Moody’s altera perspectiva de rating Aaa dos EUA de estável para negativa

A agência de classificação de risco Moody’s modificou a perspectiva do rating Aaa dos Estados Unidos de de estável para negativa nesta sexta-feira (10). Segundo uma das maiores instituições da categoria, essa mudança acontece em razão de “riscos fiscais”, que talvez não sejam mais compensados pelo perfil de crédito americano.

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O corte do rating Aaa dos EUA de emissor de inadimplência a longo prazo e moeda estrangeira (IDR, na sigla em inglês) dos EUA acontece em um contexto de crescente polarização política, assim como um déficit fiscal alto que pode apertar a economia.

Moody’s afirma que os EUA têm ‘formidáveis’ fundamentos de crédito

Ainda que tenha revisado a perspectiva de crédito dos Estados Unidos para negativa, a Moody’s explicou que manteve o rating Aaa por conta dos “formidáveis” fundamentos de crédito no país. Segundo a agência, a maior economia do planeta dispõe de uma forte estrutura institucional e de governança, apoiada em particular por uma política monetária e macroeconômica efetiva.

A instituição destaca que, mesmo com ajustes no setor financeiro para um ambiente de juros mais altos por mais tempo, as autoridades têm facilitado a transição para essa nova realidade de uma maneira transparente e eficiente.

Por outro lado, a Moody’s alerta que o déficit fiscal nos Estados Unidos deve permanecer elevado, de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) no curto prazo a cerca de 8% em 2033. Para o mesmo ano, a expectativa é de que o pagamento de juros em relação à receita suba a 26% em relação a receita e a 4,5% ante o PIB. Já a dívida subirá de 96% do PIB em 2023 a 120% em 2023, afirma a empresa.

Alta dos juros poderá pressionar acessibilidade à dívida americana

A Moody’s alerta que a recente escalada dos juros dos Treasuries deve colocar mais pressão sobre a acessibilidade da dívida americana. Para a agência, o país carece de um “foco institucional” para planejar a sustentabilidade da dívida pública, o que contribui para o quadro preocupante.

A instituição prevê que o rendimento da T-note de 2 anos deve atingir média de 4,5% em 2024 e 4,0% no médio prazo. Pela previsão da empresa, o Federal Reserve (Fed) deve manter os juros elevados por mais tempo.

“A Moody’s espera que o Federal Reserve cumpra finalmente o seu duplo mandato, embora através de um processo que resultará num abrandamento mais pronunciado da demanda e poderá envolver algumas bolsas de tensão no setor bancário no curto prazo”, afirma.

A nota da agência de avaliação de risco ainda aponta que a preocupação com a deterioração da dívida fiscal poderia ser diminuída caso a economia dos EUA enfrente uma “surpresa positiva”, o que desaceleraria a deterioração da dívida. Além disso, o papel central desempenhado pelo dólar e pelos títulos do Tesouro americano, os Treasuries, dá maior capacidade de financiamento ao Governo americano.

Polarização política complica riscos fiscais nos EUA, afirma Moody’s

A Moody’s também alertou que a revisão de rating Aaa levou em consideração a crescente polarização política no Congresso dos Estados Unidos. Segundo a agência, o cenário exacerba os riscos fiscais, em um fenômeno que tende a limitar a capacidade das autoridades de lidar com a deterioração da sustentabilidade da dívida pública.

Entre os fatores que compõem esse cenário de divisões, a agência cita recentes impasses em relação ao teto da dívida, a deposição do presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, a dificuldade em encontrar um sucesso para o republicano e as ameaças de uma nova paralisação das atividades do governo.

No comunicado em que informa revisão da perspectiva do rating Aaa dos EUA para negativa, a Moody’s afirma que a polarização deve continuar. “Como resultado, parece extremamente difícil construir um consenso político em torno de um plano plurianual abrangente e crível para deter e reverter o aumento dos déficits fiscais através de medidas que aumentem as receitas do governo ou reformem as despesas com direitos”, ressalta.

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Standard and Poor’s e Fitch Ratings também revisam EUA e empresas

O mesmo movimento foi observado de outras agências de classificação de risco recentemente. A Standard and Poor’s reduziu o rating dos Estados Unidos pela primeira vez em 2011, após o impasse do teto da dívida, e atualmente é AA+. Neste ano, a agência cortou o rating de bancos americanos como Associated Banc-Corp, Valley National Bancorp, UMB Financial Corp, Comerica Bank, Keycorp, S&T Bank e River City Bank em razão das dificuldades com resgates de capital e altas taxas de juros.

A Fitch Ratings também cortou a nota dos Estados Unidos de AAA para AA+ após o mais recente debate sobre o teto da dívida, em agosto deste ano.

Com informações de Estadão Conteúdo.

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Camila Paim

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