Natura (NTCO3) melhora margem na América Latina, mas sofre com impacto da Avon
A Natura (NTCO3) divulgou seu balanço do primeiro trimestre de 2025 mostrando sinais de recuperação na América Latina, mas ainda pressionada pelos custos operacionais e o desempenho fraco da Avon International.

O resultado destaca um lucro líquido ajustado de R$ 264 milhões, apesar do prejuízo contábil de R$ 151 milhões no período. A receita líquida consolidada cresceu 45,8% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 6,7 bilhões — impulsionada sobretudo pelo desempenho da marca Natura nos mercados hispânicos.
Entre os destaques positivos, a margem EBITDA recorrente da operação latino-americana atingiu 15%, beneficiada por maior eficiência nas despesas gerais e administrativas. A margem bruta na região também subiu, alcançando 67,1%, sustentada pelos efeitos positivos da Onda 2.
Em nota oficial, a empresa afirmou: “A Natura &Co Latam evoluiu em sua trajetória de melhora da rentabilidade da Onda 2 e iniciou o ano registrando sólida margem EBITDA recorrente de 15,0% […] enquanto México e Argentina seguiram com a implementação ao longo do trimestre”. A administração reforçou ainda seu foco em simplificação e reestruturação: “Seguimos também avaliando oportunidades estratégicas para a Avon International, incluindo um potencial desinvestimento […] As medidas incluem uma drástica redução no número de funcionários […] além de ações agressivas de corte de custos”.
Natura (NTCO3): margens melhores, mas custos seguem elevados
Segundo a XP Investimentos, os resultados ainda foram considerados “nebulosos”, com uma leve melhora sequencial, mas com a Avon continuando a puxar os indicadores para baixo. “A Natura está reacelerando, mas a Avon continua pressionada”, afirmam Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, em relatório.
A receita líquida na América Latina cresceu 12,2% em moeda constante, com a marca Natura registrando avanço significativo tanto no Brasil (+8%) quanto no restante da região (+38% em moeda constante, ex-Argentina). Por outro lado, a Avon Brasil viu queda de 12% em sua receita no trimestre.
Ainda de acordo com a XP Investimentos, a margem bruta da região melhorou 0,9 ponto percentual na comparação anual, enquanto a margem EBITDA ajustada recuou 60 pontos-base, pressionada por maiores investimentos em marketing e logística. O fluxo de caixa livre da operação latino-americana foi positivo em R$ 185 milhões, mas o consolidado foi negativo em R$ 675 milhões, devido à performance da Avon International.
O BB Investimentos também classificou o trimestre como “misto”, ressaltando o crescimento de receita como positivo, mas destacando que “fatores operacionais e outros referentes à operação da Avon International pressionaram as margens, tanto bruta como EBITDA”. A analista Andréa Aznar apontou que o prejuízo contábil no trimestre, somado à queima de caixa e à incerteza quanto ao futuro da Avon, levou o mercado a penalizar o papel da empresa.
Mesmo com os resultados negativos da Avon e os custos de reestruturação, as ações da empresa acumulavam alta de 6,3% no ano até o dia anterior à divulgação. No entanto, a reação do mercado ao balanço foi dura: o papel despencou quase 30% durante o pregão. Analistas acreditam que o futuro da operação internacional da Avon, ainda incerto, segue como principal fonte de volatilidade.
A Natura (NTCO3) iniciou o ano com melhorias consistentes na América Latina, reforçando sua estratégia de simplificação e rentabilidade, mas a fragilidade da Avon e os custos com reestruturação ainda ofuscam os avanços. Com novas fases da Onda 2 sendo implementadas e um possível desinvestimento da Avon em estudo, os próximos trimestres serão decisivos para consolidar essa virada operacional.