Veja como foi o desempenho da Petrobras (PETR4) no primeiro semestre
2025 não está sendo positivo para os acionistas da Petrobras (PETR4). Os papéis preferenciais da petroleira abriram o primeiro pregão do ano, no dia 2 de janeiro, negociados a R$ 36,42, e fecharam a sessão de 30 de junho, a última do semestre, a R$ 31,38. Isso representa uma queda de 13,29% em seis meses.

Um dos fatores que explicam o mau desempenho da Petrobras neste primeiro semestre é a queda do Brent. Entre janeiro e junho, os preços desse tipo de petróleo, que é referência para a PETR4, acumularam um recuo de cerca de 10,50%.
“A desvalorização do Brent foi intensificada após a posse de Donald Trump, que forçou um aumento da oferta para ajudar a reduzir a inflação norte-americana. Assim, a melhora nas margens, o aumento da produção e o foco em CAPEX com retorno de curto prazo não foram suficientes para sustentar o papel da Petrobras diante da queda do petróleo”, explica o planejador financeiro CFP Caio Mitsuo.
Questões macroeconômicas impactam PETR4
Por outro lado, Mitsuo destaca que, frequentemente, as ações da Petrobras são penalizadas por questões políticas, como ameaças de interferência estatal na companhia. Neste primeiro semestre, contudo, os papéis PETR4 foram impactados exclusivamente por questões macroeconômicas, o que o analista classifica como uma evolução.
Além disso, segundo Mitsuo, daqui até o final do ano, o investidor que detém ações PETR4 deve ficar atento a alguns fatores que, embora isoladamente tenham impacto limitado sobre os preços, podem, em conjunto, destravar o valor dos ativos.
“Entre eles estão a possível divulgação de dividendos extraordinários da Petrobras (tema abordado recentemente pela CEO), os desdobramentos da Margem Equatorial e a manutenção da política de paridade de preços, sendo crucial que o Brent permaneça acima dos USD 70,00”, afirma.
Tensões geopolíticas e preço do petróleo
Vale destacar que, diante da queda do Brent e da valorização do real, o mês de junho trouxe mais uma rodada de redução nos preços dos combustíveis nas refinarias. Contudo, segundo Mitsuo, as tensões geopolíticas vêm gerando cautela entre os analistas do setor de energia, o que pode explicar a ausência de revisões no preço-alvo da Petrobras.
Assim, o analista acredita que, até o final de 2025, o cenário pode se mostrar interessante para a petroleira, sobretudo a partir de dois fatores:
- O aumento no percentual de etanol anidro na gasolina, que, além de reduzir marginalmente a necessidade de importação, deve gerar uma queda no custo entre R$ 0,11 e R$ 0,13 por litro.
- O enfraquecimento do dólar, que pode contribuir para a melhora nas margens operacionais da empresa.
Por outro lado, embora a questão política não tenha feito preço na ação da Petrobras no primeiro semestre, ela segue sendo uma ameaça. Mitsui afirma que, desde março, já se observa uma influência crescente do Ministério de Minas e Energia (MME) na condução da política de preços da Petrobras, com forte apelo à queda do dólar e do Brent.
“Na minha leitura, isso já antecipa um cenário eleitoral para 2026, com foco no controle da inflação e na queda de juros o mais rápido possível, em resposta à recente perda de popularidade do atual presidente da República”, afirma.
Os preços do petróleo, diz o analista, também devem seguir no radar do investidor, já que uma demanda global mais fraca tende a exercer uma pressão baixista sobre o Brent, enquanto uma possível escalada nos conflitos geopolíticos no Oriente Médio podem jogar o preço da commodity para cima.
Portanto, a análise é a de que o segundo semestre tende a trazer boas notícias para a Petrobras (PETR4), mas questões como a queda do petróleo e a possível interferência estatal na companhia ainda podem ser empecilhos para o desempenho da ação até o final deste ano.