Nova recuperação judicial da Oi (OIBR3) é aprovada; o que muda dessa vez?

A nova recuperação judicial (RJ) da Oi (OIBR3) foi aprovada pela Justiça na quinta (17). Assim, apenas três meses separam o fim da primeira recuperação judicial e o começo da segunda. Porém, dessa vez, a novela jurídica da ex-gigante das telecomunicações será diferente?

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Rodrigo Abreu, CEO da Oi, acredita que sim. Em entrevista publicada no jornal O Globo em fevereiro, o executivo já havia avisado ao mercado que o novo processo de recuperação judicial seria “muito mais rápido”.

“[A nova recuperação judicial] seria muito diferente do primeiro processo, porque seria um processo consensual e basicamente para reconhecer toda a reestruturação da dívida financeira. Então, é muito mais rápido”, destacou Abreu na ocasião, quando o processo ainda não tinha sido definido.

A primeira recuperação judicial da Oi começou em 2016 e terminou no final do ano passado. Assim, a empresa conseguiu reduzir as dívidas de R$ 90 bilhões, em valores atualizados, para R$ 33 bilhões. Contudo, a nova RJ foi protocolada com débitos na ordem de R$ 43,7 bilhões.

Agora, a empresa de telecomunicações tem cerca de 60 dias para apresentar seu novo plano de recuperação judicial.

“A Oi reafirma a sua confiança de que, com o apoio de seus credores financeiros, com os quais chegou a um acordo sobre os principais termos comerciais para a restruturação de suas dívidas financeiras e um financiamento de longo prazo a ser concedido para suportar suas operações de curto prazo e considerando sua capacidade operacional e comercial, será bem-sucedida na proposição e pré-aprovação de um plano de recuperação judicial que permita a busca de sua sustentabilidade de longo prazo, no melhor interesse de todos os seus stakeholders”, afirmou a empresa em comunicado.

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E os acionistas da Oi?

Com a nova recuperação judicial, os acionistas da Oi podem ser diluídos em até 80%, de acordo com o BTG Pactual (BPAC11). Em relatório, os analistas detalharam os possíveis impactos do novo capítulo da novela jurídica protagonizada pela empresa de telecomunicações há anos.

Os analistas do BTG Carlos Sequeira, Osni Carfi e Guilherme Guttilla reforçaram que a companhia chegou a um acordo da reestruturação da dívida com os bondholders e os ECAs (Export Credit Agencies) — os bancos não estão incluídos neste cenário.

“O objetivo é renegociar esses passivos, juntamente com suas dívidas bancárias, além de emitir um novo instrumento de dívida e um financiamento DIP para financiar as necessidades de caixa de curto prazo. A proposta de reestruturação e a nova dívida estão sujeitas à aprovação do novo processo de recuperação judicial da companhia”, destacaram os especialistas.

As dívidas da Oi com bonds, ECAs e bancos totalizam R$ 29 bilhões. “Esses débitos poderiam ser reduzidos de R$ 29 bilhões para R$ 14 bilhões, sendo que a queda de R$ 15 bilhões seria transformada em patrimônio pela emissão de mais ações, semelhante ao que foi feito na primeira RJ”, comentaram.

A diluição máxima proposta pela empresa é de 80%, o que significa que os atuais acionistas da Oi ficariam com uma participação de pelo menos 20%.

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“Atualmente, a Oi possui 596 milhões de ações em circulação, podendo emitir até 2,4 bilhões de novas ações. Considerando que o valor de mercado da empresa é de atualmente R$ 800 milhões, os R$ 15 bilhões em dívidas se transformariam em R$ 640 milhões em patrimônio líquido (96% abaixo do valor da dívida)”, projetaram.

De acordo com o time do BTG, os acionistas teriam de comprar ações da Oi a mais de R$ 6 para evitar essa diluição. “Não acreditamos que algum acionista faria isso”, afirmaram.

Por volta das 12h30, as ações da Oi eram negociadas na Bolsa em queda de 0,77%, ao preço de R$ 1,29. Nos últimos doze meses, as ações amargam uma desvalorização de 84,39%. Como os papéis da companhia possuem valores baixos, qualquer oscilação positiva ou negativa torna-se acentuada em níveis percentuais.

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Erick Matheus Nery

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