Ibovespa fecha em queda com tombo de 10% da Petrobras (PETR4) e cai na semana; Banco do Brasil (BBAS3) também recua. Dólar sobe

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (8) em baixa de 0,99%, aos 127.070,79 pontos. A mínima diária foi de 125.802,48 pontos, enquanto a máxima foi de 128.338,33 pontos. Na semana, o índice apresentou uma perda de 1,63%, após ter cedido 0,18% no intervalo anterior. No mês, o índice recua 1,51% e, no ano, perde 5,30%.

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O volume financeiro diário somou R$ 32,8 bilhões, dos quais R$ 8,35 bilhões foram no papel PETR4 e R$ 2,99 bilhões da ação PETR3.

O Ibovespa terminou em linha com as Bolsas de Nova York, que fecharam o dia em queda.

  • Dow Jones: -0,18%, aos 38.723,28 pontos;
  • S&P500: -0,65%, aos 5.123,70 pontos;
  • Nasdaq: -1,16%, aos 16.085,11 pontos.

A queda do Ibovespa hoje teve como grande protagonista o forte recuo das ações da Petrobras (PETR4), que encerraram o dia em baixa de aproximadamente 10%, tanto para ações ordinárias quanto preferenciais.

A queda da Petrobras no Ibovespa acontece depois que a empresa divulgou somente a distribuição dos dividendos regulares. A companhia não anunciou o pagamento de dividendos extraordinários, conforme era esperado.

Na mínima diária, os papéis preferenciais da Petrobras atingiram R$ 35,10, com queda de até 13,1%, enquanto as ações ordinárias alcançaram a cotação de R$ 35,47, com baixa de até 14%. Com isso, a companhia perdeu R$ 72,7 bilhões de seu valor de mercado.

Para Max Bohm, estrategista da Nomos, além da diminuição dos dividendos que serão distribuídos em 2024, essa queda também acontece diante dos resultados da Petrobras, que vieram abaixo do esperado pelo mercado.

Apesar de a Petrobras ser o grande destaque negativo do dia, as ações da Vale (VALE3) também caíram, diante da baixa do minério de ferro lá fora.

Para o especialista, a queda da Petrobras fez com que os investidores migrassem capital para outras empresas do setor, entre elas PetroRecôncavo (RECV3), 3R Petroleum (RRRP3) e Prio (PRIO3), que ficaram no top 5 entre as maiores altas do Ibovespa hoje.

Foi um dia positivo para grandes bancos – Itaú (ITUB4)+0,92%, Bradesco (BBDC4) +0,58%, Santander (SANB11) +0,99%)e parte do setor metálico, como CSN (CSNA3 +2,90%). Vale (VALE3), por sua vez, caiu 0,77%.

“O dia foi bastante agitado, com o Ibovespa já iniciando em queda de quase 2% e cedendo 2 mil pontos. Mas conseguiu reduzir as perdas ao longo da tarde, ficando em torno de 1%. Com o movimento negativo gerado em Petrobras, outra estatal importante, Banco do Brasil (BBAS3), também acabou pagando o pato”, diz Nilson Marcelo, analista quantitativo da CM Capital, referindo-se ao temor de ingerência do governo em empresas de economia mista, em momento no qual o mercado aguardava distribuição de dividendo extraordinário pela Petrobras – que não veio. Assim, na contramão dos ‘peers’, Banco do Brasil ON fechou o dia em baixa de 0,98%.

Por que a Petrobras perdeu tanto com o anúncio de dividendos?

“Na Bolsa de Nova York, antes da abertura da B3 e dos negócios à vista em NY, as ADRs American Depositary Receipts da Petrobras já caíam entre 12% e 13%. No balanço da noite de ontem, houve queda nas receitas de vendas da empresa no quarto trimestre, de 15,3% frente ao mesmo período do ano anterior, com preço da commodity levemente menor em valores médios, trazendo efeito às receitas do diesel e da gasolina. Essa diminuição da receita de vendas se propagou pelos resultados da Petrobras, de forma que o lucro líquido para os acionistas ficou 28,4% menor na comparação entre os últimos trimestres de 2023 e de 2022″, diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.

“A distribuição de R$ 14,2 bilhões em dividendos indicada pela empresa contempla proventos ordinários, mas não os extraordinários, que eram muito aguardados especialmente pelos acionistas minoritários. O restante que poderia ser distribuído – ou seja, R$ 43,9 bilhões – deve ser encaminhado para formação de reservas legais e estatutárias, e, quem sabe, pode ser até utilizado no futuro para a distribuição de proventos”, acrescenta o analista da Toro. “Mas esses recursos podem também ser reservados para outros investimentos, como os relacionados à energia renovável, que o próprio presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, mencionou algumas semanas atrás.”

“Fica então a dúvida, o temor do mercado, sobre essa retenção de caixa na companhia que poderia ser distribuído aos acionistas. Fica a dúvida se pode gerar o retorno mínimo requerido pelos investidores, ou se haverá destruição de valor para os acionistas”, conclui Serra.

No quadro macro, a retomada de um aspecto doméstico, que vinha em segundo plano frente à atenção dedicada à trajetória dos juros americanos, contribuiu também para acentuar a percepção de risco nesta véspera de fim de semana: novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no sentido de transformar aumento de arrecadação em mais gasto público. Assim, além das questões atinentes à Petrobras e à gestão das estatais de forma mais ampla, o dólar à vista subiu hoje 0,96%, a R$ 4,9811, enquanto os juros futuros mostraram elevação em diferentes vértices, com destaque para os vencimentos de janeiro de 2027 e de 2029.

“Dá pra dizer que 90% da queda do Ibovespa vieram hoje de Petrobras, e se considerarmos outros papéis, mantém-se a dinâmica das últimas semanas, muito aderente aos balanços, com o mercado respondendo agora mais ao micro do que ao macro, sem desdobramentos novos quanto a cortes de juros do Federal Reserve”, diz Felipe Moura, analista da Finacap Investimentos, observando que o quadro macro, no momento, ainda é “pouco direcional” para a Bolsa.

Dessa forma, o mercado está um pouco mais conservador quanto ao desempenho das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 37,50% disseram esperar alta e outros 37,50%, queda para o Ibovespa na próxima semana, enquanto 25% acreditam em estabilidade. No levantamento anterior, as respostas de queda e de variação neutra tinham, cada, 25,00%, e 50,00% previam avanço.

Maiores altas do Ibovespa

  • Dexco (DXCO3): +6,77%
  • Petz (PETZ3): +4,76%
  • 3R Petroleum (RRRP3): +4,28%
  • PetroRecôncavo (RECV3): +3,14%
  • Prio (PRIO3): +3,11%

Maiores quedas do Ibovespa

  • Petrobras ON (PETR3): -10,37%
  • Petrobras PN (PETR4): -9,14%
  • Fleury (FLRY3): -1,98%
  • Grupo Vamos (VAMO3): -1,91%
  • Cogna (COGN3): -1,84%

Maiores altas da semana

  • BRF (BRFS3): +12,31%
  • IRB (IRBR3): +10,28%
  • Natura (NTCO3): +5,78%
  • Hapvida (HAPV3): +4,30%
  • Yduqs (YDUQ3): +3,75%

Maiores quedas da semana

  • Casas Bahia (BHIA3): -16,56%
  • Petrobras ON (PETR3): -10,26%
  • Vibra (VBBR3): -10,04%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): -9,28%
  • Petrobras PN (PETR4): -8,66%

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou a sessão de ontem (7) em queda de 0,43%, aos 128.339.76 pontos.

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João Vitor Jacintho

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