Petrobras (PETR4): Citi aponta risco para recorrência dos dividendos extraordinários
Os investidores estão menos confiantes de que a Petrobras (PETR4) distribuirá dividendos extraordinários de forma recorrente, informa o Citibank, mesmo após o conselho de administração da companhia definir o pagamento de 50% dos proventos que haviam sido retidos em março.
“Vemos aumento dos investimentos nos próximos anos, o que poderá representar algum risco descendente para futuros pagamentos de dividendos da Petrobras”, afirmam os analistas do Citibank.
Por outro lado, o banco destaca que a empresa gera um bom nível de fluxo de caixa operacional, principalmente devido ao aumento da produção de petróleo.
Dessa forma, o Citi tem recomendação neutra para os American Depositary Receipts (ADRs) da Petrobras, com um preço-alvo de US$ 15, o que representa um potencial de desvalorização de 8,9%.
Petrobras: proposta sobre dividendos já estava prevista, dizem analistas
Em relatórios após a Petrobras afirmar que a proposta de pagamento de 50% dos dividendos extraordinários não comprometeria a sustentabilidade financeira da empresa, o Itaú BBA e o Goldman Sachs (GSGI34) afirmam que ela já estava prevista pela maioria dos investidores.
“Na sequência das notícias recentes, acreditamos que a maioria dos investidores já estava antecipando essa reviravolta na decisão do conselho relativo ao pagamento de 50% da reserva aos acionistas, e o preço das ações da Petrobras parece refletir em grande parte este anúncio. Porém, a possibilidade da empresa pagar os 50% restantes ao longo do ano não foi consenso até agora”, escreve o Itaú BBA.
Ainda de acordo com a casa, a deliberação marca uma reviravolta na decisão do conselho de volta à proposta original da equipe executiva da Petrobras no 4T23, que estava em linha com as expectativas iniciais do mercado naquele momento. “O conselho não apenas concorda agora com a proposta original de pagar 50% da reserva como dividendos extraordinários, mas também discutirá o pagamento dos 50% restantes ao longo do ano”, pontuam os analistas.
Para 2024, o Itaú BBA estima dividendos ordinários de R$ 47 bilhões (dividend yield de 9%), aos quais será adicionado um dividendo extraordinário de R$ 22 bilhões (dividend yield de 4,2%), referente a 50% das reservas de capital. “Caso a Petrobras decida anunciar 100% das reservas como dividendo extraordinário este ano, isso implicará um rendimento de dividendos de 17,4% em 2024”, acrescenta.
O Itaú BBA tem recomendação ‘market perform‘, equivalente à neutra, para os papéis da Petrobras, com preço-alvo a R$ 43,00 (hoje negociadas a R$ 41,50).
Também em relatório, analistas do Goldman Sachs (GSGI34) concordam que o anúncio da Petrobras corrobora o recente fluxo de notícias que apontou para a potencial distribuição de 50%-100% do montante originalmente definido na conta de reservas como dividendos extraordinários.
“Isso pode criar um risco de alta de 4,2-8,5 pontos percentuais (p.p) para o nosso dividend yield base de 12% no ano fiscal de 2024 (que contabiliza apenas os dividendos base de acordo com a política atual de dividendos da Petrobras). Por outro lado, com base nas nossas conversas recentes, alguns investidores já esperavam o pagamento de dividendos extraordinários”, escrevem os analistas do banco.
O Goldman Sachs tem recomendação de ‘compra’ para as ações de Petrobras, com preço-alvo a R$ 44,90 para as ações PETR4 e a R$ 49,40 para as ações PETR3.
Como ficam os dividendos?
A diretoria da Petrobras, chefiada por Jean Paul Prates, propôs que metade dos R$ 43,9 bilhões retidos em fevereiro fossem distribuídos aos investidores — uma tentativa de encerrar a crise dos últimos meses.
Parte do governo, incluindo representantes do Ministério de Minas e Energia, defendiam a retenção de 100% do valor. O grande temor do mercado era de que o montante retido fosse utilizado para investimentos em braços de atuação não-prioritários ao invés de retornarem ao investidor. Apesar dos ruídos recentes, o estatuto da companhia não permite que dividendos retidos sejam redirecionados para outros fins sem que o balanço contábil esteja no vermelho.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, o presidente Luís Inácio Lula da Silva deu sinal verde para que os representantes do governo votem a favor da medida na assembleia da Petrobras. Caso a proposta siga em frente, a União deve se beneficiar com o recebimento de cerca de R$ 6 bilhões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendia o reforço do caixa para cumprimento das metas fiscais por meio dos dividendos retidos.
Desempenho anual das ações da Petrobras
Cotação PETR4