Mobly (MBLY3) aumenta prejuízo em 135% mesmo com alta de vendas

A Mobly (MBLY3) registrou um prejuízo de R$ 25,491 milhões no primeiro trimestre de 2021, em balanço divulgado nesta segunda-feira (10), ainda que tenha contado com aumento na base de clientes e no volume de vendas. A justificativa para o aumento de 134,9% do prejuízo em comparação com o mesmo período do ano anterior foram despesas não recorrentes relacionadas à abertura de capital da empresa.

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A variável pesou em R$15,2 milhões no balanço e, sem ela, a Mobly estaria com prejuízo 5% menor, explica o balanço. A estreia na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) ocorreu em fevereiro deste ano, com forte alta no pregão e um montante de R$ 812 milhões levantados pela companhia.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 13,548 milhões negativos, ante o resultado negativo de R$ 1,012 milhão registrado um anos antes.

A companhia encerrou o primeiro trimestre com uma receita líquida de R$ 168,985 milhões, 48,6% acima do mesmo período de 2020. A mudança de quase 50% é em decorrência do maior investimento em marketing e pelo Difal ICMS, explica a varejista. A Mobly também atribui às maiores despesas com marketing uma parte do efeito visto no EBITDA.

O Difal é a diferença de alíquota do ICMS que reparte a arrecadação entre os estados. A Mobly ingressou com ação contra as unidades federativas, considerando que o tema mudou em 2015 e estava em voga no Supremo Tribunal Federal (STF), que posteriormente deu veredito pró-contribuinte. Até que uma nova lei seja implementada, a Mobly não irá mais pagar o Difal.

Já o Lucro bruto da companhia apresentou uma alta de 55% em relação ao primeiro trimestre de 2020, saindo de R$ 45,477 milhões para R$ 70,477 milhões, seguindo a alta no volume de vendas (GMV).

O GMV da varejista de móveis subude R$ 163,260 milhões para R$ 245,985 milhões, representando um crescimento de 50,7% ao longo de um ano.

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A alta, segundo o documento da companhia, é fruto do crescimento do varejo físico e online simultaneamente. No balanço, é destacada a escalada da base de clientes, que se consolida em 1,027 milhão de usuários ativos. Em 2013, a Mobly tinha pouco mais de 100 mil ativos, batendo meio milhão de clientes em 2018.

Empresa apresenta média de novos 128 mil clientes ativos ao ano. Foto: Divulgação Mobly
Empresa apresenta média de novos 128 mil clientes ativos ao ano. Foto: Divulgação Mobly

Assim, a companhia apresenta um crescimento constante e expressivo, de cerca de 128 mil clientes ao ano. O pico foi justamente durante a pandemia, considerando que a varejista teve uma alta de cerca de 335 mil clientes desde março do ano passado.

“Temos alcançado um crescimento substancial na nossa plataforma de e-commerce. Essa base de clientes ativos se tornou ainda mais familiarizada com o nosso site, gerando benefícios recorrentes”, destaca a Mobly.

Vale ressaltar que a companhia ficou de 15 de março até 12 de abril com as lojas físicas fechadas em decorrência de restrições governamentais em meio à pandemia.

Foto: Divulgação Mobly
Foto: Divulgação Mobly

Despesas têm variação de 75%

Com um aumento de 75,3% nas despesas operacionais, a companhia viu um crescimento de R$ 52,19 milhões para R$ 91,474 milhões do primeiro trimestre de 2020 para este último trimestre.

As despesas comerciais tiveram alta de R$ 39,679 milhões para R$ 62,170 milhões (56,7%), enquanto o maio crescimento relativo é visto nas despesas administrativas.

No segmento, a alta foi de 147,6%, com um montante que saiu de R$ 12,375 milhões para R$ 30,637 milhões entre os dois períodos de cada ano.

Goldman Sachs recomenda compra

O relatório da Goldman Sachs ressalta um balanço de resultados da Mobly foi “amplamente alinhado com as expectativas”, ressaltando que a companhia segue focada na ampliação de lojas físicas e centros de distribuição.

“A Mobly reportou resultados dentro das expectativas, com receita líquida e EBITDA em consenso com a Bloomberg. Seguimos com a recomendação de compra, pois vemos a empresa bem posicionada no mercado em um ambiente que mantém uma transformação online acelerada”, diz o documento.

Próximos passos

Logo no início do balanço, a mensagem da diretoria é de ressaltar a liderança da varejista no seu âmbito. “Nos mantemos sendo a plataforma de Home & Living líder no Brasil, onde somos o aplicativo de comércio pure play de Móveis e Decoração com maior número de downloads nas categorias Shopping e Home & Living nas plataformas App Store e Google Play, respectivamente, com uma base de aproximadamente 345 mil usuários ativos”, diz a Mobly.

Contudo, ante o cenário de mais de 130% de alta no prejuízo, a companhia mira um tripé formado por melhoria das margens brutas, redução dos custos logísticos e foco no consumidor.

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O enfoque na comunicação omnichannel (uso simultâneo e interligado de diferentes canais de comunicação) deve ser mantido, simultâneo a um incremento no portfólio e maior controle da cadeia de valor no sistema de logística.

A companhia também mira uma expansão na logística própria, com melhora do serviço (Mobly Log) em locais como Belo Horizonte, mas também com abertura de novos armazéns, em Barueri e Pernambuco.

Papéis da Mobly operam em queda

Os resultados, que demonstram prejuízo de R$ 25,4 milhões, mantiveram a tendência de queda nas ações da companhia, com intradia de -0,30%, representando um preço de R$ 19,77 por ação ordinária.

A companhia já segue uma queda constante e expressiva, com acumulado de -5,5% na semana e -24,5% no acumulado de 30 dias.

Atualmente, o EV/EBITDA da Mobly é de -44,73, com uma dívida líquida de 14,3x Ebitda.

 

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Eduardo Vargas

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