Grana na conta

Ibovespa: Pandemia acelera restrições, mas bolsa não deve derreter, dizem especialistas

O ápice da pandemia do novo coronavírus (covid-19) deve fazer com que governos estaduais e municipais apertem as restrições à circulação como forma de reduzir o contágio. Mas, ao contrário do que ocorreu há um ano, o Ibovespa não deve sofrer da mesma forma, segundo especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias.

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Enquanto que em março de 2020, o Ibovespa, principal índice acionário na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), começou a derreter e chegou a perder cerca de 40% nos meses seguintes, agora, um ano depois, as empresas listadas devem sofrer, mas não nas mesmas proporções quanto no início da pandemia.

“A gente já considerava essa segunda onda desde o final de dezembro, com uma deterioração no cenário. Agora, vem surpreendendo de maneira positiva como o mercado vem se comportando numa segunda onda. A atividade nos EUA e Europa vem sofrendo mais, mas aqui podemos dizer que ela sofre menos”, disse Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.

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A previsão dos especialistas é que o Ibovespa possa ter um desempenho negativo nas próximas semanas, mas atualmente os protocolos que foram desenvolvidos como proteção, como o distanciamento social, utilização de máscaras, entre outros, devem fazer com que o impacto nas companhias listadas seja menor.

“Março era o início da pandemia no mundo inteiro, ninguém sabia o que ocorria. Então você restringiu tudo. Agora, achamos que é possível você fazer um controle mais rígido, podendo entrar X pessoas no supermercado, loja, máscara, controle mais rígido, etc”, afirmou Fernando Bresciane, analista da Mirae.

Vacinação é ponto de diferenciação para o coronavírus

Outro grande ponto de diferenciação entre os períodos é a proximidade da vacinação. Para Elsom Yassuda, sócio e gestor da Safari Capital, a partir deste mês, haverá um aumento na oferta de doses e, aos poucos, o número de casos deve cair, relaxando as restrições de circulação.

“Você tem perto de seis milhões agora e, em março, talvez teremos 17 milhões de doses do Butantan, mais dois milhões da Aztrazeneca e mais algo como perto de 15 milhões que o grosso do insumo deve chegar da China nos próximos dias e ser ofertado a partir de 15 de março. Estamos falando em 32 milhões de doses indo para o braço da população”, disse.

Com a oferta de vacina aumentando, a população mais idosa será vacinada e o número de mortos pela pandemia deve começar a ter uma forte retração, segundo o gestor. O problema, no entanto, pode surgir na velocidade.

“O problema é essa transição. Temos um mês que não consegue vacinar em escala e a gente tem esses casos crescentes”, afirmou.

Setor de serviço deve sofrer mais no Ibovespa

O pico da pandemia e suas consequências, porém, não devem passar incólumes por todos os setores e empresas listadas na Bolsa. Para os especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, o setor de serviços irá sofrer perdas com as restrições.

“A gente tem vários setores, como indústria, construção, etc, que devem sair melhores neste primeiro trimestre. Já o mais afetado é o setor de serviços. Esses sim devem sofrer um pouco mais”, disse Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.

Já setores como o agrícola ou o de commodities deverão ter bom desempenho mesmo em meio ao ápice da pandemia.

“Setor de serviço é o que pode sofrer mais. Transporte aéreo, concessão rodoviário, turismo. Agora, entre setores beneficiados, setor agrícola continuará exportando, commodities, varejo online que se deu muito bem”, disse Fernando Bresciane, analista da Mirae.

Segundo o analista, o início da rotação das carteiras deve continuar, com gestores voltando para as empresas mais ligadas à economia real e deixando um pouco de lado empresas que cresceram durante a pandemia, como o e-commerce ou o setor de saúde.

“Não haverá uma nova rotação. Acho que todo mundo faz análise para saber o que colocar em uma carteira e deve saber dos riscos de colocar. O mercado já começou a retornar a algum tempo aos ativos mais tradicionais”, completou sobre as mudanças que a pandemia trouxe ao mercado e ao Ibovespa.

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Vinicius Pereira

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