Por que a Microsoft investiu US$ 7,5 bi em videogames

Quando em meados de 2020 a Microsoft (NASDAQ: MSFT) decidiu investir US$ 7,5 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões) em dinheiro no setor de videogames, em muito, no mercado da tecnologia, ficaram surpresos.

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A compra da ZeniMax Media  por parte da Microsoft foi uma operação que a indústria de videogame nunca tinha visto.

Em termos de comparação, o Facebook (NASDAQ: FB) pagou US$ um bilhão quando comprou o Instagram, enquanto a LVMH, holding que controla a Louis Vuitton, comprou a Dior por US$ 6,8 bilhões, ou a Audi comprou a Ducati por cerca de US$ 860 milhões.

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Essa foi a segunda maior aquisição no setor dos videogames, depois da compra da Supercell por parte da Tencent.

Para quem não sabe, a Tencent sozinha ganha quase o mesmo no mercado dos games do que a Sony e a Microsoft juntas.

ZeniMax Media foi uma das aquisições mais importantes do grupo fundado por Bill Gates.

Quando a Microsoft comprou a Nokia, em 2013, pagou US$ 5 bilhões. E quando comprou o Minecraft pagou US$ 2,5 bilhões. A mesma quantia desembolsada para Github e Skype. Somente o Linkedin sozinho custou quatro vezes mais.

O que é a Zenimax Media?

A Zenimax Media é uma holding que controla várias casas de games. A mais famosa das quais é Bethesda Softworks.

Mas também fazem parte da família:

  • id Software,
  • ZeniMax Online Studios,
  • Arkane,
  • MachineGames,
  • Tango Gameworks,
  • Alpha Dog
  • Roundhouse Studios.

Essas marcas são as responsáveis por séries de sucesso, como The Elder Scrolls, Fallout, Wolfenstein, Doom, Dishonored, Prey, Quake e Starfield.

Se você não conhece esses títulos, pergunte ao seu filho. Alguns deles fazem parte da história dos videogames.

Microsoft no setor dos games há vinte anos

A Microsoft está no setor de videogames há vinte anos. A divisão de games fechará o ano fiscal com um faturamento de US$ 2,5 bilhões, mais da metade dos quais obtidos graças ao boom de vendas durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19).

Hoje é um item pequeno no balanço da gigante dos softwares, mas é entre os mais dinâmicos nas demonstrações financeiras.

No início, porém, nem mesmo a Microsoft acreditou no setor. Quando Steve Ballmer era CEO da empresa, com Bill Gates já fora do comando, a Microsoft tinha outras lógicas.

Desde o início, no começo dos anos 2000, havia rumores de aquisições importantes, como a Nintendo ou a Sega. Nenhuma saiu do papel.

E isso foi apenas um dos problemas da empresa no setor de videogames.

Quem acompanhou o lançamento do Xbox lembra muito bem dos erros de comunicação, entre outros.

Tanto que em vez de conquistar o mercado de games, a Xbox ficou atrás de outras plataformas, como a Playstation 3, Wii e Playstation 4.

Nos últimos anos, houve até boatos de que toda a Microsoft havia perdido o interesse por esse mercado.

Satya Nadella, o novo homem no comando, que substituiu Balmer, nunca expressou oficialmente um apreço particular por esse setor.

Entretanto, não é que o novo CEO não gostasse de videogames. Ele não gostava das regras desta indústria. Então decidiu mudá-las.

A operação da Zenimax se encaixa neste sentido. Esse foi o culminar de uma revolução que a Microsoft está trazendo para todo o setor.

Uma revolução que começou com o Game Pass, uma assinatura estilo Netflix. E que passou por um acordo com o rival Playstation para fornecer infraestrutura do Azure.

Em seguida, foi lançado o serviço de streaming de jogos Xcloud. A ideia de Nadella é um videogame “delivery”, líquido e aberto como os softwares da família Office ou a própria nuvem Azure.

Conteúdo e serviços não relacionados a hardware específicos, transmitidos pela Internet para hospedagem em todas as plataformas disponíveis.

Uma filosofia parecida ao do Google, com o serviço de streaming Stadia, e a da Amazon, com o Luna, uma plataforma também na nuvem para hospedar a oferta dos produtores de games.

Nenhum deles tem certeza de ter o setor em mãos. O Google Stadia, por exemplo, provou ser um meio-fracasso e está procurando um relançamento comercial.

Mas o que eles estão fazendo é uma verdadeira revolução, que muda as regras do jogo, principalmente para quem até ontem trabalhava com videogames em DVD com o objetivo de vender o maior número de consoles.

Quem vencerá a guerra dos videogames?

A guerra dos videogames está mudando de forma e substância.

Se há dez anos atrás o mercado movia-se com games com orçamentos milionários, hoje esse caminho parece cada vez menos sustentável.

A integração software-hardware que fez a fortuna da Apple em computadores e smartphones pode não funcionar mais no setor dos games.

O mercado de videogames para smartphones é tão bom quanto o de consoles e PCs juntos.

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O streaming, a possibilidade de oferecer jogos ao vivo pela internet, como assinaturas da Netflix, hoje é uma peça do futuro dessa indústria. E já começa a afetar os modelos de distribuição e consumo de videogames.

No caso da Microsoft, ela vai contar com 2.300 pessoas da ZeniMax Media que entram na equipe após essa fusão. Mas isso também tem um custo. E se a gigante não conseguir ganhar pelo menos uma batalha dessa guerra contra a Sony ou a Nintendo, alguém vai ter que explicar isso tudo para os acionistas.

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Carlo Cauti

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