Petrobras (PETR4): governo espera que novo CEO evite reajuste de preços até a eleição, diz jornal

O governo federal e apoiadores no Congresso Nacional querem que o novo presidente da Petrobras (PETR4), Caio Paes de Andrade – que hoje recebeu aprovação do Conselho de Administração da companhia -, evite reajustes nos preços da gasolina, gás de cozinha e do diesel até a eleição presidencial, em outubro. As informações são do jornal O Globo.

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A reportagem do jornal carioca apurou que Andrade teria recebido ainda pedidos de integrantes do governo para que estude uma redução dos preços dos combustíveis

A ideia do Palácio do Planalto, revela ainda a matéria de O Globo, é que a Petrobras atribua o congelamento de preços à volatilidade do mercado, em função da guerra na Ucrânia. Mencionam ainda o respeito à agenda ESG da Petrobras como outro motivo para não aumentar os valores dos combustíveis.

Mas Andrade não deve ter a caneta em mãos para segurar novos reajustes. Para ter sucesso em postergar aumentos para depois das eleições como espera o governo, terá de convencer os membros da atual diretoria ou esperar uma renovação completa dos indicados do governo ao conselho de administração da Petrobras.

Só assim conseguirá selecionar um novo alto escalão da estatal e garantir maioria para aprovar pautas desejadas pelo governo e, com isso, atrasar eventuais aumentos nas bombas de combustíveis.

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Fontes próximas da estatal consultadas acreditam que o novo presidente da companhia deverá tentar segurar um novo ajuste ao menos até as eleições.

Uma fonte que conhece de perto as regras da empresa diz que, se Andrade seguir esse caminho, terá de elaborar uma documentação provando que não houve prejuízos ao mercado ou a acionistas com o atraso de se alcançar a paridade dos preços internacionais.

Se não conseguir, poderá até ser questionado na Justiça “na pessoa física“.

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Bolsonaro: Petrobras terá nova dinâmica e nega canetaço em Lei das Estatais

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que seu indicado para a presidência da Petrobras, Caio Paes de Andrade, dará uma “nova dinâmica” à companhia. “Teremos nova dinâmica na questão dos combustíveis. Tudo vai ser analisado na base da lei, sem querer mexer no canetaço na Lei das Estatais, sem querer interferir em nada, mas com muito respeito e muita responsabilidade”, declarou o chefe do Executivo em cerimônia no Palácio do Planalto. O indicado, no entanto, teve o nome aprovado hoje pelo Conselho de administração da estatal – a data da posse ainda não foi anunciada.

Como mostrou o Broadcast Político, o governo usa a ameaça de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras para pressionar por mudanças na Lei das Estatais que ampliem a ingerência política em empresas públicas e afrouxe restrições a indicações de partidos.

Em seu discurso, Bolsonaro ainda estimou que, nos próximos dois meses, haverá queda de “mais um dígito” na taxa de desemprego. Ele se referia a um recuo de mais um ponto porcentual. “Especialistas diziam que a economia, no tocante à taxa de desempregados no Brasil, só começaria a apresentar resultado a partir de 2023. Segundo o IBGE, atingimos 9,4% de desempregados”, afirmou o presidente, citando números divulgados na última sexta-feira.

O chefe do Executivo também confirmou a ligação telefônica que teve durante a manhã com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, antecipada pela reportagem. “Tratamos de segurança alimentar e energética”, declarou o presidente. “Teremos grande batalha nos próximos meses, bem contra o mal”, acrescentou, em referência às eleições, em que enfrenta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje líder das pesquisas de intenção de voto.

Na cerimônia, o governo apresentou os novos modelos de identidade e passaporte. A Carteira de Identidade Nacional (CIN) traz um QR Code e será emitida em todo o País a partir de 4 de agosto. A substituição do documento atual, que vale até 2032, será paulatina. Já o novo passaporte será temático. Elaborado com mais tecnologia antifraude, o modelo quer “homenagear todas as regiões do Brasil por meio de ícones representativos dos biomas e da cultura de cada local”, explica o governo, em nota.

Neste mesmo evento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil terá “boas notícias” nas próximas duas semanas relacionadas à melhoria do ambiente de negócios no País. “Teremos boas notícias lá de fora. Brasil tem avançado nas classificações”, disse.

