Quem é Meng Wanzhou, a mulher mais poderosa da tecnologia chinêsa

Meng Wanzhou, a diretora financeira da fabricante de tecnologia chinesa Huawei foi presa em Vancouver, no Canadá.

A diretora da Huawei foi detida pelas autoridades canadenses a pedido da justiça dos Estados Unidos. Ela é acusada de ter violado sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos contra o Irã.

O caso gerou uma crise diplomática entre China, EUA e Canadá. Isso porque Meng é uma das mulheres mais poderosas do país asiático. A executiva é herdeira de um império tecnologico criado pelo pai, Ren Zhengfei, fundador da Huawei. Empresa onde Meng exerce a vice-presidência.

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A Huawei é a maior fabricante de equipamentos de telecomunicações da China e a segunda maior fabricante de smartphones do mundo. A empresa chinesa ultrapassou a Apple este ano.

Formada na Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, Meng, 46 anos e uma vida extremamente reservada, entrou na Huawei em 1993. A executiva é cotada para substituir o pai na liderança da empresa. Um colosso que, todavia, agora tem o risco de ser atingido por um tsunami político e judiciário.

Fundada na cidade de Shenzhen em 1987, a Huawei é o símbolo do que a China aspira ser: um produtor de telefonia que ao longo dos anos conseguiu passar de telefones de baixo custo para a fronteira da inovação.

Hoje a empresa é líder global no desenvolvimento do 5G, a nova tecnologia de transmissão da telefonia móvel. Por isso, a empresa é também o símbolo do que os Estados Unidos temem: que Pequim possa dar um grande salto e desafiar sua supremacia no setor tecnológico.

Dessa forma, a Huawei foi banida dos contratos públicos dos EUA (e também dos aliados Austrália e Nova Zelândia) por questões de segurança nacional. A suspeita é que seus dispositivos possam ser usados pelo governo chinês para ataques hackers ou roubo de dados.

Ainda não há provas que isso aconteceu no passado. Entretanto, um dos elementos frequentemente citados como evidência é a obscura estrutura corporativa da Huawei.

O fundador e controlador, Ren Zhengfei, é um ex-engenheiro do Exército Popular de Libertação da China. Ao longo dos anos, a empresa teve uma liderança “coletiva”, que inclui uma rotação dos principais executivos.

Em março passado, Huawei lançou uma complexa reestruturação do grupo, na qual Ren deixou o cargo de vice-presidente para assumir o cargo de CEO, enquanto sua filha Meng juntou o cargo de vice-presidente ao de diretor financeiro.

Uma reorganização que os analistas tiveram dificuldade em interpretar, e que alguns leram como uma preparação da sucessão de Ren.

Nos últimos anos, Meng trabalhou nos bastidores para racionalizar a estrutura financeira da Huawei. E se a sucessão ao pai fosse confirmada seria o caso de uma das pouquíssimas mulheres na liderança de um gigante da tecnologia global.

Uma empresa que, além de suas enormes dimensões, tem uma relevância estratégica para o governo chinês. E que por isso se torna um fácil alvo de disputas internacionais.

A crise diplomática gerada pela prisão de Meng chega no momento em que os Estados Unidos e a China estabeleceram uma trégua na guerra comercial em andamento. Washington e Pequim concordaram em três meses de tempo para encontrar um acordo que, com o incidente envolvendo a herdeira da Huawei, se tornou muito mais difícil de alcançar.

Carlo Cauti

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