Fed azeda sessão e Ibovespa cai pela 12ª vez seguida, em inédita série negativa; Petrobras (PETR4) sobe e Eletrobras (ELET3) tomba

O Ibovespa fechou a sessão de hoje (16) com uma desvalorização de 0,50%, aos 115.591,52 pontos. A mínima do dia foi de 115.533,58 pontos, enquanto a máxima foi de 117.337,65 pontos. O volume financeiro foi de R$ 48,8 bilhões.

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Parecia que a série negativa do Ibovespa chegaria a termo nesta quarta-feira mesmo com a cautela que se impôs à tarde em Nova York, onde os principais índices de ações se firmaram em baixa e acentuaram perdas na sessão, em resposta a sinais hawkish sobre a política monetária dos Estados Unidos notados na ata da mais recente decisão do BC norte-americano sobre juros, divulgada às 15 horas (de Brasília). Depois das 16 horas, contudo, o Ibovespa não resistiu à piora do sentimento no exterior e devolveu os ganhos moderados vistos mais cedo, encadeando assim a 12ª perda diária, algo não visto desde 1970, de acordo com o AE Dados.

O Ibovespa iguala agora o feito do intervalo de 26 de maio a 11 de junho de 1970, há mais de 53 anos, quando também cedeu por 12 sessões seguidas.

Na semana, o Ibovespa recua 2,10% e, no mês, recua 5,21%, limitando o avanço no ano a 5,34%.

Além disso, o índice performou em linha com as Bolsas de NY, que também fecharam o dia em baixa.

  • Dow Jones: -0,52%, aos 34.765,64 pontos;
  • S&P500: -0,76%, aos 4.404,27 pontos;
  • Nasdaq: -1,15%, aos 13.474,63 pontos.

O dólar à vista ficou próximo a estabilidade, com ligeira queda de 0,01%, a 4,9864, após chegar próximo aos R$ 5 na máxima do dia.

O fechamento abaixo dos 116 mil pontos, agora o menor nível de encerramento para o Ibovespa desde 7 de junho, então aos 115.488,16 pontos, abre caminho para o prolongamento da correção em curso, com o índice da B3 ainda sem o gosto de ganhos no mês após ter encerrado julho bem perto dos 122 mil pontos. A região dos 116 mil pontos era considerada uma referência de suporte importante que, uma vez rompida, poderia levar o Ibovespa ainda mais para baixo, em direção aos 110,5 mil pontos.

O IRB (IRBR3) liderou as altas após disparar 11,86%, seguido pelas empresas de varejo Magazine Luiza (MGLU3), com +7,22%, e Via (VIIA3), com +5,92%.

Por outro lado, Natura (NTCO3) tombou 8,90%, seguida por Hapvida (HAPV3) e Alpargatas (ALPA4), que caíram 5,78% e 4,98%, respectivamente.

Entre as companhias de peso no Ibovespa, Petrobras teve alta de 2,20% nas ações preferenciais (PETR4) e de 2,95% nas ações ordinárias (PETR3). Vale (VALE3), por sua vez, recuou 0,39%.

A Eletrobras (ELET3) caiu 3,56%. Nesta quarta, o procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu no Supremo Tribunal Federal (STF) o aumento do poder de voto da União na Eletrobras. Ele sugeriu, no entanto, que seja aberta a possibilidade de acordo entre as partes.

Fed azeda sessão do Ibovespa

O documento do Federal Reserve destacou que os dirigentes da instituição consideram “fundamental” que a taxa de juros dos Estados Unidos permaneça em nível restritivo até a inflação retornar à meta de 2% ao ano, no médio prazo. Apesar do recado, e da reação vista nos preços do petróleo, em queda em torno de 2% na sessão, Petrobras puxava então, pelo peso que possui no índice, recuperação parcial do Ibovespa nesta quarta-feira, com a ON ainda em alta de 2,95% e a PN, de 2,20%, no fechamento.

