Inflação nos EUA desacelera em abril; especialistas explicam como investir

A inflação nos Estados Unidos mostrou nova desaceleração em abril, com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subindo 0,2% no mês. Na comparação anual, o avanço foi de 2,3%. Essa é a terceira leitura mensal consecutiva abaixo das expectativas do mercado, reforçando a percepção de que o processo de desinflação está em curso. Em resposta, o Federal Reserve (Fed) manteve os juros no patamar atual, adotando uma postura de cautela. Especialistas comentam que a diversificação de carteira e escolha de ativos mais como ouro e renda fixa americana são interessantes neste panorama econômico.

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Mesmo com os dados mais amenos, o cenário segue longe de ser resolvido. A economia americana ainda carrega sinais de resiliência, sobretudo no setor de serviços, e enfrenta pressões externas como o impacto fiscal das tarifas comerciais recém-impostas sobre produtos chineses.

A resistência inflacionária nos serviços, em especial em moradia e aluguéis, é um dos fatores que explicam a postura conservadora do Fed, que segue atento ao mercado de trabalho e à evolução da inflação subjacente.

Além disso, o risco de novas medidas protecionistas — como as tarifas comerciais anunciadas por Donald Trump — pode reacender a pressão inflacionária nos próximos meses, afetando diretamente cadeias produtivas e custos industriais. O efeito dessas tarifas tende a se manifestar de forma defasada, à medida que estoques forem consumidos e novos preços forem repassados.

Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, observa que essas novas tarifas “tendem a gerar pressões inflacionárias adicionais nos próximos meses, ao encarecer produtos importados e insumos industriais […] Esse cenário agrava os desafios para empresas e consumidores, podendo comprometer a retomada do consumo e dos investimentos.”

A economista Laura Junqueira, da AZ Quest, reforça a leitura técnica: “Apesar da leve aceleração em relação a março, o CPI de abril veio abaixo do esperado […] O núcleo da inflação continua mostrando uma tendência de desaceleração gradual, o que deixa o Fed um pouco mais confortável […] Mas o componente de moradia ainda pressiona os serviços, o que deve manter a autoridade monetária em modo de espera.”

Ela destaca que o núcleo segue em 2,3%, ainda acima da meta do Fed, o que limita o espaço para cortes imediatos nos juros.

Estratégias de investimento no radar

Com a combinação de inflação mais moderada, política monetária rígida e riscos comerciais no horizonte, o cenário favorece a busca por ativos mais defensivos e diversificação geográfica nas carteiras de investimento.

Para os especialistas da Investo, esse ambiente de incerteza global torna ainda mais relevante a exposição a ETFs internacionais e a ativos com menor correlação com o ciclo econômico. “A manutenção dos juros pelo Fed sugere um ambiente de cautela, o que pode beneficiar ETFs mais defensivos, como aqueles atrelados à renda fixa americana, como o USDB11”, afirmam.

A diversificação por meio de ETFs internacionais também é apontada como uma estratégia eficaz para proteger o portfólio contra a volatilidade cambial e os choques domésticos. “ETFs internacionais proporcionam acesso a mercados desenvolvidos e proteção cambial, sendo uma alternativa eficiente para compor carteiras de longo prazo”, destaca a gestora.

Entre os ativos de proteção, o ouro tem se destacado. A Investo lembra que o metal acumula alta de quase 30% em 2025, refletindo seu papel histórico como reserva de valor em momentos de instabilidade. O ETF GLDX11 — único no Brasil com lastro em barras de ouro — facilita o acesso dos investidores a essa exposição.

O ambiente econômico americano parece caminhar em direção a uma desaceleração gradual, com sinais mistos entre consumo, emprego e inflação.

O cenário exige atenção redobrada a dados futuros — principalmente sobre o mercado de trabalho —, que devem ser determinantes para as próximas decisões do Fed. Enquanto isso, a combinação entre prudência e diversificação segue como o caminho mais indicado pelos especialistas.

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Maíra Telles

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