Bolsonaro mantém viagem à Rússia apesar de ameaça de guerra; veja análise

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste sábado (12) que está confirmada a viagem da delegação brasileira à Rússia, a partir da próxima segunda-feira (14), apesar da iminência de conflito militar armado no leste europeu.

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Após entrevista ao ex-governador do Rio de Janeiro e apresentador, Anthony Garotinho, na Rádio Tupi, Bolsonaro afirmou pelas redes sociais que decolará para o Oriente na segunda-feira e deve retornar ao Brasil no próximo fim de semana. Apesar do fuso, está mantida a tradicional live que faz às quintas-feiras.

A viagem, marcada antes da possibilidade de conflito no leste europeu, acontece, segundo Bolsonaro, a convite do presidente russo, Valdimir Putin.

“O Brasil depende de grande parte de fertilizantes da Rússia e da Bielorrússia”, afirmou o presidente brasileiro. “Levaremos também um grupo de ministros para tratarmos de outros assuntos que interessam aos nossos países como a energia, defesa, e agricultura”, disse após entrevista ao programa.

Segundo agenda do presidente, Bolsonaro deve chegar à Rússia na terça-feira e se reunir com o presidente Vladimir Putin, na quarta. Na semana passada, Putin esteve reunido com o presidente francês, Emmanuel Macron, que tentou acalmar a situação tensa entre Moscou e a Ucrânia.

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Viagem de Bolsonaro acontece em meio a conflito

Nas últimas semanas, as tensões entre a Rússia e a Ucrânia tem aumentado exponencialmente. O principal motivo é a perspectiva de a Ucrânia ingressar na aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Segundo o presidente russo, Vladimir Putin, a iniciativa colocaria mísseis americanos na fronteira imediata da Rússia e, por isso, tem prometido invadir o país europeu caso as conversas sigam em frente. Atualmente, o país da Otan mais ao leste é a Turquia.

Ontem, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que a Rússia pode lançar uma invasão à Ucrânia a qualquer momento, após ter mobilizado mais tropas na fronteira com o país.

De acordo com Bolsonaro: “A gente pede a Deus que reine a paz no mundo para o bem de todos nós”.

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O que dizem os especialistas

Mario Braga, analista sênior da Control Risks, avalia que a viagem de Bolsonaro à Rússia não deve ser interpretada, necessariamente, como apoio brasileiro a Putin.

“Mas obviamente, no contexto da diplomacia brasileira uma visita de chefe de Estado é deferência à legitimidade do país ou líder visitado, no caso o Putin. Então, de certa forma, o Brasil se colocou um um contexto bem delicado”, destacou ao Suno Notícias.

Segundo Braga, “se Bolsonaro estiver na Rússia no desenrolar da crise, ele pode gerar expectativas por parte do Putin e da diplomacia russa de que o Brasil ou apoie ou defenda a Rússia”. “E por outro lado, haverá expectativa dos EUA e do Ocidente de que o Brasil apoie ou siga as sanções que devem ser impostas.”

Para o analista, a posição coloca o País em “uma sinuca de bico”, uma vez que o Brasil integra o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1º de janeiro, como membro não-permanente pelo 11º mandato.

Segundo Braga, o cenário para o Brasil é de desgaste, seja com o Ocidente, seja com o Oriente, e atualmente é muito improvável que o Brasil consiga se colocar como alternativa às potências globais e, na atual situação, proponha uma saída diplomática ao conflito, como fez nas negociações nucleares com o Irã.

Por outro lado, o analista também descarta um alinhamento com a Ucrânia pela via ideológica, defendida no início do governo. Principal razão é que esta ala perdeu força no governo Bolsonaro com a saída do então ministro da Educação, Abraham Weintraub, ou do ex-chanceler Ernesto Araújo.

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Pedro Caramuru

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