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Nubank (NUBR33) faz 6 meses de listagem; entenda o desempenho (e a queda) das ações

IPO do Nubank na Bolsa de Valores Brasileira - Foto: Divulgação B3/Nubank

Fundadores do Nubank: Edward Wible, David Vélez e Cristina Junqueira.

No início deste mês de junho o Nubank (NUBR33) completa seis meses como empresa pública. Em dezembro do ano passado a fintech latina dava seu pontapé inicial com o programa NuSócios e entrava simultaneamente na NYSE e na B3 (B3SA3).

De lá para cá, as ações do Nubank nos EUA caíram 61,9%, para US$ 4,50 – ante cerca de US$ 12 no IPO – e 69% no Brasil, dada a cotação dos BDRs do banco, NUBR33.

Os ativos renovaram sua mínima histórica consecutivamente nos últimos meses, com analistas temendo um ciclo de crédito ainda deteriorado, considerando que o público alvo do Nubank é de jovens e, por consequência, tem menor renda.

Além disso, há algumas semanas o mercado penalizou a companhia em virtude de uma remuneração aos diretores que, na média, daria R$ 100 milhões a cada – cifra que supera o pagamento de todas as empresas brasileiras listadas em bolsa.

Ainda assim, a gestão se mantém otimista. “Daqui a cinco anos, a gente se fala”, disse recentemente o fundador do Nubank, David Vélez.

Gráfico: Status Invest

“O modelo de um banco digital é muito mais rentável do que o de um banco tradicional, que não tem agências”, disse Vélez, apontando também que o US$ 1 trilhão vai aumentar exponencialmente. Porém, é preciso tempo. “O jeito de entender a gente é o longo prazo. Continuamos focados na construção dessa estratégia”, acrescentou.

Ainda assim, o mercado segue com cautela e o consenso dos analistas segue com recomendação de venda ou neutra sobre os papéis. O BTG Pactual, por exemplo, disse que vê um preço justo nos patamares atuais.

Contudo, a última revisão fez a recomendação de venda virar neutra, com o time de equity research citando as quedas – porém frisando os riscos à frente e o fato de a empresa ter um histórico – ainda que recente – de altíssima volatilidade.

“Sua carteira de crédito total cresceu 34% t/t, com empréstimos pessoais crescendo 44%. A receita média por cliente (ARPAC) surpreendeu positivamente, levando as receitas totais a superar a nossa estimativa e o consenso em 16%”, analisam.

A casa diz ser “grande fã da história” da empresa e acredita que o banco está muito bem posicionado para possivelmente se tornar a fintech líder da América Latina nos próximos 5 a 10 anos.

“Mas o valuation parecia muito “errado” para nós, particularmente em um ambiente em que estamos vendo sinais crescentes de deterioração da qualidade da carteira de crédito. Como o Nubank se parece muito mais com um banco do que com uma empresa de software, nós o rebaixamos para venda em 10 de fevereiro”, explicam os analistas.

O preço-alvo dos analistas é de US$ 4, abaixo dos US$ 4,50 atuais.

Indicadores do Nubank – Foto: Reprodução/BTG Pactual

“A ação agora é negociada a 4,6x preço por valor patrimonial. Embora ainda indiscutivelmente caro, o Nubank agora tem um valor de mercado de US$ 19,9 bilhões, o que parece mais razoável, ficando abaixo do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3)”, acrescentam.

Os analistas ainda veem um custo de aquisição do cliente (CAC) relativamente baixo, o que configura vantagem competitiva: “Como resultado, o Nubank ainda pode ser lucrativo apesar de um ticket muito baixo”.

Entenda a polêmica com diretores do Nubank

Segundo o formulário que foi divulgado no fim de abril, oito integrantes da diretoria do Nubank (NUBR33) devem receber cerca de R$ 100,55 milhões, cada um, neste ano (em média).

A maior parte desse valor, cerca de 97,85% dele, equivalente a R$ 787,142 milhões, é compensação baseada em ações. Os demais valores pagos à diretoria do Nubank estão distribuídos em:

Nos últimos dois anos, a remuneração da diretoria do Nubank tem aumentado na casa dos 20%. No ano passado, o documento indica que o valor pago foi de R$ 175,471 milhões, alta de 22% para este ano. Já em 2020, foi de R$ 44,589 milhões, avanço de 25,4%  em relação a 2021.

