Mulheres: desemprego é recorde em 2021 e as que trabalham ganham 20% menos

Nesta terça-feira (8), Dia Internacional das Mulheres, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) divulgou que, em 2021, as mulheres ainda ganhavam 19,9% a menos do que os homens no mercado de trabalho. Isso para as que têm oportunidades de trabalho, porque, em termos de desemprego, a taxa entre o público feminino ficou em 16,45%, muito à frente dos 10,71% dos homens.

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Segundo a pesquisa, a disparidade salarial entre homens e mulheres era ainda maior entre as profissionais com mais anos de instrução. No comparativo entre gêneros com o mesmo grau de ensino, as mulheres ganhavam 36,4% menos do que os homens.

O rendimento médio habitual das mulheres foi de R$ 2.255 em 2021, contra R$ 2.815 dos homens. Considerando apenas os trabalhadores ocupados que concluíram o ensino superior, a renda média subia a R$ 6.647 entre os homens, contra um resultado de R$ 4.228 para as mulheres.

“Nas faixas de salários baixos, nós temos menos desigualdade quanto à participação de homens e mulheres, mas, quando você analisa o topo da distribuição (de renda), ele é composto predominantemente por homens”, apontou Janaína Feijó, pesquisadora do Ibre/FGV.

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Elas estão sub-representadas e em cargos que pagam menos

No quarto trimestre de 2021, entre os 10% dos trabalhadores mais bem remunerados, somente 35% eram mulheres, e 65% eram homens. Já entre os 10% com rendimentos mais baixos, 55% eram do sexo feminino e 45%, do masculino.

Janaína explica que uma das razões para essa disparidade salarial é o fato de as mulheres com ensino superior serem maioria em profissões que exigem ensino técnico ou superior, embora tenham remunerações mais baixas. Alguns exemplos são:

  • serviços de informação ao cliente (77,0% eram mulheres, contra 23,0% de homens),
  • técnicos e assistentes veterinários (92,6% de mulheres) e
  • secretários (86,9% de mulheres).

“Nas faixas mais altas de salários, as mulheres passam a estar mais sub-representadas. Além disso, elas estão alocadas em profissões que remuneram menos”, justificou Janaína Feijó.

No entanto, a pesquisadora lembra que há também diferenças salariais significativas mesmo entre os dois gêneros que atuam numa mesma profissão. Elas ainda são minoria em cargos de chefia, por exemplo, citou Janaína.

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Desemprego entre mulheres é recorde em 2021

O mercado de trabalho brasileiro tinha 11,4 milhões de mulheres ocupadas com ensino superior completo e 9,6 milhões de homens com o mesmo grau de instrução em 2021, somando 21 milhões de trabalhadores. Porém, entre os 1,532 milhão de desempregados com ensino superior completo, 576,5 mil eram homens e 956,2 mil, mulheres.

A taxa de desemprego no País desceu de 13,74%, na média de 2020, para 13,20% na média de 2021. A melhora foi exclusivamente puxada pelos homens, cuja taxa de desemprego caiu de 11,82% em 2020 para 10,71% em 2021, ao passo que entre as mulheres houve piora, de 16,26% para 16,45%.

O resultado revela que o público feminino ainda está em uma situação muito crítica no mercado de trabalho, apontou a FGV. Embora a taxa de desemprego das mulheres tenha sido superior à dos homens desde o início da série histórica da Pnad Contínua, em 2012, essa diferença se acentuou em 2021 para o maior patamar já visto: 5,74 pontos porcentuais.

“Esperávamos que a recuperação fosse mais igualitária, e não tem sido. As mulheres ainda estão com um baixo nível de participação (no mercado de trabalho). Temos uma taxa de desemprego muito elevada e o nível de ocupação dos homens é mais alto que o nosso”, disse Feijó.

Para a especialista, os números mostram que ainda há muitos desafios que permanecem nesse cenário pós-pandemia e que a sociedade precisa continuar pensando em como ajudar as mulheres a reverter esse quadro.

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Com informações de Estadão Conteúdo. 

Monique Lima

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