Inflação: Itaú (ITUB4) reduz expectativa do IPCA 2022 por ciclo de desinflação mais longo

Analistas do banco Itaú Unibanco (ITUB4) reduziram a projeção para o índice oficial de inflação, o IPCA, de 2022 de 5,5% para 5,3%, diferença de 0,2 ponto percentual, após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central apontar um período mais longo de se esperava de aumento da taxa de juros.

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Segundo o relatório, a melhora do quadro hidrológico, com peso no custo da energia elétrica, e o cenário de serviços devem compensar a alta dos preços dos alimentos por conta do atual cenário de commodities agrícolas.

O banco também reduziu a expectativa da taxa oficial da inflação brasileira de 2023 em 0,2 p.p., de 3,5% para 3,3%.

Melhora da atividade econômica não altera tendência de enfraquecimento

Apesar da surpresa positiva da atividade industrial em dezembro, que teve avanço de 2,9% ante o mês anterior, o relatório, assinado pelo economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, destaca que a tendência para a economia brasileira é de enfraquecimento.

Principal vilã é a alta da Selic, que sobe a fim de combater o avanço da inflação – prevista para ficar acima da meta em 2022 pelo segundo ano consecutivo.

“Acreditamos que a tendência de queda na demanda por bens industriais se consolidará adiante devido, principalmente, ao cenário de juros elevados e recuo nas concessões de crédito. O setor automobilístico é a exceção, pois os estoques ainda estão em níveis historicamente baixos e a produção tem espaço para crescer”, avalia.

“Mas os primeiros dados do setor de janeiro mostram um cenário mais negativo, já que o licenciamento de veículos (Fenabrave), a produção de veículos (Anfavea) e as importações de componentes eletrônicos para o setor todos recuaram. Nossa visão preliminar é de queda na produção industrial em janeiro”, completa.

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O banco mantém as projeções para o PIB brasileiro para 2021, 2022 e 2023, em 4,4%, -0,5% e 1,0%, respectivamente.

Para o primeiro trimestre de 2022, o banco espera alta de 0,4% em relação ao período anterior por causa da expectativa de crescimento da agropecuária. O setor também deve impactar as expectativas de inflação, por conta do comportamento de itens indexados ou inerciais, como a soja e o milho.

Já a queda do PIB em 2022 se justifica pelo impacto dos juros elevados no consumo, com reflexos perceptíveis para as concessões de crédito habitacional e a pessoas físicas. Para o banco, o índice de desemprego deve encerrar 2021 em 11,7%  e subir a 13,1% ao fim deste ano.

Cenário fiscal traz riscos para a inflação

No cenário fiscal, o Itaú aponta uma piora do resultado primário em 2022, de déficit de 0,8%, R$ 75 bilhões, para déficit de 1,0% do PIB, R$ 90 bilhões, e o de 2023, de déficit de 1,1%, R$ 110 bilhões, para déficit de 1,3% do PIB, R$ 125 bilhões.

Entre as explicações, Mesquita aponta que estão aumentando os riscos atrelados à implementação de medidas que acarretem uma nova piora fiscal.

“Diante de uma inflação ainda persistentemente elevada, há uma pressão crescente por reajustes generalizados a servidores públicos e por iniciativas de redução de tributos, como os incidentes sobre produtos industrializados e combustíveis, além do reajuste da tabela de imposto de renda de pessoa física“, avalia o especialista.

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“O impacto fiscal depende do escopo e formato das medidas, mas dificultaria ainda mais a convergência para um resultado fiscal estruturalmente equilibrado”, completa.

Para a instituição, a dívida pública deve subir para 84% do PIB em 2022 e 87% do PIB em 2023. “A alta do endividamento, em meio a juros elevados, crescimento baixo e indefinição do arcabouço fiscal, sugere riscos maiores de retorno a uma trajetória fiscal insustentável à frente.”

Neste ano, além dos riscos mencionados, o aumento de gastos nos estados e municípios, o menor montante de receitas extraordinárias no governo central, o processo de redução da inflação e a piora do crescimento “provocam um retorno aos déficits primários, após o superávit de 0,8% do PIB em 2021”.

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Pedro Caramuru

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