Em nota à Reuters, o banco digital respondeu que essa é uma remuneração atrelada à metas de 2022.

“Mais de 85% da previsão de compensação em ações da diretoria estatutária da Nu Holdings em 2022 depende da realização de metas ambiciosas, específicas e sustentadas de preço da ação, alinhadas aos interesses de longo prazo de nossos ‘stakeholders’”, diz o comunicado à agência de notícias.

Se for concretizada, a remuneração será a maior do Brasil, ultrapassando a JBS (JBSS3), que distribuiu o maior pagamento aos seus diretores, de R$ 24 milhões para cada um dos cinco executivos.

“O CSA é um programa de remuneração em ações outorgado ao nosso fundador e Diretor Presidente, David Vélez, condicionado ao cumprimento de metas ambiciosas, e que deverá representar praticamente 100% da remuneração total do Sr. Vélez ao longo dos próximos 5 anos, período mínimo que o Sr. Vélez deverá permanecer na Companhia para fazer jus aos frutos do CSA”, diz o comunicado do roxinho.

Rali recente na NYSE

O banco digital viu suas ações em forte alta do início ao fim do pregão da última quinta-feira (2), após várias quedas intensas durante todo o mês de maio.

De acordo com Alexandre Achui, head da Mesa Private de ações e sócio da BRA, os ativos do roxinho dispararam devido ao fluxo de rotação setorial, decorrente da saída de ações de bancos tradicionais e commodities, com entrada nas ações de tecnologia mais descontadas.

“As ações do Nubank caíram mais de 50% nos últimos doze meses, bem mais que suas concorrentes. O principal índice da Nasdaq subiu 2,59% hoje, tornando o movimento por aqui semelhante ao das bolsas americanas. Os maiores compradores foram Morgan Stanley, Merril Lynch e UBS”, afirmou o analista.

No dia em questão, a Nasdaq fechou com avanço de 2,69%, a 12.316,90 pontos, com os setores de tecnologia e serviços de comunicação entre as maiores altas diárias.

A Oanda vê investidores divididos entre o temor de uma recessão e a possibilidade de que a piora na atividade faça o Federal Reserve (Fed) moderar em sua trajetória de elevação dos juros.

Ela ainda diz que alguns operadores acreditam que o payroll (dado de emprego) desta sexta-feira pode mostrar demanda por trabalho mais fraca, o que poderia “reduzir algumas das preocupações com a inflação”.

No páreo com o Banco Inter

Na última semana o UBS BB divulgou uma análise comparativa entre o Banco Inter (BIDI11) e o Nubank, dois dos principais bancos digitais do Brasil. O foco dos analistas era a capacidade de engajar clientes.

Apesar de ambos os bancos digitais terem ampliado a base de clientes no primeiro trimestre de 2022 (Nubank alcançou 60 milhões e o Inter, 19 milhões), na consideração de número de clientes ativos, em conjunto com a taxa de ativação das empresas, o UBS BB aponta que aproximadamente 75% dos novos clientes adotados pelo roxinho são engajados pelo banco – taxa que foi ao recorde de 90% em 2021.

Para o Banco Inter, o valor ronda os 50% desde 2017.

Entretanto, os analistas destacaram também que é necessário entender qual tipo de engajamento está sendo mais eficiente e mais barato. Adicionando esse quesito na comparação, foi estimado que, para cada US$ 1 gasto na aquisição, o Nubank foi capaz de engajar o quase o dobro de clientes do que o Inter desde 2020.

O UBS BB ainda ressalta que os dois bancos têm grande parte de sua receita vinda de operações de crédito: 60% para o Nubank e 50% para o Banco Inter.

Há maior risco de inadimplência para o o roxinho. Mas o UBS BB considerou que o índice de inadimplência de 90 dias do Nubank é comparativamente baixo e, portanto, as duas fintechs estão em patamar semelhante.

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