Sinergia entre setores faz Magazine Luiza “estourar teto”

Após divulgar resultados surpreendentemente positivos, a rede varejista de eletrônicos e móveis Magazine Luiza (MGLU3) levantou uma série de dúvidas no mercado. Afinal, qual é o teto para a companhia?

Especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias dizem que, depois desses resultados, o Magazine Luiza furou a precificação antiga e, agora, deve continuar a ganhar valor de mercado.

O principal fator para isso é a sinergia entre todos os níveis em que opera.

“Em questão de competição no setor, o diferencial do Magazine Luiza é uma junção entre uma marca forte, logística, tecnologia aliada a presença física e gestão. Juntando tudo, é difícil achar concorrente que possa bater de frente”, disse Luis Sales, analista da Guide.

As vendas totais, incluindo lojas físicas, e-commerce tradicional e marketplace cresceram 46,9% para R$ 6,8 bilhões, reflexo do aumento de 96,0% no e-commerce total e 19,0% nas lojas físicas.

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“Vale destacar a performance das 126 lojas inauguradas nos últimos 12 meses, com vendas acima das expectativas, elevando o crescimento total das lojas físicas em 9,6 p.p”, disse a empresa, em balanço.

Dois fatores se demonstram chaves para a conversão de compra: custo e prazo. O uso de lojas físicas ajuda nestas duas, já que oferece opções como o “retirar na loja”, por exemplo, o que diminui prazos e reduz custos de distribuição.

“A Magalu liderou esse movimento de multicanalidade, e o fato de sua ampla rede de lojas físicas sempre ter sido integrada ao online foi um aspecto importante. Além disso, a cultura de transformação digital e tecnologia que a empresa construiu nos últimos anos também contribuiu para isso”, disse Mariana Vergueiro, analista da XP.

Esse diferencial competitivo do Magazine Luiza fica ainda mais evidente quando um paralelo com os principais concorrentes do setor é traçado. Nenhuma mantém uma plataforma multicanal tão completa.

Segundo uma fonte com conhecimento no assunto, mesmo a Amazon pode ter dificuldades no país. A gigante do varejo americana que, recentemente, aumentou a presença no Brasil, pode sofrer por não ter presença física -fator relevante para aumentar as vendas online.

“A Amazon tem tecnologia, mas não presença física e também dificuldades logísticas por enquanto”, disse.

Já a Via Varejo, por exemplo, peca na presença online, enquanto que a B2W enfrenta dificuldades na gestão das marcas que opera. Isso, portanto, deixaria o caminho ainda mais livre para o crescimento do Magazine Luiza.

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E-commerce continua a crescer

Não à toa, o bom resultado da companhia está intrinsecamente ligada a internet.

No terceiro trimestre, o Magazine Luiza registrou lucro líquido de R$ 235,1 milhões, valor correspondente a uma alta de 96,7% na comparação com o mesmo período no ano anterior.

O resultado foi puxado pelas vendas pelo e-commerce, que saltaram 96% em relação ao trimestre imediatamente anterior, sendo responsáveis por 48% de tudo que foi comercializado pela varejista.

Saiba mais: Magazine Luiza tem avanço de 96,7% no lucro líquido no 3T19

“O resultado como um todo é expressivo graças a internet. Mas, sabemos que atualmente, para você ter resultado nesse quesito, é necessário uma presença física forte e até isso o Magazine Luiza casa bem. Essa sinergia também dá as caras por aqui”, disse Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Corretora.

Magazine Luiza fortalecerá investimentos

Não bastassem os resultados positivos recém anunciados, o Magazine Luiza anunciou ainda que fará uma oferta pública de distribuição primária e secundária de 90 milhões de ações ordinárias, que pode levantar até R$ 5,2 bilhões.

O montante pode dar ainda mais fôlego à companhia para financiar os focos de operação que vêm dando certo.

“Esta nova emissão trará dinheiro para fortalecer ainda mais a empresa”, disse Galdi.

Segundo o comunicado, o montante será utilizado para financiar marketplace, investimentos em tecnologia, inovação, pesquisa e desenvolvimento, automação dos centros de distribuição, iniciativas em serviços digitais, expansão de novas categorias, abertura de novas lojas.

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E, além do fortalecimento da operação, ainda há a previsão de entrega futura dos resultados da Netshoes, que foi adquirida pelo Magazine Luiza, e já surpreendeu o mercado.

“[O resultado foi] parcialmente suportado pelo fato de a Netshoes ter finalizado o trimestre próximo ao equilíbrio de margem EBITDA, enquanto a nossa expectativa era de um resultado negativo em R$ 13 milhões”, disse a XP, em nota.

Portanto, é de se esperar que o Magazine Luiza ainda surpreenda o mercado com outros resultados positivos.

“Embora a empresa já estivesse em uma posição de balanço sólida, acreditamos que o capital a ser potencialmente levantado por meio da oferta primária deve fortalecer o contínuo ganho de participação de mercado e o crescimento acelerado, por mais tempo que o esperado.”, disse Mariana Vergueiro, da XP.

Para o investidor, contudo, apesar de toda euforia do mercado em relação ao papel, toda a cautela é necessária.

“Do lado do investidor, é necessário cautela em relação ao valor do papel, que pode sofrer variações mesmo com resultados consistentes”, alertou Pedro Galdi, da Mirae Asset.

Vinicius Pereira

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