Balanços da semana

Defasagem dos combustíveis pode custar R$ 4,5 bi a menos em dividendos da Petrobras (PETR4)

O reajuste mais recente da Petrobras (PETR4) ainda não conseguiu alinhar o preço dos combustíveis com os valores internacionais. Na última sexta-feira (17), a empresa anunciou um aumento de 5,2% para gasolina e 14,2% para o diesel. Mas associações do setor e especialistas apontam que o reajuste está longe de acabar com a disparidade em relação ao preços do petróleo nos mercados do exterior. E mais: essa defasagem pode afetar os dividendos bilionários pagos aos acionistas da estatal.

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A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) diz que, para equilibrar o preço interno com o praticado no Golfo do México, de onde sai a maioria das cargas de petróleo, o reajuste deveria ser de R$ 0,57 para a gasolina e de R$ 1,37 para o diesel, diante de defasagens de 13% e 21%, respectivamente.

Em contas realizadas por analistas do BTG Pactual (BPAC11) para o portal Exame, a cada US$ 15 de defasagem nos preços dos combustíveis usados pela Petrobras, em relação à cotação internacional do petróleo, afeta o Ebitda anual da companhia no total de R$ 7,5 bilhões.

O balanço do primeiro trimestre da Petrobras mostra que o Ebitda ajustado recorrente foi de R$ 78,7 bilhões, ou seja, quase 10% desse impacto da defasagem dos preços dos combustíveis. Nas contas dos analistas, isso leva a R$ 4,5 bilhões a menos em dividendos aos acionistas.

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Dois efeitos foram considerados dentro da conta: a venda feita pela Petrobras, assim como as compras, já que a companhia adquire o que o país não consegue produzir para importação. Conforme a análise do BTG Pactual, o desconto praticado pela companhia é de cerca de 25% na gasolina e de 7% no diesel.

Novo presidente da Petrobras terá ‘freio para reajustes’ em ano de eleição; entenda

O indicado para ser o próximo presidente da Petrobras (PETR4), Caio Mario Paes de Andrade, não deve ter a caneta em mãos para segurar novos reajustes.

Para ter sucesso em postergar aumentos para depois das eleições como espera o governo, terá de convencer os membros da atual diretoria ou esperar uma renovação completa dos indicados do governo ao conselho de administração da Petrobras.

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Só assim conseguirá selecionar um novo alto escalão da estatal e garantir maioria para aprovar pautas desejadas pelo governo e, com isso, atrasar eventuais aumentos nas bombas de combustíveis.

Fontes próximas da estatal consultadas acreditam que o próximo presidente da companhia, que deverá ser confirmado no posto nos próximos dias, deverá tentar segurar um novo ajuste ao menos até as eleições.

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Uma fonte que conhece de perto as regras da empresa diz que, se Andrade seguir esse caminho, terá de elaborar uma documentação provando que não houve prejuízos ao mercado ou a acionistas com o atraso de se alcançar a paridade dos preços internacionais.

Se não conseguir, poderá até ser questionado na Justiça “na pessoa física“.

Cotação

As ações preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 1,85%, a R$ 26,45. No ano, perdem 9,73%.

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Victória Anhesini

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