Guedes citou ainda a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) sobre combustíveis e disse que ela auxiliará o governo no combate à crise econômica. “Estamos à frente de outros países no fiscal e na política monetária. Vamos atravessar as turbulências e sair antes deles”, completou.

Indicado do governo para presidência recusou entrevista com Comitê

O indicado do governo para a presidência da Petrobras, Caio Paes de Andrade, recusou convite do Comitê de Pessoas (Cope) da companhia para entrevista com intuito de esclarecer suas intenções com relação à política de preços e a governança da estatal, como foi registrado na ata da reunião do Comitê divulgada neste sábado (25).

Segundo apurou reportagem, o comportamento é incomum nos processos sucessórios da empresa, e desagradou parte dos conselheiros. Paes de Andrade optou por responder por escrito aos questionamentos.

A ausência de contato com o possível futuro presidente da Petrobras foi motivo de destaque no voto do presidente do Cope e o conselheiro da estatal, Francisco Petros, “surpreendentemente, à luz de todas as inquietações que se verifica em relação ao momento da Petrobras e do País, não tivemos a oportunidade de ter contato com o candidato e as respostas às indagações escritas feitas por este comitê, constantes na ata, são irrisórias e irrelevantes para a formação da nossa opinião”, afirmou.

Ao responder uma das perguntas por escrito, Paes de Andrade negou ter sido orientado pelo governo a modificar a política de preços da Petrobras baseada na paridade com os preços de importação. “Não tenho qualquer orientação específica ou geral do acionista controlador ou qualquer outro acionista no sentido de alteração da política de preços praticados pela companhia”, informou Paes de Andrade à empresa.

Questionado pelo Cope se gostaria de enviar mensagem aos conselheiros e acionistas da empresa antes da votação que vai decidir se ele assume ou não o comando da estatal, ele foi sintético: “Não tenho mensagem a enviar nesse momento”.

O Cope lamentou a decisão de Paes de Andrade de não aceitar o convite para uma entrevista com seus membros. Na avaliação do Comitê, foi confirmada a informação que vinha sendo divulgada na mídia, de que a documentação acadêmica entregue por Paes de Andrade só trazia reconhecimento do Ministério da Educação (MEC) para o diploma de graduação em Comunicação Social pela Universidade Paulista e que os diplomas de pós-graduação em administração em instituições de ensino dos Estados Unidos, embora verdadeiros, não são reconhecidos pelo MEC.

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Durante a reunião, o conselheiro e presidente do Celeg, Francisco Petros, informou sobre o recebimento de ofício da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) com observações sobre a indicação de Paes de Andrade para o cargo de presidente da Petrobras. A Anapetro, com apoio da Federação Única dos Petroleiros (Fup), informou na quinta-feira que se Paes de Andrade fosse eleito entraria na Justiça e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Os três votos favoráveis no Cope foram do conselheiro Luiz Henrique Caroli e dos membros externos Ana Silvia Matte e Tales Bertozzo. Eles consideraram não haver “vedação legal” à indicação. Eles argumentaram que o termo “preferencialmente”, no requisito de experiência no setor de óleo e gás, abre caminho para Paes de Andrade.

Eles apenas recomendaram no relatório que Paes de Andrade cumpra recomendações mitigatórias para evitar conflitos de interesse, como tomar providências para que as empresas das quais é sócio se abstenham de prestar serviços à Petrobras, seus fornecedores e concorrentes.

Já o presidente do Cope, Petros, registrou em ata o voto negativo. Ele destacou que a área de conformidade da Petrobras atribuiu “risco médio” ao candidato e reconheceu que não há um “impedimento evidente” a Paes de Andrade. Mas votou pela não recomendação evocando o princípio da prevenção e em função da falta de experiência acadêmica e profissional.

Por três votos a um, o Cope recomendou ontem a aprovação de Paes de Andrade à presidência da Petrobras. Os dez conselheiros ativos da companhia devem votar na próxima segunda-feira para confirmá-lo ou não no cargo.

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Com informações do Estadão Conteúdo

Marco Antônio Lopes

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