No dia seguinte ao anúncio, pela estatal, de aumento nos preços da gasolina e do diesel nas refinarias, válido a partir desta quarta-feira, o sinal negativo para WTI e Brent na sessão não deixou de ser benéfico para as ações da Petrobras, na medida em que contribui, também, para reduzir a defasagem entre os preços domésticos e as cotações internacionais da commodity. Mas Petrobras, sozinha, não fez o verão, e o Ibovespa acabou recuando.

Até a piora no fim da tarde, a recuperação desta quarta vinha sendo “muito condicionada por preço dos ativos, especialmente no setor de commodities”, mas a perspectiva à frente ainda é “nebulosa”, com “muitos fatores de incerteza ainda no horizonte, externo como também doméstico”, observa Gustavo Harada, líder da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos.

“Além de toda incerteza em relação à economia chinesa, com efeito direto sobre as commodities, há ainda atenção ao fiscal no plano doméstico, com a expectativa para a votação do arcabouço, e também para a proposta de Orçamento de 2024. E, nos Estados Unidos, há também a questão dos juros e o efeito sobre a economia e as empresas, com um nível de endividamento que pode vir a ser um fator de preocupação, tendo em vista o atual nível de precificação dos ativos em Bolsa, ainda esticados”, acrescenta Harada.

“A ata do Fed veio um pouco mais hawkish, na medida em que eles entendem que mais uma alta de juros pode ser ainda necessária. Por outro lado, mostra também que alguns dirigentes já tinham pensado em parar na última decisão, pelo efeito defasado da alta de juros sobre a economia. O que vai definir qual das pontas está certa são os dados, e haverá novas leituras de inflação ao consumidor, ao produtor e também sobre o mercado de trabalho até lá setembro, quando o Fed volta a deliberar sobre os juros. A ata de hoje ainda deixa em aberto os próximos passos do BC americano”, diz Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.

“A ata trouxe muitos detalhes sobre o desenrolar do cenário econômico por lá, e os diretores do Fed estão vendo ainda riscos de alta na inflação, inclusive eles citam, no documento, a possibilidade de aperto adicional nos juros para garantir a convergência da inflação para a meta, o que representaria risco de queda adicional para a atividade econômica”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. “A primeira leitura do mercado foi de aperto adicional nos juros americanos. Mas depois, o mercado voltou a reduzir, um pouquinho, essa possibilidade. Vão continuar acompanhando inflação e dados sobre o mercado de trabalho”, conclui a economista.

Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, o Ibovespa hoje virou para queda e seguiu o “mau humor” das bolsas de valores dos Estados Unidos, depois da divulgação da ata do Fomc.

Nessa ata, os membros reforçaram a tese de que a inflação dos preços ao consumidor acumulada em 1 ano continua elevada, o que deve adiar o fim do ciclo de alta do Federal Reserve. Isso acentuou a queda dos mercados. A Petrobras (PETR4) avançou hoje em meio à repercussão do reajuste dos combustíveis.

Entre os destaques de alta do Ibovespa, IRB (IRBR3) liderou os ganhos depois que o Citi elevou a recomendação do papel, que passou de venda para neutro.

Outro destaque de alta foi a Sabesp (SBSP3), que avançou depois de publicado o Decreto 67.880, que poderá facilitar o processo de privatização da companhia.

Além disso, as companhias do setor de educação como Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) também avançaram após aprovação da Câmara de um aporte de R$ 500 milhões da União ao fundo do FIES.

Entre as principais baixas do Ibovespa hoje, a Natura (NTCO3) liderou as perdas em meio a um movimento de realização de lucros.

A Weg (WEGE3) também ficou entre as maiores baixas depois que a XP Investimentos rebaixou a recomendação da ação para neutra com a perspectiva de que a empresa desacelere a receita.

Enquanto isso, a Hapvida (HAPV3) também caiu hoje depois do leilão da Bain Capital, que vendeu 3% da empresa.

“Temos também um movimento de queda nos juros futuros com uma correção após diversas altas dos últimos dias com nossos juros seguindo a alta das treasuries americanas”, destacou Louzada.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira (15) em queda de 0,55% aos 116.171,42 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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