Presidente da Caixa pede demissão; Daniella Marques, do ministério da Economia, é nomeada nova CEO

O presidente da Caixa Pedro Guimarães entregou carta de demissão, aceita pelo presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta (29). O CEO da Caixa está sendo investigado pelo Ministério Público Federal por denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias do banco. Guimarães negou as acusações. Ele entregou o cargo com uma carta em que se defende: “É uma situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade.” A exoneração foi oficializada no Diário Oficial da União.

PEDRO GUIMARÃES: PRESIDENTE DA CAIXA PEDE DEMISSÃO APÓS DENÚNCIAS DE ASSÉDIO SEXUAL | Breaking News

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O presidente da República não se pronunciou sobre as denúncias que levaram ao pedido de demissão de Guimarães. O agora ex-presidente da Caixa é próximo a Bolsonaro e apareceu em inúmeras lives em redes sociais ao lado do chefe do Executivo.

Guimarães estava à frente da Caixa desde 2019, sendo um dos poucos auxiliares do presidente Jair Bolsonaro que permanecia no mesmo cargo desde o começo do governo. Ele era um dos auxiliares mais próximos a Bolsonaro, que busca a reeleição em outubro.

A presidência da Caixa Econômica Federal será ocupada por Daniella Marques, secretária Especial de Produtividade e Competitividade do ministério da Economia, também confirmada no DOU.

Daniella tinha apoio de integrantes do ministério da Economia para assumir a presidência da Caixa. Uma fonte próxima à secretária Especial disse ao Valor Econômico que ela é “séria, muito técnica e competente para comandar a instituição”.

Segundo fontes do Broadcast, a escolha de uma mulher para o posto ajudaria a estancar as denúncias de assédio sexual contra funcionárias do banco que envolvem o nome de Pedro Guimarães.

Daniella Marques. Foto: Edu Andrade/Ascom/ME
Daniella Marques. Foto: Edu Andrade/Ascom/ME

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Daniella é considerada um “braço-direito” de Guedes desde os tempos em que o ministro atuava na iniciativa privada.

Ela é formada em Administração pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e com MBA em Finanças pelo Ibmec/RJ e atuou por 20 anos no mercado financeiro.

Além disso, presente desde a campanha de 2018, a secretária tem a confiança do presidente Jair Bolsonaro, – e já chegou a participar das tradicionais lives de quinta-feira do chefe do Executivo para divulgar ações do Ministério da Economia voltadas às mulheres.

Daniella foi sócia de Guedes na Bozano Investimentos, no Rio de Janeiro. Deixou a gestora em 2019 para ir trabalhar com o ministro como assessora especial.

Confirmada a indicação, Guedes emplacou o terceiro nome seguido nos últimos dois meses, depois de Adolfo Sachsida no Ministério de Minas e Energia e Caio Paes de Andrade na presidência da Petrobras (PETR4).

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Em carta de demissão, Guimarães disse que denúncias de assédio sexual são “infundadas”

“À população brasileira e, em especial, aos colaboradores e clientes da CAIXA:

A partir de uma avalanche de notícias e informações equivocadas, minha esposa, meus dois filhos, meu casamento de 18 anos e eu fomos atingidos por diversas acusações feitas antes que se possa contrapor um mínimo de argumentos de defesa. É uma situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade.

Foi indicada a existência de um inquérito sigiloso instaurado no Ministério Público Federal, objetivando apurar denúncias de casos de assédio sexual, no qual eu seria supostamente investigado. Diante do conteúdo das acusações pessoais, graves e que atingem diretamente a minha imagem, além da de minha família, venho a público me manifestar.

Ao longo dos últimos anos, desde a assunção da Presidência da CAIXA, tenho me dedicado ao desenvolvimento de um trabalho de gestão que prima pela garantia da igualdade de gêneros, tendo como um de seus principais pilares o reconhecimento da relevância da liderança feminina em todos os níveis da empresa, buscando o desenvolvimento de relações respeitosas no ambiente de trabalho e por meio de meritocracia.

Como resultados diretos, além das muitas premiações recebidas, a CAIXA foi certificada na 6ª edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), além também de ter recebido o selo de Melhor Empresa para Trabalhar em 2021 – Great Place To Work®️, por exigir de seus agentes e colaboradores, em todos os níveis, a observância dos pilares Credibilidade, Respeito, Imparcialidade e Orgulho.

Essas são apenas algumas das importantes conquistas realizadas nesse trabalho, sempre pautado pela visão do respeito, da igualdade, da regularidade e da meritocracia, buscando oferecer o melhor resultado para a sociedade brasileira em todas as nossas atividades.

Na atuação como Presidente da CAIXA, sempre me empenhei no combate a toda forma de assédio, repelindo toda e qualquer forma de violência, em quaisquer de suas possíveis configurações. A ascensão profissional sempre decorre, em minha forma de ver, da capacidade e do merecimento, e nunca como qualquer possibilidade de troca de favores ou de pagamento por qualquer vantagem que possa ser oferecida.

As acusações noticiadas não são verdadeiras! Repito: as acusações não são verdadeiras e não refletem a minha postura profissional e nem pessoal. Tenho a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta.

