Magazine Luiza (MGLU3) cai 67% e é maior baixa do 1º semestre; entenda o que houve

Seguindo a tendência de pessimismo com o varejo por causa do cenário macroeconômico, as três maiores baixas da bolsa brasileira no primeiro semestre de 2022 foram de companhias do segmento – sendo a ação do Magazine Luiza (MGLU3) a maior delas, com 67,5% de retração desde o início do ano.

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Além das ações do Magazine Luiza, concorrentes com a Americanas (AMER3) e a Via (VIIA3) também sangram na bolsa, com baixas de 57% e 62%, respectivamente.

O cenário sofre impactos, em grande parte, do ciclo de alta de juros e da inflação ainda em dois dígitos, penalizando o consumo de bens duráveis.

Além disso, a entrada de players estrangeiros, como a Shoppee, acirrou ainda mais a concorrência no setor – que, por sua vez, tem margens financeiras mais apertadas.

Em relatório publicado recentemente, os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, da XP, apontam que “a inflação tem se mostrado mais persistente do que originalmente imaginávamos”.

“Dessa forma, temos visto uma forte redução do poder de compra do brasileiro o que, aliado a um cenário de forte alta de juros, se traduz em uma demanda altamente fragilizada para bens de consumo, especialmente os discricionários e de preço médio mais alto. Nesse sentido, bens duráveis acabam sendo fortemente penalizados, sendo essa categoria uma das mais relevantes para todos os players de ecommerce, principalmente Magalu e Via”, diz o parecer da corretora.

Esse é um dos quatro pontos citados no parecer da XP sobre o varejo; veja os demais:

  • Deterioração macroeconômica
  • Aumento do custo de capital
  • Aumento da competição
  • Mudança do foco do mercado

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Além dessa piora no macro, os analistas citam que a Selic vem, cada vez mais, descolando das metas do Banco Central (BC).

“Esse forte aumento não só desmotiva o consumo por tornar o financiamento cada vez mais caro, como também é um desafio para os preços das ações, uma vez que o custo de capital das companhias também aumenta, impactando negativamente o valor dessas companhias. Nesse caso, as empresas de e-commerce sofrem ainda mais por serem papéis com fortes perspectivas de crescimento e, portanto, concentrando grande parte do seu valor em fluxos de caixa mais longos”, analisa.

Em termos de competitividade, os especialistas apontam que a entrada de concorrentes como o Mercado Livre (MELI34) aumenta diretamente o custo de aquisição do cliente (CAC) das companhias como o Magazine Luiza.

“Apesar de termos visto uma racionalização do setor em busca de rentabilidade, principalmente através do aumento das taxas de comissões compradas em seus marketplaces, ainda há desafios de rentabilidade por conta do aumento de competição por marketing”, apontam.

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Por fim, o cenário de mercado, diz a XP, mostra investidores buscando companhias mais sólidas e com geração de caixa – decisões tomadas a fim de evitar riscos e rentabilidades baixas por conta do cenário turbulento nas bolsas mundiais, especialmente após a alta de juros nos EUA.

“Frente à deterioração macroeconômica, vimos uma mudança no foco dos investidores, agora priorizando lucratividade e geração de caixa a crescimento e, portanto, analisando o valuation das companhias sob a ótica de múltiplo Preço/Lucro normalizado em vez de EV/GMV”, conclui a análise.

Confira as 5 maiores quedas da B3 no primeiro semestre:

  • Magazine Luiza: -67,59%
  • Mélliuz: – 66,67%
  • Via: – 63,43%
  • Locaweb (LWSA3): -57,29%
  • Americanas: -56,39%

Veja também as 5 maiores altas do Ibovespa no período:

  • Cielo (CIEL3): +65,54%
  • Eletrobras PN (ELET6): +47,04%
  • Eletrobras ON (ELET3): +40,88%
  • Hypera (HYPE3): + 36,61%
  • BB Seguridade (BBSE3): +30,07%

Veja as recomendações da XP para Via, Americanas e Magazine Luiza

O time de equity research da XP, atualmente, mantém recomendações neutras para as três companhias citadas na matéria. O preço alvo é de R$ 7 para VIIA3 e R$ 40 para AMER3 – cotações que representariam uma valorização de cerca de 234% e 197%, respectivamente.

Já para o Magazine Luiza, a meta é de R$ 12, alta de cerca de 400% em relação ao preço atual. Nos seus relatórios, os analistas apontam ‘alto risco e volatilidade’ para os papéis citando os múltiplos, mesmo com as quedas recentes.

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Eduardo Vargas

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