Pequenas indústrias em SP arcam com alta da energia elétrica

A alta do preço da energia elétrica impactou fortemente o setor produtivo no primeiro semestre deste ano. Segundo o Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi), 62% das micro e pequenas indústrias paulistas relataram terem arcado com aumentos sucessivos na conta de energia em junho.

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Em maio, a proporção de empresas afetadas por esse problema era de 51%, segundo o levantamento. O resultado deve ainda ser pior neste mês, quando entra em vigor o reajuste na bandeira tarifária patamar 2, encarecendo ainda mais a energia elétrica.

Um quarto das empresas gasta mais de 10% do que fatura apenas com a conta de luz. O estudo mostra que 7% das pequenas indústrias gastam mais de 20% do faturamento com a conta de energia elétrica.

Uma fatia de 18% compromete entre 11% e 20% do faturamento com a energia elétrica, enquanto 69% das empresas gastam até 10% do que faturam com esse mesmo fim.

Os dados são do Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria, encomendado pelo Simpi ao Datafolha e obtido pelo jornal O Estado de S.Paulo.

“Essa pesquisa se refere ao mês de junho. Em julho tivemos um novo aumento de energia”, lembrou Joseph Couri, presidente do Simpi.

Para ele, o cenário é muito ruim. “Se chegar, nós esperamos que não chegue, a novos aumentos de energia, isso vai aprofundar mais a inflação, isso vai aprofundar mais a perda de poder aquisitivo da sociedade, porque os salários não acompanham nem a inflação que passou e que está sendo causada por essa elevação de energia elétrica.”

“Se houver o desabastecimento e o racionamento, as consequências serão piores ainda”, alertou.

Continuidade das operações ameaçada

Segundo o estudo do Simpi, 59% das indústrias seriam obrigadas a parar totalmente a produção em caso de falta de energia elétrica e outros 23% dos entrevistados teriam que paralisar parte da produção. Apenas 17% dos industriais paulistas não dependem dessa fonte de energia para produzir e continuariam funcionando normalmente.

Num cenário de imposição de racionamento de energia pelas autoridades, oito em cada dez empresas avisaram que teriam prejuízo: em 48% das micro e pequenas indústrias, haveria muito prejuízo, enquanto que em 31% haveria pouco prejuízo.

Os 20% restantes afirmam que não seriam prejudicados, entre eles, os que usam outra fonte de energia na linha de produção.

Segundo Couri, a pesquisa demonstra o prejuízo que a crise hídrica impõe ao setor industrial e à economia justamente num momento que deveria ser de retomada de negócios e normalização das atividades impulsionadas pelo avanço da imunização da população brasileira contra a Covid-19.

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Repasse da energia elétrica é entrave

O especialista alerta que as empresas que não conseguirem reajustar os preços de seus produtos para repassar a elevação de custos dos sucessivos aumentos na conta de luz “estarão aprofundando seus prejuízos e correndo risco de insolvência“.

“Agora estamos no seguinte dilema: o seu custo sobe, mas a sua capacidade de repassar esses preços não acompanha a velocidade da tarifação de energia elétrica. Dia tal subiu e pronto, e você não tem o que fazer, ou paga ou tem um corte de energia”, relatou Couri.

Em junho, 69% das empresas paulistas relataram alta significativa de custos de produção, o que inclui o gasto com matérias-primas, água e energia elétrica.

A melhora na segunda onda da pandemia e o avanço da imunização da população contra a Covid-19 já elevaram o porcentual de empresas industriais paulistas funcionando normalmente.

Em junho, pela primeira vez desde o início do ano, mais da metade delas (52%) tinha voltado plenamente com suas atividades, enquanto 26% ainda permaneciam com uma parte da produção paralisada.

Outras 15% afirmam que a maior parte das atividades estão paradas, e 6% ainda não retomaram suas atividades, resultado decorrente dos maiores custos com energia elétrica.

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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Jader Lazarini

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