Ibovespa cai 1,01%, descolado de NY, e recua na semana; Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) fecham o dia em queda

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (2) em baixa de 1,01%, aos 127.182,25 pontos. A mínima diária foi de 126.627,88 pontos, enquanto a máxima de 128.878,43 pontos. Na semana, o desempenho do índice de ações foi de -1,38%. Assim, no ano, as perdas do Ibovespa chegam agora a 5,22%, com baixa de 0,45% no agregado das duas primeiras sessões de fevereiro. O volume financeiro somou R$ 23,7 bilhões neste pregão.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/05/Lead-Magnet-1420x240-1.png

O Ibovespa hoje se descolou do desempenho positivo das Bolsas de Nova York.

  • Dow Jones: +0,35%, aos 38.654,62 pontos;
  • S&P500: +1,07%, aos 4.958,59 pontos;
  • Nasdaq: +1,74%, aos 15.628,95 pontos.

Entre os papéis de maior peso no índice, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) tiveram queda de 1,18% hoje (2) e alta de 2,80% na semana, enquanto as ações ordinárias (PETR3) caíram 1,44% neste pregão e subiram 0,91% nesta semana. Já a Vale (VALE3) caiu 2,03% hoje e 4,92% na semana.

Em relatório mensal sobre a Bolsa brasileira em janeiro – intervalo em que o Ibovespa cedeu 4,79% ante as máximas históricas do fim de dezembro -, o head de research da Guide Investimentos, Fernando Siqueira, aponta que “a queda só não foi maior por conta de alguns nomes com peso elevado no índice, como Petrobras, Ultrapar (UGPA3) e Banco do Brasil (BBAS3), que apresentaram alta no mês”.

Piora na perspectiva de corte de juros ao redor do mundo

“Empresas menores e cíclicas tiveram queda muito maior do que a do Ibovespa. Acreditamos que a queda reflete a piora nas perspectivas de corte de juros ao redor do mundo, particularmente nos EUA (e também uma expectativa pouco realista de cortes implícita nos preços anteriormente)”, acrescenta o relatório.

“O fluxo de investidores estrangeiros ficou negativo no mês, refletindo esta deterioração marginal no cenário”, acrescenta Siqueira, referindo-se também ao fato de as taxas de juros de mercado terem apresentado alta sensível em janeiro, “o que favoreceu empresas de valor – como produtores de commodities e bancos – e pressionou as de crescimento – como saúde, educação, e-commerce”. “A alta de juros favoreceu a fuga de investidores estrangeiros: após uma entrada grande de recursos externos em novembro e dezembro, janeiro foi marcado por resgates na B3.”

Principal divulgação na agenda desta sexta-feira, o payroll de janeiro nos Estados Unidos contém ruídos e não pode ser lido como um relatório de empregos forte, segundo o economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman. Ainda assim, joga um “balde de água fria” quanto a março como possível começo da flexibilização monetária por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), acrescenta o economista, relata de Nova York a correspondente Aline Bronzati, do Broadcast.

A probabilidade de a taxa de juros ser mantida pelo Federal Reserve foi reforçada para março com a rodada de dados divulgados nesta sexta-feira nos EUA – ontem, estava em 62% e subiu hoje para 79,5%. Os indicadores mexeram ainda com as apostas para maio, com crescimento da chance de o patamar também seguir inalterado, ainda que a chance de início do alívio continue como o desfecho mais provável para a reunião do quinto mês do ano – hoje, possibilidade de corte estimada em 71,2%, ante 93,8% no quadro que prevalecia ontem para maio, de acordo com dados da CME.

A especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, Daniely Holanda, destacou algumas das maiores movimentações do Ibovespa, incluindo Gerdau (GGBR4), Azul (AZUL4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) nessa análise.

A alta das ações da Gerdau, por exemplo, se deu após o banco Goldman Sachs elevar a sua recomendação para os papéis de neutra para compra, o que também impactou positivamente as ações de sua Holding (GOAU4).

