Na Consumer, coronavírus acelerou alta e o “não” ao IFood

As novas regras de distanciamento social impostas pela pandemia do novo coronavírus (covid-19) causaram uma revolução no setor de food service. Se mudanças rápidas e profundas geralmente aterrorizam quem vivencia tal instante, a startup Consumer jura que curte o momento intenso.

Apesar de o setor de food service como um todo ter uma projeção de queda de cerca de 26% no faturamento, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a importância do delivery no faturamento das empresas do setor passou de 18% no ano passado para uma estimativa de 36% em 2020, de acordo com o estudo. Essa alta abriu uma avenida para quem já estava posicionado no mercado, como no caso da Consumer.

A startup, com sede em São José do Rio Preto (SP) e fundada em 2010, oferece serviços online de gestão, além de um marketplace para restaurantes e cardápios digitais. Apesar de não revelar os números concretos, a companhia afirma que graças a alta da demanda por produtos online deve crescer 150% neste ano ante 2019.

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“De uma hora para outra, as empresas se viram obrigados a vender online, como se relacionar com o cliente e o canal de delivery, de venda online, que antes da pandemia era opcional”, disse ao SUNO Notícias, Renato Almeida, CEO da Costumer.

“Nosso serviço de acesso passou de 2 milhões para 12 milhões de pedidos por mês”, afirmou. “Sem ganhar comissão do cliente e só oferecendo tecnologia para concorrer com as demais empresas”, disse Almeida.

A Costumer conta com 60 colaboradores e cerca de 30 mil clientes espalhados pelo Brasil, que pagam a partir de R$ 39,90 por mês para ter acesso a um pacote de recursos.

Não para Ifood e sem medo dos grandes players

Com o aumento da digitalização do setor, os grandes players, com uma pegada digital, como Magazine Luiza e Ambev, compraram empresas do setor. Outros, como Ifood e Rappi, potencializaram suas operações, enquanto o mercado ainda aguarda a chegada de outras companhias, como a B2W, por exemplo.

A chegada desses pesos pesados no setor, contudo, não assusta o CEO da Consumer. Enquanto a Magazine Luiza comprou a startup paranaense de entrega de alimentos ‘AiQFome‘, a Ambev investiu na startup Get In.

“Mesmo com a chegada dos grandes players, continuamos otimistas pois essas empresas com muito dinheiro perdem um pouco de tempo com aquisição, gerenciamento dos novos times, integração, enquanto isso continuamos com uma equipe focada em ofertar as soluções”, disse o CEO.

Agora, de olho nas concorrentes de maior porte, a empresa também anunciou uma parceria com o Google para auxiliar pequenas e médias empresas.

Pelo aplicativo chamado de MenuDino,  o empresário pode, de forma gratuita, criar seu próprio site de delivery e receber os pedidos via WhatsApp -sem taxa de comissão das vendas.

Além de descartar a preocupação, o CEO conta que acabou por rejeitar duas ofertas do Ifood nos últimos anos e crê que possa continuar a concorrer no mercado graças ao foco exclusivo no food service.

Segundo Renato Almeida. o não só foi possível graças a política de não queimar caixa para crescer, que, agora, com a pandemia, só ganhou importância.

“Mesmo há 2 anos, quando o Ifood tentou a primeira aquisição, felizmente, estávamos na contramão de startups que queimam caixa”, completou o CEO.

Consumer prevê manutenção do boom digital

Se os grandes players de varejo e da alimentação estão chegando nesse momento é que, no mínimo, acreditam no potencial do setor.

Para a Consumer, a valorização da marca do restaurante próprio, e a não cobrança de taxa sobre os pedidos traz um diferencial ao serviço de marketplace que a startup oferece e deve manter a demanda digital em alta no curto e médio prazo.

No Ifood, por exemplo, o percentual chega a 30% do valor do pedido.

“Tanto a solução de marketplace e, agora com a reabertura, a de auto atendimento na mesa com o cardápio QR Code, permanecem tendo uma procura enorme também”, disse o CEO.

Grande desafio das startups, dar lucro já não é mais fator de preocupação para a Consumer, segundo Renato Almeida.

“Já rentabilizamos há 10 anos. Tem muitas startups surgindo só buscando market share, mas a pandemia chegou com milhares de clientes nos pagando, em um saudável processo”, disse.

Para continuar gerando caixa, a Consumer prepara agora uma solução para tentar reduzir no piloto em 30% o tempo de entrega de delivery.

“Um pedido chega para a produção e hoje muitos restaurantes não tem inteligência logística. Eles fazem na sequencia e entregam para o motoqueiro”, explicou.

“Então vamos desenvolver uma solução que os pedidos, conforme chegam, são represados nesse software, que começa a fazer uma série de cálculos de proximidade e rotas, e depois já sugere qual a sequencia dos pedidos produzidos e entregues”, disse o CEO da Consumer.

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Vinicius Pereira

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