sanchez, analista da Ativa.

A elevação do diesel terá efeitos indiretos mais intensos, de acordo com a análise, o que vai equivaler a uma alta de aproximadamente 20 bps até o final do ano. Diretamente, o GLP, que representa 50% do gás de botijão, a alta anunciada deve aumentar os valores para o consumidor em 7,8% e o impacto no IPCA, de 11 bps.

“Em suma, os reajustes da Petrobras, desconsiderando os efeitos sobre a paridade energética da gasolina e etanol, são de 71bps de IPCA. Tínhamos na nossa projeção cerca de 20bps. Em outras palavras, subimos nossa projeção para o ano de 5,0% para 5,5%”, diz Sanchez.

Por fim, a projeção da Ativa é de que a Petrobras, que possui ainda aproximadamente 10% de defasagem na gasolina, não deve ser corrigida no curto prazo e, assim, não vai contemplar nas previsões.

UBS BB vê reajuste como uma posição sólida de governança

Já para o UBS BB, o anúncio da Petrobras mostra uma sólida governança da empresa, livre de política de preços, apesar de todos os ruídos políticos dos últimos anos. Por esse motivo, a visão da UBS é positiva para a companhia, sem sinais de interferência externa na Petrobras.

Além disso, a previsão é de uma distribuição de dividendos estável, de 4% a 7% por trimestre e avaliação descontada. A UBS reitera a recomendação de compra da ação preferencial da Petrobras, com preço alvo de R$ 44, nos próximos 12 meses.

Com os valores mais altos do barril de petróleo Brent e os novos preços de combustível, a projeção da UBS é de que a Petrobras entregue um Ebitda de US$ 63,8 bilhões, com fluxo de caixa livre anual de 36%.

“A Petrobras viu melhorias significativas não apenas do ponto de vista da governança, mas também do ponto de vista operacional e estratégico, com foco em downstream e principais ativos ultraprofundos e pré-sal, que apresentaram retornos sólidos”, diz o relatório.

FGV: Aumento dos combustíveis eleva estimativa do IPCA

Os aumentos da Petrobras elevam as pressões inflacionárias no Brasil, não apenas pelo impacto da alta dos combustíveis, mas pela irradiação desses reajustes na economia de forma geral, afirmou o coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, ao Broadcast.

A estimativa do economista para a inflação oficial do ano, medida pelo IPCA, após os aumentos, sobe de 6,2% para 7,5%, de acordo com Braz, levando em conta apenas o aumento dos combustíveis. Segundo o economista, o impacto total da alta da gasolina, do diesel e do gás de cozinha será de 1,52 ponto porcentual (p.p.) nos próximos 30 dias. Mas como o mês de março já está no dia 10, observou, o impacto em março será de 1,05 p.p., e mais 0,47 p.p. em abril.

“Minha estimativa era de que o IPCA em março seria de 0,7% – com o aumento pode alcançar 1,75%, e para abril a estimativa era de 0,6% e pode fechar em torno de 1%. Vamos ter dois meses de pressão dos combustíveis no IPCA”, calcula Braz.

Conforme André Braz, esse aumento tem relação direta com a guerra entre Rússia e Ucrânia e mesmo que o conflito cesse nos próximos dias, ainda vai levar um tempo para o preço da commodity baixar. Portanto, o preço deve continuar alto por alguns meses. “Mesmo que a guerra termine amanhã, os embargos contra a Rússia vão continuar. Isso vai mexer com a logística da distribuição de petróleo e isso mexe com o preço, pode manter o preço em um patamar mais alto”, afirma.

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Cotação da Petrobras

Às 17h44, as ações da Petrobras (PETR3, PETR4) subiam 2,83% (R$ 35,66) e 4,02% (R$ 33,87), respectivamente.

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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Victória Anhesini

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