Já a valorização das ações da Azul acontece depois do banco BTG Pactual elevar a recomendação para compra no papel AZUL4, acreditando em uma menor concorrência no mercado interno em razão do pedido de reestruturação da Gol (GOLL4).

Algumas das maiores quedas do Ibovespa hoje foram Cogna (COGN3), Locaweb (LWSA3) e MRV (MRVE3), que são ações de setores mais sensíveis aos juros que, por sua vez, tem forte impacto com o resultado do payroll anunciado hoje (2) e que veio muito acima das expectativas.

No caso das ações da Cogna, a queda acontece após o BTG Pactual rebaixar a recomendação para venda nos papéis negociados sob o ticker COGN3.

O dia também foi de queda para as ações do Magazine Luiza (MGLU3), que recuaram 4,37%, assim como Casas Bahia (BHIA3), com -6,01%.

Maiores altas do Ibovespa hoje

  • Azul (AZUL4): +3,62%
  • Gerdau (GGBR4): +2,38%
  • Metalúrgica Gerdau (GOAU4): +1,52%
  • Carrefour (CRFB3): +1,39%
  • Eztec (EZTC3): +1,24%

Maiores quedas do Ibovespa hoje

  • Cogna (COGN3): -6,94%
  • Casas Bahia (BHIA3): -6,01%
  • PetroReconcavo (RECV3): -4,77%
  • Magazine Luiza (MGLU3): -4,37%
  • Locaweb (LWSA3): -3,96%

Na semana, as principais quedas foram das ações de Casas Bahia, que recuaram 17,24%, e Cogna, que caiu 11,55%. O destaque positivo foi do Grupo Soma (SOMA3), que saltou 11,22%.

Maiores altas da semana

  • Grupo Soma (SOMA3): +10,94%
  • Arezzo (ARZZ3): +8,44%
  • Petrobras PN (PETR4): +2,68%
  • Totvs (TOTS3): +2,59%
  • Telefônica (VIVT3): +2,36%

Maiores quedas da semana

  • Casas Bahia (BHIA3): -17,24%
  • Cogna (COGN3): -11,55%
  • PetroReconcavo (RECV3): -7,85%
  • Petz (PETZ3): -7,65%
  • Prio (PRIO3): -7,09%

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Conforme destaca Daniely Holanda, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, o Ibovespa hoje virou para queda, operando próximo aos 127 mil pontos, depois do resultado do payroll dos Estados Unidos, que surpreendeu o mercado.

A bolsa de valores hoje começou o dia aguardando a notícia do resultado do payroll dos Estados Unidos. O consenso de mercado projetava uma alta de 187 mil novos empregos não-agrícolas, mas o resultado superou as expectativas, encerrando o mês com a criação de 353 mil novos empregos, quase o dobro do esperado.

“O payroll, divulgado na primeira sexta-feira de cada mês, é um importante relatório que traz o dado da variação do número de pessoas empregadas no país, desconsiderando o setor agrícola, abrangendo cerca de 80% dos postos de trabalho da economia norte-americana. Devido a sua importância, esse resultado atrai a atenção do mercado de capitais, pois é um forte indicador de como anda a saúde da economia desse país”, explicou a especialista.

A movimentação de alta do dólar hoje também refletiu os resultados do payroll, considerando os números mais expressivos que foram mostrados, cerca de 90% superior ao consenso de mercado.

Nesse sentido, o dólar à vista encerrou o dia com uma valorização de 1,07%, cotado a R$ 4,9683, chegando a bater a máxima diária de R$ 4,9763. Na semana, o avanço da moeda dos EUA foi de 1,17%.

“Na minha visão, o movimento de alta dos DIs segue o mesmo motivo da alta do dólar. O dado traz a incerteza no início da redução da taxa de juros, pois, o mercado se mostrando ainda aquecido, reforça a possibilidade de manutenção dos juros pelo Fed, trazendo a incerteza também para a nossa taxa futura de juros”, conclui a especialista.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou o pregão de ontem (1º) em alta 0,57%, aos 128.481,02 pontos.

Com Estadão Conteúdo

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

João Vitor Jacintho

Compartilhe sua opinião