IRB Brasil (IRBR3) deve sofrer “sequelas dolorosas”, diz carta da Squadra

A Squadra Investimentos divulgou uma carta reafirmando sua aposta em queda das ações [short] do IRB Brasil Resseguros (IRBR3). De acordo com a gestora, a nova administração do ressegurador tem tomado decisões voltadas para o crescimento ao invés de “encolher e reestruturar”.

“O IRB hoje se tornou uma empresa em que aproximadamente dois terços dos riscos retidos vêm do segmento internacional, um portfólio construído com incentivo integralmente voltado para crescimento”, escreveu a gestora de investimentos na carta.

Essa á e terceira carta da Squadra falando sobre problemas na IRB este ano. Em fevereiro, a gestora questionou a rentabilidade apresentada pelo ressegurador. Os documentos desencadearam uma série de eventos na empresa que culminaram com a troca da gestão e o aumento de capital.

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Na nova carta a Squadra reconhece “toda estratégia, números e contratos anteriores ao momento que assumiram”. No entanto, disse que estudou as demonstrações contábeis e está “ciente das dificuldades de uma revisão completa em curto espaço de tempo”.

“Quando analisamos o balanço atual, ainda nos chama a atenção fatores que apontamos em nossa análise, como os montantes elevados de prêmios ganhos não caixa e de recebíveis referente a prêmios estimados, créditos a receber de centenas de milhões de reais reconhecidos originalmente como expectativas de salvados e ressarcimentos e o alto volume de créditos fiscais decorrentes de prejuízos acumulados, sobretudo aqueles advindos da sucursal de Londres, desativada há mais de 30 anos”.


Segundo o documento, considerando o preço da última cotação das ações (R$ 8,21) e o aumento de capital de mais de R$ 2 bilhões, a empresa negocia a 1,8 vez seu patrimônio líquido.

Além disso, a gestora apontou que a administração do ressegurador sinalizou que “reavaliações sobre as práticas da gestão anterior ainda estão em curso”, mas afirma que decisões do passado “deixarão sequelas dolorosas”.

IRB Brasil alterou números analisados pela Squadra, diz jornal

O IRB Brasil mudou alguns números que foram pertinentes na análise da gestora Squadra sobre o tratamento dado pela companhia a provisões. As informações são do jornal “Valor Econômico” e foram publicadas em março deste ano.

A análise de dados sobre “salvados e ressarcidos” é um dos primeiros pontos mudados pelo IRB. Em 2019, a reguladora Susep começou a requerer que companhias separassem, na publicação de “salvados e ressarcidos”, o valores que são expectativa de recebimento dos que são um direito líquido.

Os “salvados e ressarcidos” são referentes a seguinte questão: quando uma seguradora paga um sinistro, ela tem como conseguir de volta parte desse valor. Se um veículo foi batido e teve perda total, por exemplo, depois que foi pago o sinistro, a seguradora pode vender o que restou da lataria para um ferro-velho e, assim, terá um valor “salvado”. Por outro lado, ela pode responsabilizar a pessoa que causou o acidente e o valor que for proveniente disso será o “ressarcimento”.

O IRB inseriu, pela primeira vez em seu balanço, um valor de R$ 614 milhões referente aos direitos líquidos e certos de salvados e ressarcidos (lado ativo do balanço), que a resseguradora estima que receberá em um período de 3 a 4 anos. O valor chega muito perto dos R$ 605 milhões que a Squadra tinha encontrado na Susep para expectativa de salvados e ressarcidos do IRB, que fazem parte do lado passivo do balanço, e representava 30% da provisão de sinistros a liquidar (PSL).

Na carta da Squadra, a gestora informou que a PSL é a provisão para pagamento de sinistros de montante mais importante nas empresas do setor de resseguros .O IRB diz que, mesmo com mais de 80 anos de existência no mercado, ainda busca melhorar sua transparência sobre dados financeiros.

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Poliana Santos

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