Com lucro de US$ 58 milhões – recorde trimestral – o Nubank (NUBR33) fez alguns analistas mudarem sua percepção acerca do banco digital. Além disso, os papéis subiam mais de 2% durante as negociações que precedem a abertura de mercado dos Estados Unidos (premarket). Na véspera, já avançavam mais de 5% no after market. No intradia, às 16h, as ações subiam 6,51%, cotadas a R$ 4,58, e em Nova York a alta é de 6,59%, ao preço de US$ 5,34.
O Itaú BBA, por exemplo, melhorou sua recomendação de ‘underperform’ para ‘marketperform’ (equivalentes a ‘venda’ e ‘neutro’), citando que o resultado do Nubank veio acima do esperado, somando um lucro de R$ 305 milhões na conversão cambial.
Para os especialistas do BBA, o resultado melhor do que as projeções se dá, em grande parte, pelo crescimento de 30% da margem financeira bruta (NII) na base trimestral.
“Essa melhora compensou a performance mais fraca no crescimento da carteira de empréstimos pessoais, nas tarifas não interbancárias e nos custos de crédito ainda pesados”, diz a casa.
Segundo analistas, as métricas de crédito do banco mostraram deterioração, apesar da sazonalidade positiva.
Contudo, destacaram que os resultados mostram que o lucro do Nubank na operação brasileira já é realidade.
“Os mercados gerais devem olhar com bons olhos o resultado. Apesar do valuation ainda alto e de algumas questões de longo prazo, as expectativas parecem ser ajustado, e reconhecemos a evolução positiva da receita. Estamos aumentando nossas estimativas pela primeira vez desde que cobrimos a ação”, concluem os especialistas.
O preço-alvo da casa é de US$ 5,50 para as ações do Nubank listadas na Bolsa de Nova York, a NYSE. Atualmente os papéis são negociados a US$ 5.
UBS-BB vai além e recomenda compra vendo 4T22 ‘fora do comum’
O UBS-BB, por sua vez, mantém recomendação de compra para as ações do Nubank, firmando um preço-alvo mais alto, de US$ 7,50.
A casa vê ‘resultados fora do comum’ no 4T22 e destaca um Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês) ajustado de 40% na operação brasileira.
Os analistas apontam que o lucro líquido ajustado, que foi de US$ 114 milhões, ficou acima das projeções internas e do consenso de mercado.
“A qualidade dos ativos continua sendo um problema (como foi em trimestres anteriores), enquanto a maioria das outras tendências operacionais nos surpreenderam positivamente. O redução no custo de captação do banco foi uma surpresa muito positiva e também o ROE de 40% na operação brasileira”, diz o UBS-BB.
Sobre a teleconferência de resultados do Nubank, os analistas destacam cinco pontos:
- O custo do financiamento deve continuar no nível atual no ano de 2023
- Há espaço para expandir a carteira de crédito da base de clientes do Nubank
- A rentabilidade da operação da fintech no mercado brasileiro operação é um indicativo do patamar que o Nubank pode atingir no médio prazo, o que deve aumentar ainda mais no longo prazo
- México e Colômbia levarão algum anos para apresentar boa rentabilidade
- Folha de pagamento não deve ser diluída para o Retorno Sobre Patrimônio Médio (ROAE)
Goldman Sachs vê ações do Nubank a US$ 9
Com preço-alvo ainda maior e expectativas mais otimistas, o Goldman Sachs mira uma cotação de US$ 9 para 2023.
Os especialistas destacaram pontos semelhantes aos das demais casas, como a lucratividade acima do esperado e um ROE considerado positivo.
Além disso, destacaram que a dinâmica de custos do banco e a sua eficiência deve melhorar sua competitividade e nortear um ganho de rentabilidade no longo prazo.
“Achamos que o banco mostrou claramente que é capaz de administrar forte crescimento enquanto navega por um ciclo de crédito desafiador e por que está em posição para oferecer lucratividade de longo prazo acima de seus pares existentes”, apontam os analistas.
“A administração destacou que entregou um ROE anualizado de 40% no Brasil e lucro de US$ 158 milhões, o que consideramos uma boa prova de sua perspectiva de longo prazo. Foi observado que a longo prazo o banco espera continuar crescendo e ganhando eficiência, levando a níveis de ROE muito mais elevados em comparação com os bancos incumbentes, dado suas significativas vantagens de custo”, seguem.
BofA segue cauteloso com a fintech
Os analistas do Bank of America, por sua vez, destacam que mantém cautela com relação aos papéis, dada a alta de 23% no acumulado de 2023 ante um Ibovespa que ‘andou de lado’ no ano. Com isso, enxergam pouca folga para as ações subirem.
Apesar disso, os especialistas ressaltam um balanço positivo, com mais números bons do que ruins dentro da relação contábil apresentada pela fintech.
“Como tem sido parte da história até agora, os resultados trimestrais do Nubank tiveram argumentos bullish e bearish [de ganhous e de perdas], embora os pontos positivos superem os negativos neste trimestre. Em particular, o lucro líquido ficou acima de nossa previsão e melhorou pelo quarto trimestre consecutivo”, diz a casa.
“O trimestre refletiu uma expansão significativa da margem líquida, na melhoria dos custos de captação (sem impacto nas entradas de depósitos), bem como na reprecificação de empréstimos, suportando uma melhor monetização da base de clientes (o ARPAC líquido aumentou 14% no trimestre. Por outro lado, a originação de empréstimos pessoais manteve-se moderada e a taxa de crédito não produtivo se deteriorou”, completa, sobre o Nubank.
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