IPCA acelera 0,96% em julho, puxado por energia elétrica; em 12 meses já soma 8,99%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou sua alta no último mês. De acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, 10, a variação em julho alcançou 0,96%, ante 0,53% em junho.

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Trata-se do maior resultado para o mês desde 2002, quando o indicador subiu 1,19%. Em julho de 2020, o IPCA registrou alta de 0,36%.

Com isso, a inflação oficial do país acumula alta de 4,76% no ano e de 8,99% nos últimos 12 meses. A última vez que a taxa acumulou uma alta tão substancial foi em maio de 2016, quando somou 9,32%.

Os valores vieram ligeiramente acima do esperado pelos especialistas. De acordo com pesquisa da Reuters, a alta do IPCA seria de 0,94% na comparação com junho e de 8,98% em relação a julho de 2020.

Em relatório, o IBGE esclarece que a maior pressão da inflação veio do aumento da energia elétrica, que acelerou de 1,95% em junho para 7,88% no mês passado.

“A bandeira tarifária vermelha patamar 2 vigorou nos meses de junho e julho. Contudo, a partir de 1º de julho, houve reajuste de 52% no valor adicional dessa bandeira tarifária, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos. Antes, o acréscimo era de R$ 6,243”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

O que pesou no IPCA de julho

Com a alta da energia elétrica, o grupo habitação foi o de maior impacto no índice geral (0,48 p.p.) e também o de maior variação (3,10%). Porém, outros itens afetaram a variação total da inflação no grupo, como os aumentos nos preços do gás de botijão (4,17%) e no gás encanado (0,48%).

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Além da habitação, outros sete grupos de produtos e serviços pesquisados para o IPCA tiveram aumento de preços em julho, os principais são:

  • Transportes, cujos preços subiram 1,52% em julho ante alta de 0,41% em junho;
  • Artigos de residência, com aumento de 1,09% nos preços, após subir 0,78% em junho, e;
  • Despesas Pessoais, que saiu de uma alta de 0,29% em junho para 0,45% no mês passado.

Somente Saúde e Cuidados Pessoais registrou queda na variação de preços no mês passado. Diminuiu 0,65% frente a alta de 0,51% em junho.

Em Transportes, o que mais pesou no indicador de inflação foi o aumento das passagens aéreas, que subiram 35,22% após cair 5,57% em junho. O impacto no IPCA foi de 0,10 p.p.. Outro destaque do setor ficou com o custo de transporte por aplicativo, em 9,31%.

O que pensam os especialistas?

Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a dinâmica da inflação do País segue muito ruim e demanda atenção dos comandantes da política monetária.

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“Preliminarmente não observamos nenhuma mudança estrutural que promoverá grandes modificações na previsão de 6,8% para esse ano”, indica o especialista.

Nesta semana, o relatório Focus do Banco Central indicou um IPCA de 6,88% ao final de 2021. Comparado ao acumulado de 12 meses divulgado pelo IBGE hoje, a distância é de 2,11 pontos percentuais.

Além de distância entre a inflação real e a previsão dos analistas para o final do ano, os números se afastam ainda mais do que era a expectativa do Conselho Monetário Nacional (CMN), que colocou como meta para 2021 uma inflação de 3,75%, com teto da meta em 5,25%.

Na ata de sua última reunião, divulgada nesta terça, o Copom avaliou que a inflação ao consumidor medida pelo IPCA se mostra “persistente”. Com isso, indicaram uma nova alta de 1 p.p. no juro básico da economia em sua próxima reunião, marcada para 21 e 22 de setembro.

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Monique Lima

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