Todavia, não posso prejudicar a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano eleitoral. Se foi o propósito de colaborar que me fez aceitar o honroso desafio de presidir com integridade absoluta a CAIXA, é com o mesmo propósito de colaboração que tenho de me afastar neste momento para não esmorecer o acervo de realizações que não pertence a mim pessoalmente, pertence a toda a equipe que valorosamente pertence à CAIXA e também ao apoio de todos as horas que sempre recebi do Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro.

Junto-me à minha família para me defender das perversidades lançadas contra mim, com o coração tranquilo daqueles que não temem o que não fizeram.

Por fim, registro a minha confiança de que a verdade prevalecerá.

Pedro Guimarães”

Acusações contra Guimarães

O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias da Caixa Econômica Federal contra Pedro Guimarães. A abertura da investigação, que está em andamento sob sigilo, foi confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Cinco funcionárias relataram abordagens inapropriadas do presidente do banco. A revelação das denúncias foi feita pelo site Metrópoles na terça-feira, 28.

Dentro do banco, a abertura da investigação fez crescer a pressão para que o executivo deixe o cargo.

Na manhã desta quarta, 29, funcionários da Caixa realizaram protesto em frente à sede do banco em Brasília e pediram a “saída urgente” de Pedro Guimarães.

Pressão política contra o presidente da Caixa

Pedro Guimarães é muito próximo de Jair Bolsonaro, e há um temor entre pessoas ligadas à campanha do presidente à reeleição de que as denúncias acabem tendo um efeito negativo.

O executivo da Caixa é presença constante nas lives do presidente, que o apelidou de PG2, em referência a Paulo Guedes, chamado de PG.

O nome de Guimarães já chegou a circular como um eventual ministro da Economia, em caso de saída de Guedes.

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Na avaliação de interlocutores do Centrão, Bolsonaro “não pode arriscar” manter no cargo um auxiliar com denúncias de assédio no momento em que tenta ganhar popularidade entre as mulheres, segmento do eleitorado no qual enfrenta grande rejeição.

O presidente é pré-candidato à reeleição e, em todas as pesquisas de intenção de voto, hoje perderia a disputa para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

TCU solicita informação sobre mecanismo de prevenção e combate a assédio na Caixa

A presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministra Ana Arraes, determinou nesta quarta-feira, 29, a solicitação de informações à Caixa Econômica Federal (CEF) sobre os mecanismos de prevenção e combate ao assédio existentes no banco público. “Tendo em vista as recentes notícias veiculadas na imprensa, sobre denúncia de assédio no âmbito da Caixa, que envolvem o presidente da instituição, considero pertinente que esse tribunal realize ação de controle para avaliar o grau de maturidade dos instrumentos e práticas que esse banco dispõe para prevenir e punir casos de assédio”, afirmou Arraes, em comunicado durante a sessão do tribunal.

O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias da Caixa Econômica contra o agora ex-presidente da instituição, Pedro Guimarães.

A abertura da investigação, que está em andamento sob sigilo, foi confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Cinco funcionárias relataram abordagens inapropriadas do presidente do banco. A revelação das denúncias foi feita pelo site Metrópoles na terça-feira, 28.

Arraes afirmou que o episódio merece ser investigado e, se confirmado, punido com todo o rigor. A presidente do TCU classificou o caso como um “sintoma grave” de um problema “muito maior”, traduzido pela ausência de políticas eficazes de prevenção e combate ao assédio nas organizações públicas. “Se formos tratar a situação apenas com olhar punitivo, não resolverá o futuro, apenas o passado”, disse.

Diante desse quadro, Arraes entendeu que o TCU deverá realizar uma ação de controle para avaliar o grau de maturidade dos instrumentos e práticas que a Caixa dispõe para prevenir e punir casos de assédio. “Independente dos casos concretos que eventualmente estejam sendo investigados pelo MPF, creio que é importante a atuação deste tribunal sobre a perspectiva de avaliação e proposta de aprimoramento, o qual deve servir de exemplo a outros setores da sociedade”, afirmou.

Antes de mencionar as acusações contra o ex-CEO da Caixa, Arraes enumerou uma série de dados e pesquisas sobre assédio em ambiente de trabalho, incluindo um trabalho feito pelo TCU com dados da Controladoria-Geral da União (CGU). Segundo a ministra, o documento mostrou que poucos processos disciplinares são instaurados para investigar casos de assédio. “A pequena quantidade de processos disciplinares e os poucos desfechos em que houve aplicação de sanção revelam descompasso com a realidade retratada em pesquisa sobre o tema. De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho, mais de 52% das mulheres economicamente ativas já foram vitimas de assédio sexual no trabalho”, apontou a ministra.

“Entidades de fiscalização superior, como o TCU, não só podem como devem efetivamente atuar para construção de sistema eficaz de prevenção e combate ao assédio nos órgãos e entidades públicas, como vem ocorrendo em outros países”, disse Arraes.

Evento da Caixa

Pedro Guimarães iniciou esta quarta-feira participando, acompanhado de sua esposa, de um evento da Caixa em Brasília, que foi fechado para jornalistas.

Ao falar para a plateia de funcionários, Guimarães disse que tem um relacionamento profissional “pautado pela ética” e não mencionou nenhuma palavra sobre as acusações de assédio das funcionárias da Caixa.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Marco Antônio Lopes

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